OS DIAS MINGUAM, AS HORAS REPETEM-SE A UMA VELOCIDADE SEM FREIO!

sábado, 14 de março de 2015

A CRIAÇÃO E SUA HISTÓRIA

Esplendores da criação
Para compreendermos a História Sagrada, ou seja, a narração baseada na Sagrada Escritura dos principais fatos ocorridos com o homem, desde quando foi criado até a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, consideremos inicialmente a Criação. Seres visíveis e invisíveis
Contemplando o céu numa noite estrelada, ficamos maravilhados. E as miríades de corpos celestes que vemos - mais luar_noite..jpgnumerosos que todos os grãos de areia existentes nas praias dos mares -- são minerais, os quais pertencem à categoria mais baixa entre todos os seres criados por Deus. Pois em graus superiores estão os vegetais, os animais e os homens. Todos esses são seres visíveis; acima deles o Altíssimo criou seres invisíveis: os anjos.
O universo foi criado por Deus a partir do nada; essa é uma verdade de Fé fundamentada na primeira frase da Sagrada Escritura: "No princípio, Deus criou o céu e a terra" (Gn 1, 1). Criar significa "dar existência a um ser do qual todos os elementos constitutivos não existiam anteriormente. Um pintor não cria, pois não dá existência à tela, nem à tinta, nem aos outros elementos constitutivos de seu quadro. Sua ação se limita a confeccionar com meios preexistentes um ser novo, que é o quadro"1.
O Altíssimo sustenta todas as criaturas, como ensina São Paulo: "Ele existe antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem n'Ele" (Cl 1, 17). E transcende os seres criados, pois "está acima de todas as suas obras" (Eclo 43, 30). É o único Ser necessário; todos os outros são contingentes, ou seja, poderiam não existir.
 
Graus da Criação
Deus fez o mundo para refletir suas perfeições, que são infinitas. Ele não poderia criar apenas um ser, por mais perfeito que fosse, pois toda criatura é limitada. Por isso, criou múltiplos seres. Não só múltiplos, mas também diferentes; porque se iguais somente poderiam representar uma qualidade de Deus. É o que ensina o São Tomás de Aquino.
Além de múltiplas e diferentes, as criaturas estão dispostas no universo numa hierarquia. Ensina o Catecismo da Igreja Católica (n. 342): "A hierarquia das criaturas é expressa pela ordem dos ‘ seis dias', que vai do menos perfeito ao mais perfeito".
Há entre os seres três diferentes ordens: a natural, a sobrenatural e a hipostática.
Na ordem natural, Deus dispôs a criação em cinco planos, em graus crescentes de perfeição: minerais, vegetais, animais, os homens e os anjos.
A ordem sobrenatural é constituída fundamentalmente pela graça, "participação criada da natureza incriada de Deus"
Por fim existe a ordem hipostática, ou seja, a união da natureza humana com a natureza divina, formando uma Pessoa divina: Nosso Senhor Jesus Cristo. Em Sua natureza humana, Cristo é uma criatura.
 
Beleza das criaturas
Conforme o Catecismo da Igreja Católica (n. 319), "Deus criou o mundo para manifestar e para comunicar sua glória. Que suas criaturas participem de sua verdade, de sua bondade e de sua beleza, é a glória para a qual Deus as criou".
Consideremos alguns aspectos da beleza existentes nas criaturas, que são reflexos da Beleza do Criador. Assim, seguiremos o conselho do Profeta Isaías: "Publicai em toda a terra suas grandes maravilhas" (12, 5); conhecendo,POR DO SOL (1).jpgamando e louvando a Deus, criador dessas pulcritudes, estaremos glorificando-O.
Há hierarquia de belezas: alguns seres são mais pulcros do que outros. Evoquemos tão somente alguns seres do mundo visível.
Entre os minerais, as pedras preciosas nos encantam, sobretudo por suas cores: o vermelho do rubi, o azul da safira, o verde da esmeralda, o dourado do topázio.
Quanto ao reino vegetal, as flores, por suas formas, coloridos, perfumes, glorificam a Deus. Existe uma espécie de rosa chamada "gloria Dei" (glória de Deus), elaborada na França, considerada a melhor até hoje produzida. Suas pétalas são douradas, apresentando cor rósea nas bordas.
Voltando nossos olhos para o reino animal, perguntamos: Pode haver ave mais bela que o pavão? Alguns povos chegaram a considerá-la ave do paraíso. Na Índia, cujo povo é muito propenso ao maravilhoso, o pavão é considerado ave nacional.
No gênero humano, a pulcritude mais importante é a da alma. O santo possui beleza de alma; em todos seus pensamentos, desejos e atos ele tem somente em vista a glória de Deus.
Disse Nosso Senhor: "Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5, 48). Trata-se de um preceito e não apenas de um conselho. Assim, todos devemos visar a suma beleza de nossas almas, ou seja, a santidade, e dessa forma glorificarmos a Deus. Isso somente o conseguiremos pela graça divina, que nos é concedida pelo Criador através da Virgem Maria.
 
Por Paulo Francisco Martos
Fonte: Arautos

quinta-feira, 12 de março de 2015

O HUMANO PARA ALÉM DO TEMPO

O que há de humano no tempo pós-humano que se está a forjar?
Há uma guerra de gigantes de que não se fala, porque não dá espectáculo, não faz mortos em campos de guerra, não tem câmaras de televisão por diante. É a guerra pelo controlo do desenvolvimento da inteligência artificial. No entanto, o seu controlo absoluto por parte de algumas poderosas multinacionais, deixa-nos profundas inquietações sobre o nosso presente e sobre o nosso futuro imediato.
É preciso reabrir em permanência, com determinação e persistência, a questão do rumo que a sociedade de hoje está a seguir.
Vivemos mergulhados numa economia em que 1% da humanidade detém mais de metade da riqueza mundial, segundo o Global Wealth Report 2014. Há cerca de 200 milhões de desempregados no mundo, sendo 75 milhões deles menores de 25 anos, além de 839 milhões de trabalhadores que vivem com menos de 2 dólares por dia, segundo a Organização Internacional do Trabalho.
Os Estados nacionais, enfrentando várias dificuldades, com sérios problemas de dívidas públicas e de défices e a braços com quedas demográficas enormes e com um crescente envelhecimento da população, parecem estar desfocados de algumas questões fulcrais sobre o presente e o futuro da humanidade.
Gigantes como a Google, a Apple, a Alibaba, o Facebook e a Amazon que investem cada vez mais em empresas de robótica, estão a fabricar diariamente robôs que saberão tudo sobre nós e nos encontrarão em qualquer lugar da Terra, como afirma E. Tétreau (2014). A crescente digitalização da economia faz com que detenham mais capacidade financeira e mais poder de investigação de ponta do que a maioria dos Estados nacionais.
Sabemos que este investimento industrial permitirá atingir um objetivo imediato, o de substituir o ser humano no trabalho. Os robôs não comem, não dormem, não se queixam, não apresentam problemas, não adoecem e a sua gigantesca inteligência artificial será capaz de resolver, em segundos de programação, problemas de produção, estratégias de consumo, questões que atormentam tantos, em termos de eficácia e de produtividade. Que empresário, destes gigantes económicos (e dos menos gigantes), não quererá este tipo de “trabalhador” com que há tanto tempo sonha, sem o conseguir alcançar pois tem de recorrer aos pobres, defeituosos e inquietos e perecíveis seres humanos?
 Por outro lado, estes projetos empresariais inserem-se em e aceleram o movimento cultural internacional que visa criar o “trans-humanismo” ou o tempo “pós-humano”, como o qualificam outros autores, em que os humanos incorporarão artefactos técnicos, num processo de enriquecimento artificial, o que fará evoluir muito aceleradamente a capacidade humana de resistir às doenças e à morte. A sequenciação do ADN de sobredotados ou a triagem seletiva de embriões humanos, já em curso, conduzem-nos a um mundo em que todos seremos manipulados e onde os mais frágeis serão muito mais facilmente não só descartados mas destruídos. Todos os seres humanos, desde que fora deste horizonte do enriquecimento artificial do seu corpo, serão considerados demasiado pobres, demasiado incapazes e ainda mais incompetentes.
Creio que, se tivemos e temos consciência de que é preciso lutar contra o que é anti-humano na economia de mercado e na sociedade, é preciso hoje colocarmos na agenda uma posição clara contra esta outra deriva, o pós-humano, pois ambos são e serão sempre inumanos.
O que ocorre é uma tremenda aceleração das capacidades da inteligência artificial que, apoiada na biotecnologia, nos transportará, em poucos anos, para uma nova realidade, a que só alguns poucos têm acesso. A velocidade de cálculo dos semicondutores evoluirá de tal modo que atingirá em breve um momento em que a máquina ultrapassará o homem. Os 90 mil milhões de neurónios humanos serão uma insignificância face aos computadores superinteligentes; mais ou menos como a medusa (800 neurónios) é hoje para o ser humano...
Para uns, o destino está traçado e o ser humano criará outros seres mais inteligentes que ele e desaparecerá. Para outros, haverá uma combinação entre homem e máquinas e aquele poderá prestar bons serviços a estas e estas poderão apoiar imenso a capacidade de memória daquele (além de o poderem livrar de doenças, da fome e... da morte).
O momento em que a máquina vai ultrapassar o ser humano já tem o nome: “Singularidade”; outros chamam-lhe “explosão de inteligência”, pois ocorrerá quando as máquinas conseguirem reprogramarem-se para aumentarem por si mesmas, infinitamente, as suas capacidades.
A Net está dominada por grandes monopólios que buscam vencer a morte, trazendo a imortalidade para a ordem do dia. Como referia recentemente o "Le Monde" (que sigo para estas observações técnicas), se hoje o desenvolvimento da robotização e da inteligência artificial depende de quem as controla, o problema pode mudar substancialmente se e quando elas não se deixarem controlar.
Várias personalidades já se manifestaram e colocaram por escrito as suas preocupações; a carta aberta foi publicada, a 12 de janeiro deste ano, no Future of Life Institut-FLI, por Bill Gates, Stephen Hawking, Elon Musk, entre outros. O FLI é uma associação criada em 2014, por Max Tegmark e Jaan Tallinn, exatamente para procurar limitar os sérios riscos que a humanidade está a correr.
Mas, ao mesmo tempo, a Google financia uma universidade que prepara a elite do pós-humanismo e os seus missionários frequentam aí regularmente seminários; curiosamente chama-se... “Singularity University” (na Califórnia).
O FLI recebeu muitos milhões e apoio técnico de muitos cientistas e engenheiros da inteligência artificial. O perigo é real e muito superior ao estimado no quadro da guerra nuclear, pois o seu potencial de destruição não é menor. Para os “humanistas” tudo isto que os “pós-humanistas” proclamam deve ser tomado na devida consideração. Além disso, os investimentos que estão a ser realizados nas máquinas de inteligência artificial em nada se comparam com o pequeníssimo investimento que se faz na sabedoria... diz o físico Max Tegmark. 
É mesmo preciso colocar outras questões: que critérios éticos terão estas máquinas? Que decidirão, apesar do ser humano e até contra ele? Que equilíbrio social estamos a preparar com uma maioria social de pessoas desempregadas?
Terão os 7,2 mil milhões de seres humanos que se sujeitar dócil e irremediavelmente a este jugo, a este rumo insensato, como mera mercadoria a explorar? O que poderá quebrar o ritmo desta descontrolada e politicamente desgovernada corrida atrás do poder, do lucro, do controlo cibernético sobre os seres humanos,

ao mesmo tempo em que estes ainda se encontram (mais ou menos ingenuamente) maravilhados com as conquistas que ele lhes oferece, por via das mesmas empresas, consumindo Internet, comunicações instantâneas, redes sociais? Quem cuida do “destino universal dos bens” da Terra? Quem é que os homens e as mulheres colocam a defender os seres humanos, tal como são? O lucro, o poder e a corrida atrás de novos desafios tecnológicos justificam tudo?
 Parece que sim. Andamos todos demasiado distraídos com a evolução das finanças e dos défices e ninguém cuida da política, para lá, é óbvio, da “mercearia”.
 
(O DIA HÁ-DE CHEGAR E DEUS JUÍZ SUPREMO A TODOS PEDIRÁ CONTAS!)
 
Joaquim Azevedo
Universidade Católica Portuguesa, Secretariado Diocesano da Pastoral da Cultura (Porto)
Publicado em 11.03.2015

segunda-feira, 9 de março de 2015

AS MULHERES NÃO SE MEDEM AOS PALMOS- FELIZ DIA!


INÊS NEGRA DE MELGAÇO   
Estátua de Inês Negra em Melgaço do escultor José Rodrigues.

Esta história teve lugar em 1388, no início do reinado de D. João I, em que se travou uma guerra contra Castela pela independência de Portugal. Uma contenda onde sobressaíram os feitos do Condestável Nuno Álvares Pereira e de muitos nobres portugueses, dividindo a aristocracia e o povo português, tomando muitas terras o partido de Castela.

Foi durante esta guerra civil que a Inês Negra, uma mulher do povo fiel à causa portuguesa, abandonou Melgaço quando esta cidade se pôs ao lado do rei de Castela. Quando D. João I decidiu reconquistar Melgaço, Inês Negra juntou-se ao seu exército, mas as duas facções nunca chegaram a defrontar-se. A batalha travou-se entre Inês Negra e uma sua inimiga de longa data, a "Arrenegada", que tinha optado por apoiar os castelhanos.

Diz a lenda que a "Arrenegada" desafiou Inês Negra do alto das muralhas, propondo que a contenda fosse resolvida entre ambas com o acordo do exército castelhano. D. João I assistiu espantado à resposta de Inês Negra que dizia aceitar o desafio.

Ambos os exércitos concordaram com este duelo e a Inês Negra, de espada na mão, defrontou a sua inimiga apoiada pelos gritos de incitamento dos homens de D. João I.
O silêncio instalou-se quando a "Arrenegada" fez saltar com um golpe a espada das mãos de Inês, mas esta tirou uma forquilha da mão de um camponês e fez-se à luta, procurando atingir a "Arrenegada" nas pernas.
Sentindo-se em desvantagem, esta atirou fora a espada e pegou num varapau que quebrou com fúria nas costas de Inês. Louca de fúria e de dor, Inês Negra largou a forquilha e atirou-se com unhas e dentes à sua oponente, rolando ambas no chão empoeirado.

Um grito de dor gelou a assistência, que não conseguia perceber qual das duas vencera. Foi então que a "Arrenegada" se levantou e fugiu para o castelo, tapando as nódoas e o sangue do rosto com as mãos.
Os castelhanos abandonaram Melgaço no dia seguinte e D. João I quis recompensar a heroína, mas esta respondeu que estava plenamente recompensada pela sova que tinha dado à sua inimiga.
http://lendasdeportugal.no.sapo.pt/

Nota:
Com esta lenda, publicada hoje 8 de Março DIA DA MULHER, o blogue Portugal Glorioso saúda todas as gloriosas mulheres Portuguesas. (As mulheres são o mais belo ornamento da natureza)
 

domingo, 8 de março de 2015

DEUS ONTEM HOJE E SEMPRE- ÚNICO SENHOR DO UNIVERSO!

DEUS FALOU ONTEM! E CONTINUA A DIZER-NOS HOJE: "EU, O SENHOR, TEU DEUS, SOU UM DEUS CIOSO!"



Livro de Êxodo 20,1-17.
Naqueles dias, Deus pronunciou todas estas palavras:
«Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egipto, dessa casa de escravidão.
Não terás outros deuses perante Mim.
Não farás para ti qualquer imagem esculpida, nem figura do que existe lá no alto dos céus ou cá em baixo na terra ou nas águas debaixo da terra.
Não adorarás outros deuses nem lhes prestarás culto. Eu, o Senhor, teu Deus, sou um Deus cioso: castigo a ofensa dos pais nos filhos, até à terceira e quarta geração daqueles que Me ofendem;
mas uso de misericórdia até à milésima geração para com aqueles que Me amam e guardam os meus mandamentos.
Não invocarás em vão o nome do Senhor, teu Deus, porque o Senhor não deixa sem castigo aquele que invoca o seu nome em vão.
Lembrar-te-ás do dia de sábado, para o santificares.
Durante seis dias trabalharás e levarás a cabo todas as tuas tarefas.
Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus. Não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem os teus animais domésticos, nem o estrangeiro que vive na tua cidade.
Porque em seis dias o Senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo o que eles contêm; mas no sétimo dia descansou. Por isso, o Senhor abençoou e consagrou o dia de sábado.
Honra pai e mãe, a fim de prolongares os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te vai dar.
Não matarás.
Não cometerás adultério.
Não furtarás.
Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo.
Não cobiçarás a casa do teu próximo; não desejarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo nem a sua serva, o seu boi ou o seu jumento, nem coisa alguma que lhe pertença».
O SENHOR DISSE: "FAÇA-SE LUZ|"
Evangelho segundo S. João 2,13-25.
Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém.
Encontrou no templo os vendedores de bois, de ovelhas e de pombas e os cambistas sentados às bancas.




Fez então um chicote de cordas e expulsou-os a todos do templo, com as ovelhas e os bois; deitou por terra o dinheiro dos cambistas e derrubou-lhes as mesas;
e disse aos que vendiam pombas: «Tirai tudo isto daqui; não façais da casa de meu Pai casa de comércio».
Os discípulos recordaram-se do que estava escrito: «Devora-me o zelo pela tua casa».
Então os judeus tomaram a palavra e perguntaram-Lhe: «Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?».
Jesus respondeu-lhes: «Destruí este templo e em três dias o levantarei».
Disseram os judeus: «Foram precisos quarenta e seis anos para se construir este templo, e Tu vais levantá-lo em três dias?».
Jesus, porém, falava do templo do seu corpo.





Por isso, quando Ele ressuscitou dos mortos, os discípulos lembraram-se do que tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus.
Enquanto Jesus permaneceu em Jerusalém pela festa da Páscoa, muitos, ao verem os milagres que fazia, acreditaram no seu nome.
Mas Jesus não se fiava deles, porque os conhecia a todos e não precisava de que Lhe dessem informações sobre ninguém: Ele bem sabia o que há no homem.

A PRESENÇA REAL DE JUSUS NA EUCARISTIA!


Mons. de Ségur

Quem não ouviu falar desta outra manifestação milagrosa da presença real…

Celebrada em toda Paris e em toda a França com o nome de Milagre de Billetes?

Era 1290, sob o reinado do ímpio Filipe, o Belo. Uma pobre mulher penhorou seu vestido junto a um judeu, por uma soma de 50 francos.
Em 2 de abril, alguns dias antes da Páscoa, ela pediu-lhe para lhe dar seu vestido para esta festa, para que pudesse cumprir com mais decência o dever pascal.
“Voluntariamente, disse-lhe o judeu, eu te darei para sempre e sem interesse, se tu me trouxeres este pão que recebes na Igreja, que vós cristãos pretendeis que seja vosso Deus; quero ver se Ele o é realmente”.

Seja por ignorância, seja por ganância, a miserável mulher consentiu, e ao ir comungar em São Mederico, sua paróquia, guardou furtivamente a Santa Hóstia, levou-a ao judeu e se foi.
Este a colocou em um lugar seguro e pôs-se a feri-la com golpes de faca
Espantado e furioso ao ver sair dela sangue, tomou-a e cravou-lhe um prego com um martelo. Mas o sangue começou a sair em torno do prego.

O judeu então, em um acesso de raiva, retirou-o, tomou a Santa Hóstia e jogou-a ao fogo… Acreditava assim livrar-se dela; mas qual não foi seu terror ao ver a Hóstia misteriosa sair do meio das chamas e voar de lá para cá em sua casa!
Sua mulher e seus filhos estavam estupefatos: quando a ele, mais e mais furioso, saltou e pegou novamente a Hóstia, prendeu-a em uma vara e começou a bater-lhe com um flagelo.
Ele tenta então cortá-la em pedaços com uma faca de cozinha: um esforço em vão; a Hóstia permaneceu inteira, sem a menor lesão.

Atormentado, tomado por uma raiva diabólica, leva-a às latrinas de sua casa, e, digno filho de seus pais, fixa-a no muro com três pregos, depois perfura-a com uma grande lança; rios de sangue brotam da Hóstia…

Não sabendo mais o que fazer, o malfeitor desprende-a mais uma vez e, tomado de cólera, joga-a em um caldeirão de água fervente que sua mulher havia colocado no fogo.

Ó prodígio! Esta água se torna toda sanguinolenta, e a Santa Hóstia se eleva, mostrando a ele, à sua esposa, e aos seus filhos a figura do Salvador crucificado, como no momento em que morreu sobre a cruz…
A mulher, tocada e ao mesmo tempo assustada, reprovou seu marido pelo que havia feito, e ele, perdendo a cabeça, se escondeu no fundo de sua adega.

A conversão dos incrédulos

Neste mesmo momento, soava a Missa solene na Igreja vizinha, e a multidão dos fieis enchia a rua. Um dos filhos do judeu, impressionado com o que viu, diz a um de seus coleguinhas que ia a Missa: “Perdeis vosso tempo indo rezar a vosso Deus na Igreja: Ele não está mais lá; meu pai, após tê-lo atormentado, fê-lo morrer”.
Estas palavras ouvidas por uma vizinha, excitaram sua curiosidade; suspeitando de algo, entra na casa do judeu, sob o pretexto de pedir-lhe fogo.

Ela percebeu imediatamente o crucifixo de sangue sobre o caldeirão, ajoelhou-se e adorou ao seu Senhor… Mas, logo desaparecida a forma do crucifixo, a mulher não percebeu mais senão a Hóstia Sagrada, que veio pousar sobre um vaso que ela tinha em suas mãos.

Ela correu imediatamente para levar seu precioso e formidável tesouro à Igreja de São João de Grèves, onde a Hóstia milagrosa foi depositada, pelos sacerdotes, em um ostensório de ouro.
A notícia do milagre se espalhou por toda Paris. O povo invadiu a casa do judeu e levou-o prisioneiro com sua mulher e filhos. Eles foram levados ao tribunal episcopal; ele confessou o crime com todas as suas circunstâncias, e este detestável sacrílego foi condenado pela justiça do rei a ser queimado vivo na Praça de Grève.

Sua esposa e seus filhos, como muitos outros incrédulos, tocados por este grande milagre, converteram-se e receberam o Batismo.

O local do Milagre

A casa foi demolida, e em seu lugar, ergueu-se uma capela e um convento de carmelitas.
Os muros, que ainda existem, foram ornados com esculturas representando a Eucaristia; mas os protestantes, em cujas mãos infelizmente caiu este belo monumento da presença real, fizeram-nas desaparecer o mais que puderam. Ainda se pode ver o lugar da casa onde Nosso Senhor apareceu na forma de sua crucificação.
Até a Grande Revolução (Revolução Francesa), celebrava-se, a cada ano, a memória deste milagre de Bilettes, por um ofício público, e a Hóstia milagrosa, conservada em um relicário de cristal, era exposta à veneração dos fieis.
É estranho que os protestantes, inimigos natos da presença real, consentiam em estabelecer-se em um lugar cujas próprias muralhas lhes acusam e lhes condenam.
 

Eis, pois, um grande milagre, ou, antes uma série de milagres, tão autênticos, constatados tanto quanto o possível, seja pelo culpado, seja pelas testemunhas oculares; e ainda assim o judeu sacrílego não se converteu.
Prova evidente que os milagres sozinhos não dão a fé; mas consolam grandemente a piedade, e reavivam a fé daqueles que já creem. 
*   *   *
Fonte: retirado do livro “A Presença Real e os Milagres Eucarísticos” de Mons. de Ségur.