O DIA DEZ DE JUNHO É UM DIA MUITO IMPORTANTE NA HISTÓRIA DESTE PAÍS QUE UM DIA FOI JARDIM À BEIRA MAR PLANTADO! MAS QUE O MODERNISMO E OUTROS "ISMOS" PARECEM QUERER VOTÁ-LO AO ESQUECIMENTO...
NOTA: ESTA BIOGRAFIA APRESENTA CAMÕES COMO UM POETA ÍMPAR, POIS EU ACRESCENTAREI QUE, ALÉM DO POETA FOI O GRANDE INOVADOR DA LÍNGUA PORTUGUESA QUE PRESENTEMENTE ESTÁ A SER DESCARTADA DE FORMA LEVIANA!
Biografia do Autor
Luís Vaz de Camões é considerado o maior poeta português; nunca existiu, nem em Portugal nem em qualquer outra parte do mundo, poeta algum que igualasse nem muito menos superasse a dedicação que Camões deu à sua pátria por meio de uma tão próspera obra épica como são “Os Lusíadas”.
“Os Lusíadas” são a culminação de toda uma cultura e de uma civilização. Camões é considerado um poeta fora do seu tempo, pois a sua modernidade e a sua portuguesidade são visíveis no modo como esta obra, tanto no estilo épico como no estilo lírico, se estrutura.
É através de indícios textuais que se encontram na sua poesia e a que podemos chamar a modernidade de Camões ou estilo Camoniano, que se verificam transgressões, tanto em relação aos modelos clássicos greco-latinos da época como em relação à ordem religiosa e política do poder no tempo de Camões e como também em relação à imagem posteriormente construída do poema como símbolo épico da raça lusíada e dos seus feitos materiais.
Mas são estas transgressões que caracterizam Camões como sendo um novo homem da Renascença.
Nasceu a 1524 ou 1525, segundo documentos publicados por Faria e Sousa, em Lisboa ou em Coimbra (a data e o local do seu nascimento não são certos). Segundo registo da lista de embarque para o Oriente do ano de 1550, declara-se que Luís de Camões se inscrevera e, nesse registo, é-lhe atribuída a idade de 25 anos.
O Padre Manuel Correia que o conheceu pessoalmente, dá-o nascido em 1517. Filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá Macedo, família nobre estabelecida em Portugal na época de D. Fernando, foi educado sob o império do Humanismo, estudou em Coimbra de 1531 a 1541, onde D. Bento de Camões seu tio, era chanceler.
Era esse mesmo seu tio sacerdote e sábio que o auxiliava nos estudos, mas ainda antes de Luís de Camões acabar o seu curso, partiu para Lisboa, talvez para conhecer melhor a principal cidade do seu país visto gostar imenso da História de Portugal.
Reinava D. João II e, como Camões era fidalgo, podia frequentar as festas e saraus da corte no palácio real; e foi lá que conheceu aquela que ele queria que viesse a ser a sua esposa, D. Catarina de Ataíde.
Devido à rigorosa tradição da corte, Camões teve que se afastar desta linda menina a quem ele tratava por um nome inventado de Natércia nos seus muitos poemas consagrados, e foi exilado por ordem do rei para o Ribatejo (Constância), onde permaneceu durante dois anos até que se alistou como soldado e partiu para Ceuta.
Foi nesta viagem que Camões primeiro avaliou o esforço formidável de um povo audacioso e persistente, que foi capaz de vencer os difíceis obstáculos desta travessia, de forma pioneira.
Apesar de ter sido um grande poeta, foi também um grande patriota e um grande soldado. Defendeu Portugal tanto nas guerras em África como na Ásia. Em 1547, partiu para Ceuta depois de ter estado na corte de 1542 a 1545. Em Ceuta perdeu um olho quando lutava a favor de D. João III.
Três anos mais tarde voltou a Portugal e teve vários duelos, num dos quais feriu Gonçalo Borges, moço de arreios de D. João III, o que lhe custou um ano de prisão no Tronco. Diz-se que foi nesse ano de prisão que Camões compôs o primeiro canto da sua obra “Os Lusíadas”.
Obteve a liberdade como promessa de embarcar para a Índia como simples homem de guerra e embarcou para Goa em 1553, onde conviveu com o vice-rei D. Francisco de Sousa Coutinho e com o Dr. Garcia de Orta e manteve também relações amistosas com Diogo do Couto, o continuador das Décadas.
Foi aí que escreveu o “Auto de Filodeno”, o qual representou para o governador Francisco Barreto. Ainda na Índia compôs uma ode a D. Constantino de Bragança, em que o defendia de acusações supostamente falsas que lhe eram feitas. Da Índia passou a Macau, onde os portugueses tinham fundado uma colónia mesmo em frente ao mar. Aqui conheceu Jau António, companheiro que esteve sempre com ele até à morte e lhe fez companhia enquanto cantava em seis cantos os feitos dos portugueses numa gruta em frente ao mar.
Foi chamado a Goa mas, no caminho para a Índia o barco onde navegava naufragou junto à foz do rio Mekong, e diz-se que ele tenha ido até à costa a nado só com um dos braços, visto no outro levar consigo a sua tão próspera obra.
Foi a descida do Oceano Atlântico, a passagem do Cabo da Boa Esperança e todas aquelas paragens que levaram Camões a glorificar na sua obra os lugares por onde a armada de Vasco da Gama tinha já passado, lugares esses que muito custaram a "descobrir", razão ainda para dignificar o povo lusitano.
Regressou a Lisboa em 1569 e, em 1572, publicou “Os Lusíadas”. Foi-lhe concedida por D. Sebastião uma tença anual de 15 mil reis que só recebeu durante três anos, pois faleceu no dia 10 de Junho de 1580 em Lisboa, na miséria, vivendo de esmolas que se dizia terem sido angariadas pelo seu fiel criado Jau. O seu enterro teve de ser feito a expensas de uma instituição de beneficência, a Companhia dos Cortesãos.
Após a sua morte, foi D. Gonçalo Coutinho que mandou esculpir na sua pedra o seguinte letreiro: “Aqui Jaz Luís de Camões Príncipe dos Poetas de seu Tempo. Viveu Pobre e Miseravelmente e Assim Morreu. - Esta campa lhe mandou pôr D. Gonçalo Coutinho, na qual se não enterrará pessoa alguma.”
A comemoração do dia da sua morte, é actualmente relembrado como o “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”, sendo feriado nacional.
Nota: Muitos dos dados biográficos de Camões não estão suficientemente documentados e existem até informações contraditórias. No entanto, na minha opinião, estas parecem ser as informações mais fidedignas.
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Podia ter deixado por aqui as informações sobre este homem que nasceu pobre e morreu pobre, no entanto, vou descrever um episódio que decorreu, nos últimos anos do século passado e que hoje me vem à memória.
Antes de iniciar o estudo de Fernando Pessoa, como sempre fiz, preparava um teste de resposta múltipla para saber qual era o grau de conhecimento do aluno, no campo da Literatura Portuguesa, principalmente, verificar se já conhecia as épocas literárias e suas tendências.
a)Uma das questões era " Quem é Luís Vaz de Camões e em que época viveu?
Nas quatro alternativas só uma era verdadeira. Como é próprio neste tipo de teste.
b) segunda questão era " Que obra o imortalizou?
Bem! Jovens já a caminho de voos mais altos, embora fossem para uma área científica, na sua cultura geral, deveriam saber responder às questões. Mas, facto é que quase 50% dos alunos não conseguiram responder correctamente a estas questões.
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Árvore genealógica da evolução da língua |
Hoje sinto que a nível da Língua Portuguesa, não só se deixou de lado a genealogia da língua, que há três décadas atrás era obrigatória saber, como ainda, actualmente, verifico que, se deixou de lado os vários níveis de Língua, para se tornar uma "salada russa" no que respeita ao léxico, à morfologia e pior ainda, à sintaxe, pois estando aposentada, tendo uma missão árdua, dolorosa que me fez renunciar a tudo o que fazia no exterior para 24/24horas estar a cuidar de um familiar com Alzheimer, comecei a receber crianças, para tentar suportar a cruz do meu dia a dia, para lhes dar apoio, mas só até ao 3º Ciclo. E, cada vez mais observo quão baixo é o nível da linguagem falada e escrita. Dos quatro níveis que existiam, por incrível que pareça, desceu-se ao nível mais baixo:Familiar e Calão.
Quando o percurso histórico tem no centro a Língua Portuguesa, língua que Camões imortalizou, surgem as inovações que, a todos os níveis, esmagaram o bem falar e melhor escrever para aprender cada vez mais e melhor e sentir orgulho da Língua Mãe!
Para onde Portugal exportou a sua língua, ela adaptou-se ao povo que a assimilou, mas com grandes erros ao nível da linguagem falada, quer em África quer no Brasil. que passou à escrita tal como a falavam... Vejo todos os dias pelo menos no Brasil, quantos erros se dão, não no povo, tal como o nosso, tem a sua forma de falar, mas nos meios que deviam ser de erudição, e não passam de frases, com constantes incoerências verbal, sintáctica e lexical... e nós portugueses, deixámo-nos levar pelos acordos de conveniência! Hoje, no Brasil estão a surgir acções de formação para os professores que leccionam o Português, porque sabem que as calinadas na gramática são mais que muitas e nós estamos a banalizar a aprendizagem, desde os primeiros níveis! Brada aos Céus... Não haverá especialistas capazes de se oporem a este escândalo!?
É pena! Neste país tudo está a entrar numa decadência mórbida! Onde vamos nós parar??? Será que os que têm poder de decisão na matéria não são capazes de "enxergar" além do seu umbigo!?
Amanhã é um dia importante para este país, espero que lhe seja dado a importância que merece!!!
Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente
Erros meus, má Fortuna, Amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a Fortuna sobejaram,
Que para mim bastava Amor somente.
Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que já as frequências suas me ensinaram
A desejos deixar de ser contente.
Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa a que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.
De Amor não vi senão breves enganos.
Oh! Quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças! Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"
O homem parte, mas fica o Génio!
A poetisa Sophia de Mello Breyner assim lembrou esse génio:
« Irás ao paço. Irás pedir que a tença
Seja paga na data combinada
Este país mata lentamente
País que tu nomeias e não nasce.
Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou mais ser que a outra gente». (
In Ocidente)
EM CONCLUSÃO, AQUI VOS DEIXO UMA ESTROFE DE "OS LUSÍADAS"
No mar, tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida;
Na terra, tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade avorrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?(
Canto I,106)
( Tão dramático e tão actual!)
Nema, escrava de Maria
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