OS DIAS MINGUAM, AS HORAS REPETEM-SE A UMA VELOCIDADE SEM FREIO!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

A CAMINHO DA FESTA!

«És pó, e ao pó voltarás»

 

Quando? Amanhã? No próximo ano? Daqui a 20 anos? Que importa... Esse grão de pó sobre a tua cabeça é o teu destino inelutável. Por isso emprega bem os teus curtos anos, converte-te, volta-te para Cristo, que só Ele te pode dar perdão e vida.
É assim que na Quarta-feira de Cinzas começamos a Quaresma, tempo de conversão e austeridade, mas também tempo de uma alegria contida, a alegria de um coração purificado. Trata-se de nos prepararmos para as festas pascais. A Quaresma é o caminho para uma festa!
«Quando jejuardes, não mostreis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto para que os outros vejam que eles jejuam. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa» (Mateus 6,16).
Escutemos bem estas palavras e apliquemo-las como norma de conduta, não apenas na Quaresma mas em toda a nossa vida cristã, porque ela não é senão uma longa preparação para as festas pascais definitivas.
«Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que o teu jejum não seja conhecido dos homens, mas apenas do teu Pai que está presente no oculto; e o teu Pai, que vê no oculto, há de recompensar-te» (Mateus 6,17-18).
Que grandeza há no silêncio – não o silêncio nefasto da falta mas no da virtude, que é perfeito quando dele não se tem consciência – e que força se pode extrair dele. A alegria cristã é a simplicidade de uma fé, a seriedade de uma esperança, a vitalidade do amor.
Na Quaresma a liturgia despe-se dos seus aleluias e glórias, convidando-nos a um estreitamento de vida, a um despojamento do supérfluo, a um tempo de germinação escondida e profunda, iluminada sempre por uma esperança e uma espera. Ela convida-nos a entrar em nós mesmos para nos mergulhar nas fontes da vida, em Cristo. Ela incita-nos a reencontrar o nosso verdadeiro rosto num esforço de autenticidade e lucidez, na oração e na caridade, para que, modelados à imagem de Cristo, sejamos capazes de uma comunhão mais profunda no seu mistério.
Sim, porque o mistério de Cristo não é algo que esteja fora de nós; ele é o que nós somos e o que somos chamados a ser. O seu drama é o nosso. A nossa cruz não é outra que a de Cristo, é o seu amor em nós que a carrega. A nossa verdadeira vida é a vida do Ressuscitado em nós. Se a liturgia nos conduz pelos passos de Cristo é para nos ensinar o caminho que é também o nosso.
O drama que se evoca na Quaresma não é apenas a recordação de um acontecimento passado mas a atualização do drama de Cristo, aqui e agora, para nós, que nos coloca diante da opção decisiva da fé e do amor. Procuremos portanto estar em harmonia com o espírito da liturgia deste tempo e acolher a seiva de vida que nos oferece.
 

Um monge cartuxo Trad. / edição: Rui Jorge Martins

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

O QUE O HOMEM PODE FAZER!!!

 O que quatro anos de guerra fizeram à Síria
As imagens de satélite do Instituto das Nações Unidas para a Formação e Investigação mostram o antes e o depois do conflito da Síria, em cidades como Kobane e Alepo.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AHMAD ABOUD/AFP/Getty Images
 Fonte: Observador- Autor
Sara Otto Coelho lowres_
                                                                          Sara Otto Coelho
Tópicos
Quatro anos de conflito armado na Síria deixaram marcas pesadas. O programa UNOSAT do Instituto das Nações Unidas para a Formação e Investigação (UNITAR) mostra, através de imagens de satélite, o estado do país onde, desde o início da guerra civil, em 2011, já terão morrido cerca de 210 mil pessoas.
O UNOSAT estudou várias cidades sírias, entre as quais Kobane, a pequena cidade junto à fronteira turca onde os curdos têm combatido o Estado Islâmico. As imagens de satélite reunidas pelo New York Times mostram uma parte da cidade em setembro de 2014, já durante o conflito, mas ainda intacta:
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Em janeiro deste ano, os destroços são notórios:

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Em Alepo, a segunda maior cidade da Síria depois da capital, Damasco, o cenário de destruição é semelhante. A cidade outrora habitada por mais de dois milhões de habitantes, e que atualmente é parcialmente controlada pelo Estado Islâmico, estava assim, em novembro de 2010:
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Este era o estado de parte da cidade em maio de 2014:

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Homs, que fica entre Damasco e Alepo, era um dos principais bastiões dos rebeldes sírios que se insurgiram contra o presidente Bashar al-Assad, na Primavera Árabe. Uma parte da cidade, em junho de 2010:
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Três anos de conflito deixaram assim a mesma parte da cidade, em abril de 2014:

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Deir al-Zour, no leste do país, está neste momento sob quase domínio do Estado Islâmico e já sofreu bombardeamentos aéreos da coligação liderada pelos Estados Unidos. Em 2013, a cidade detetou poliomielite, uma doença que estava erradicada da Síria desde 1999, e que mostra que as consequências da guerra vão muito além dos destroços. Nas imagens de satélite, a diferença entre dezembro de 2010 e maio de 2014 é chocante:
 
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deiralzour-after

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O ORGÃO: UM INSTRUMENTO DE GRANDE VALOR NAS IGREJAS

Novas igrejas de todos os tempos: Órgão, o instrumento que pode nascer da arquitetura

Tema: Arte

ImagemÓrgão Silbermann | Hofkirche, Dresden, Alemanha | Séc. XVIII | Foto esquerda: Thomas Augustin | CC BY-SA 3.0 | Foto direita: Timo Sack | CC BY-SA 2.5
 
O órgão é um instrumento de grande valor artístico na vida da Igreja, quer a nível sonoro, onde se encontra a sua principal função, quer a nível visual, onde também é importante refletir sobre o seu papel. Dos diversos tipos de órgãos que podemos encontrar, será talvez possível dividi-los em duas grandes categorias – os instrumentos que nascem da arquitetura – cuja conceção parte primariamente de uma compreensão do contexto em que são construídos – e os instrumentos que se assumem como  elementos mais independentes da arquitetura.
Acerca do primeiro caso, sobre o qual aqui nos concentramos, destaca-se primariamente a capacidade que estes têm de consolidar e expandir as ideias expressas pela arquitetura. Por vezes são peças de destaque no contexto do edifício, mas são-no sempre mantendo esta consonância com o que a arquitetura procura transmitir. Abaixo abordaremos dois instrumentos históricos e, seguidamente, quatro instrumentos contemporâneos, tentando encontrar matéria para reflexão adicional.
O órgão da Hofkirche de Dresden (Alemanha, séc. XVIII), construído por Gottfried Silbermann entre 1750 e 1755, surge no coro alto e aparenta ser um elemento de apoio à verticalidade expressa pela arquitetura, com uma composição de fachada onde a disposição dos tubos destaca o aumento de altura ao centro, auxiliada inclusive pela cor que se mistura com as paredes. A colocação do instrumento, totalmente apoiado no coro alto e sem elementos salientes ou suspensos, parece ajudar a enfatizar o peso que os pilares da própria igreja transmitem, pela sua espessura e regularidade.

Já o órgão (séc. XVIII) da Archikatedra Oliwa (Polónia, séc. XVI), do organeiro Johann Wilhelm Wulff, tem um formato totalmente diferente com um desenvolvimento da caixa do órgão em formato côncavo, rematando a nave e encaminhando o olhar para o vitral no seu centro, representando a Virgem Maria. A colocação do órgão, em paralelo com o vitral que remata o altar no extremo oposto da nave, sugere uma atração para o centro da nave, entre dois pólos de grande intensidade, para um acolhimento no interior da igreja.
ImagemÓrgão Wulff | Archikatedra Oliwa, Gdansk, Polónia | Século XVI Foto esquerda: Diego Delso | CC BY-SA 3.0 | Foto direita: Julo | D.Púb.
 
Na contemporaneidade existem também variados exemplos de instrumentos cuja linguagem se adapta à do edifício onde se inserem, procurando uma complementação da arquitetura, muitas vezes através de uma linguagem mais geométrica.
O órgão da igreja do Sagrado Coração de Jesus (Nuno Portas e Nuno Teotónio Pereira, 1962-1970) assume um pouco do despojamento procurado pela arquitetura, libertando-se da caixa de ressonância (apesar do resultado sonoro negativo que acaba por sofrer) e procurando uma linguagem mais geométrica e abstrata pela disposição dos diversos tipos de tubos.
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Órgão Alfred E. Davies & Son | Igreja do Sagrado Coração de Jesus, Lisboa | 1962-1970 | Fotos: João Valério | CC BY-SA 3.0
 
O órgão da Fronleichnamskirche, em Aachen (Rudolf Schwarz, 1929-1930) apresenta uma caixa cuja geometria similar à nave e aos vãos segue a ortogonalidade muito estrita da arquitetura e limita a não-ortogonalidade dos tubos ao seu perímetro.
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Órgão Stahlhuth | Fronleichnamskirche, Aachen, Alemanha | 1929-1930 | Foto esquerda: Florian Monheim | D.R. | Foto direita: Norbert Schnitzler | CC BY-SA 3.0
 
Na Annakirche, em Düren, (Rudolf Schwarz, 1954-1956), o primeiro órgão (substituído em 2010) nascia como corpo que irrompe da parede, como uma planta que desabrocha entre as rochas, suspendendo-se e assumindo na cor da madeira uma relação com a pedra, ao mesmo tempo que a composição diagonal da caixa evidenciava a harmonia entre os pesos visuais desiguais das duas paredes – uma mais etérea, de vidro, e uma de maior densidade, de pedra – que apesar de distintas se equilibram.
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Órgão | Annakirche, Düren, Alemanha | 1954-1956 | Foto esquerda: Norbert Schnitzler | CC BY-SA 3.0 | Foto direita: Moritz Bernoully | CC BY-SA 3.0
 
A Herz-Jesu-Kirche de Munique (Allmann Sattler Wappner, 1997-2000) continua, já neste século, a tradição de pensar o órgão em função da arquitetura, propondo um instrumento de grande ortogonalidade onde apenas as variações dimensionais nos pés dos tubos criam ligeiras gradações nos reflexos da fachada do órgão.
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Órgão Woehl | Herz Jesu Kirche, Munique, Alemanha | 1997-2000 | Foto esquerda: Guido Wörlein | D.R. | Foto direita: Martin Falbisoner | CC BY-SA 4.0
 
Qual o papel visual do órgão na arquitetura contemporânea de igrejas? Continua a ser-lhe atribuído um papel significativo ou é antes um elemento que apenas é pensado após a construção, retirando-lhe capacidade expressiva? Como pensar o órgão atualmente?
 
João Valério Publicado em 15.02.2015
 Fonte: Pastoral da Cultura

TEOLOGIA DO QUOTIDIANO: CONVITE AO BOM E AO BELO!

Para uma teologia do meu quotidiano

 
          «Porque os leigos, supostamente, transfiguram o mundano. A fé torna-se a chave hermenêutica do profano, da bagatela... para aí mesmo ver insinuada a presença de Deus e o convite ao Bom e ao Belo.» (Maria Carlos Ramos, comunicação pessoal)
Quando era muito jovem (últimos anos do ensino secundário) fui premiada nos Jogos Florais do Liceu Carolina Michaelis, no Porto, com um poema intitulado: “Senhora das Coisas Pequenas”. É óbvio que, depois de ler, saborear e alimentar-me de tanta poesia ao longo da minha vida - tenho sempre um livro de poesia à  cabeceira, tal como tenho a Bíblia... - me não identifico com o tipo de poesia que então escrevia. Agora não ouso escrever poesia, tão bela poesia tenho à mão, basta-me saboreá-la..., mas identifico-me, sim, com as “minudências” de que esse poema antigo falava. Ainda hoje escrevo sobre os fios do meu quotidiano, tecendo-os, refletindo-os, e reconstruindo-os à luz da trama da minha vida. Deixo entretecer-se nessa trama a de outros, do que se passa no mundo – sou acima de tudo cidadã do meu país e da minha igreja – mas também recorrendo à poesia, música, por vezes, até, "dançando" as minhas preocupações, olhando para a reprodução de um quadro ou, simplesmente, para o “estado” das plantas da minha varanda.
 Por isso a citação da Maria Carlos Ramos (companheira do Graal , teóloga e ex-aluna desta Faculdade de Teologia) que li no início inspira e redimensiona o contexto em que me movo: mulher leiga, membro do movimento do Graal, cristã, mente e coração abertos a tantas outras buscas de Deus entre os seres humanos. Creio que ser “senhora das coisas pequenas” é intuir a presença de Deus na “bagatela”, no ”rasteiro”, naquilo que parecerá de somenos importância...  A isso chamo fazer a “teologia do meu quotidiano”: tocar Deus em mim, nas outras e nos outros, na natureza, na alegria e no desastre, no sofrimento e na escuridão... vejo-me “discípula” de Cristo, a viver no mundo e com o mundo, sabendo que o cristão do futuro ou será “místico” ou não será cristão (K. Rahner). Mística, para mim, é este "trespassar" do quotidiano pelo divino, este "sofrimento" iluminado pela graça de me saber conectada com outros.
Como sou um “pássaro da manhã” e em geral me levanto mesmo muito cedo, é nessas horas de silêncio e  (ainda) quietude que vou escrevendo regularmente, a um ritmo praticamente diário, num caderno de capa grossa (já lá vão tantos!...).
 Vou tecendo a teologia do meu quotidiano que não está desligada da construção da minha mais profunda humanidade. É desse caderno que partilho convosco algumas “entradas” mais recentes, conforme o tempo que tiver disponível. Estão num português pelo menos escorreito já que as pude reler, coisa que raramente faço:

28 de janeiro de 2014, 3.ª feira
Faço 65 anos e estou no Fratel, às portas do Ródão na casa da minha amiga MJ. Três dias na natureza, que bom! Balbucio: «Gratias a la vida que me ha dado tanto, me ha dado la risa me ha dado el llanto», imaginando a voz inesquecível de Violeta Parra. Graças a Deus que me chamou pelo nome.
No Fratel de que gosto tanto, à lareira em boas conversas pela noite fora, respirando o campo, a manhã em que todos os outros dormem, as plantas e o cheiro das rosas, as três oliveiras velhinhas e os dois pujantes jacarandás e o limoeiro carregado de limões... o canteiro em que ontem, até me doerem os rins, retirei as ervas más para deixar crescer a hortelã no seu cheiro acre-preguiçoso. Perceber quais as raízes a tirar, mantendo a hortelã. Um verdadeiro “ofício de paciência”, nas palavras de Eugénio de Andrade. Fazer tudo isto concentrada, como se fosse a coisa mais importante deste mundo. Vida, no seu estado mais puro. Estar no presente. À noite comemos fatias de pão barrado com azeite e hortelã: capricho dos deuses! Enternece-me o número de telefonemas e "sms": saboreio cada mensagem como uma festa, pensando na pessoa que ma envia e como quero bem a tanta gente. «Gratias a la vida.» Sinto-me abençoada. Faço “des provisions de douceur” para os dias mais cinzentos que vierem. Releio a antífona de hoje: «Voltai-vos para o Senhor e sereis iluminados, o vosso rosto não será confundido». A promessa de Deus no centro da minha vida.(...)

26 de julho, sábado
Sigo esta tarde para a Golegã para o programa “Mulheres, Teologia e Mística”.
 Vou falar, ao longo de cinco momentos das manhãs sobre Teresa de Ávila, a “teóloga da experiência” que é doutorada igreja. Praticamente quatro meses a estudá-la, lendo os seus escritos em primeira mão – ganhei mais um pneu na barriga de tanto estar sentada... Mas tem valido a pena - uma inspiração, essa grande e apaixonada Teresa. E o Espírito sopra onde quer: que melhor forma de fazer face à absurda morte da "nossa" A do que mergulhar em Teresa de Ávila?  Deus dá-me destas coisas...  Preparei-me o melhor que pude: quanto ao resto deixo que o Espírito me guie. Não sou teóloga, não me sinto competente e segura, mas amo Santa Teresa: farei então o melhor que puder e souber, na consciência dos meus limites. Que consiga passar a quem estiver no programa a interpelação espiritual que Teresa me traz e ficarei serena e contente: essa mística que podia viver a pão, água e meia sardinha, mas que simultaneamente se deliciava com as uvas doces da mesa do bispo... aquela que falava nas “pestilências” do quotidiano – adoro soprar a palavra: «pestilências»! – as pestilências que, apesar do nosso desejo de Deus, nos impedem de entrar na Segunda Morada. Teresa, a que fala da união com Deus como de duas velas que se juntam numa chama única... na consciência de que são entidades separadas – porque só a morte nos poderá trazer a comunhão absoluta "em" Deus. Teresa, a que escreve a mais bela das orações  e que rezo sempre que posso  e me lembro: 
«Se me queres na alegria
por amor de Ti, quero alegrar-me.
Se me enviais trabalhos para realizar,
quero morrer a trabalhar.
Eu sou vossa, por Vós nasci.
Que quereis que eu faça?»
(...)
22 de setembro, 2.ª feira
Dou por mim a passajar roupa, nestes tempos de contenção de despesas: maravilhosa oportunidade de me debruçar sobre o nada e de deixar que a alma saboreie o gesto mecânico da agulha e linha. “Amo 'deste' trabalho”, diria o poeta Manoel de Barros. Regressei num “bajón” do Porto (como dizem "nuestros hermanos") - e a escuridão, quando me vem, é escura, bem escura... -: apesar da alegria esfuziante dos 10 sobrinhos-netos, a preocupação imensa com a situação de desemprego recorrente da M... [minha irmã mais nova, e minha afilhada]. Já não se oferece emprego a uma experimentada mulher de 50 e alguns anos, amplamente reconhecida no seu setor de atividade profissional: anátema, isolamento, depressão... injustiça nua e crua. Duas noites a dormir mal até conseguir colocar as coisas no “patamar de Deus” e, aí, parece que a mente se ilumina em saídas possíveis: "tudo bem, nada mal", autoconvenço-me - à maneira da maioria dos moçambicanos, quando se referem à sua duríssima vida...
Somos uma família que “cerra fileiras” quando um/a de nós está aflito/a: abri um “gabinete de crise” nos “paços do Lumiar” (minha casa): fiz contas e mais contas à minha pensão de reforma sistematicamente diminuída, olhei para as parcas poupanças e tenho o suficiente para, durante alguns meses, poder ajudar a minha irmã. Corta-se noutras coisas, paciência. Mas sei, no mais íntimo de mim, que não posso viver o sofrimento por ela: no sofrimento da M, há uma enorme solidão.  Como Verónica, que enxugou o rosto de Cristo, só posso agarrar numa toalha e limpar-lhe as lágrimas com carinho para não a magoar ainda mais: e aceitar que essa solidão é parte da nossa condição humana. Acendo a vela da mesa em frente do meu sofá. Deixo que a vela se consuma enquanto rezo por ela e nela: "tudo bem, nada mal..."
Termino citando novamente Teresa de Ávila: «Poder falar a Deus a partir da vida é vida de oração», e relembro o meu amigo Frei Carlos Maria Antunes, monge cisterciense, numa homilia que fez no passado mês de julho quando visitou a sua antiga paróquia da Golegã: «No dia em que olharmos a nossa vida, tal como é e não como gostaríamos que fosse, com gratidão, com assombro, com alegria, então é porque Deus já tomou conta do nosso coração». Assim seja!

Teresa Vasconcelos Movimento do Graal 5.ª Jornada de Teologia Prática, Universidade Católica Portuguesa, Lisboa, 14.11.2015 Publicado em 15.02.2015 
NOTA: As imagens são da minha autoria. Nema, escrava de Maria   

domingo, 15 de fevereiro de 2015

COM A MORTE TUDO SE ACABA? NÃO, MIL VEZES NÃO!

Com a morte tudo se acaba?

Sim, é verdade, com a morte tudo se acaba. Lá se vão as riquezas, as honras, o luxo, as glórias terrenas, e até nosso pobre corpo tão miserável se transforma num monstro asqueroso e horrível.

Vamos ao pó de onde viemos. Tu és pó e pó te hás de tornar. Seremos quanto ao corpo, nada, pó, um punhado de lodo.

Todavia, temos uma alma imortal, criada à imagem e semelhança de Deus, e esta não se acaba. É espiritual. Separa-se do corpo que ela vivificou, mas não morre.

A morte não é mais do que a separação da alma do corpo. Então nem tudo se acaba na morte. Fica o principal, a alma.

Fica tudo – uma alma remida pelo Sangue de Deus.

Não somos um bruto que nasce, cresce, morre e desaparece num monturo para sempre.

Um amigo de Sócrates, o célebre filósofo grego condenado à morte, perguntou-lhe antes que o veneno da cicuta arrebatasse a preciosa vida:

- Tem algum desejo para que o cumpramos? Por ventura alguma disposição sobre o enterro?

- Que querem? Meu amigo, pensam então em me sepultar? Podem enterrar meu corpo, mas a mim não poderão sepultar.

Resposta de um pagão consciente de sua imortalidade:

E nós cristãos podemos com muito mais razão dizer: – sepultam nosso cadáver, nosso pobre e miserável corpo. Ficamos nós, porém, vivos e imortais. Não morreremos.

Não morre nossa alma. A imortalidade de nossa alma é uma verdade tão clara, que nunca houve povo tão bárbaro que nela deixasse de crer.

Repugna e revolta a nosso ser todo, a ideia estúpida do materialismo apontando-nos a sepultura e um punhado de pó como a única e última finalidade de nossa existência.

Com a morte tudo se acaba?

Sim, quanto ao corpo até a ressurreição da carne no dia do Juízo. E quanto à alma, então sim é que tudo começa. Começa a eternidade…
A vida passa depressa. Somos crianças neste mundo, sempre iludidos pelas bagatelas e loucuras do pecado. Andamos à caça de borboletas e ilusões.

Depois… depois… virá a hora da despedida de tudo quanto é terreno. E havemos de partir para a casa de nossa Eternidade.

Diz a Escritura: Irá o homem para a casa de sua eternidade.

Ora, morrer é, pois, ir para casa. Deus é Pai. Iremos, pois, então para casa de nosso Pai. Haverá coisa mais bela e mais consoladora? Como é bela a esperança cristã!

E como é horrível o materialismo a considerar o túmulo um punhado de lodo, o último e fatal destino de um homem!

E depois?

Depois, quando nossa alma se separar do corpo, o que constitui a morte, todos nós compareceremos no Tribunal Divino e seremos julgados. Omnes stabimus ante tribunal Domini nostri Jesu Christi! Que dia aquele e que hora tremenda a da Sentença!

Estaremos em face de duas eternidades: Céu ou Inferno! Post hoc judicium… depois da morte o Juízo. Daremos contas severas a Deus de tudo.

Nossa vida inteira se passou na presença do Senhor que tudo sabe e penetra até nos nossos mais secretos pensamentos. “Cada dia, escreveu Bossuet, cada instante a Justiça de Deus registrou nossas ações”.

Cada momento de nossa existência, cada respiração, cada batida de nosso pulso, se assim posso me exprimir, cada manifestação de nosso pensamento tem consequências eternas. E toda esta história sem igual nos será apresentada um dia.

Sim, toda a nossa vida, e até nossas mais secretas intenções  irão ao Tribunal de Deus, no dia e na hora que nossa alma se separar deste corpo de morte.

Quem é o Juiz?
DEUS OMNIPOTENTE E SENHOR DO UNIVERSO
 QUE REGE OS CÉUS E A TERRA

 Deus Santo, a Santidade em essência, Deus que tudo sabe e tudo vê, Deus que num instante nos apresenta toda nossa vida, com seus pecados e misérias, bem como as obras que fizemos ou deixamos de fazer. Daremos conta também do abuso da Graça e dos pecados
de omissão.

Meu Deus! Meu Deus! Que tremendo Juízo nos está reservado! Que responsabilidade a do cristão em face da morte! Será a morte apenas um estúpido aniquilamento? Será uma podridão de verme numa sepultura, e nada mais além disto? Ó não, mil vezes não!

A morte é a porta da eternidade, ela nos lança despojados de tudo, sozinhos, com o peso de nossos pecados ou de nossas boas obras, na face do Senhor, do Juiz eterno dos vivos e dos mortos para sermos julgados.

Já meditamos seriamente nisto? Já pensamos a tremenda responsabilidade da vida? Entretanto, como se procede tão levianamente em face da morte! Que insensatos são os homens quando nem querem pensar na morte, e procuram se iludir para melhor viverem no pecado!

Daremos contas a Deus de nossa vida. Exame rigoroso de tudo… até de uma “palavra ociosa”, diz Nosso Senhor no Evangelho. E depois? Virá a sentença.

Duas eternidades: Céu e Inferno! Acreditam? Tanto melhor! Não acreditam? – Pois não deixará de existir o Inferno, nem o Céu deixará de ser a mais consoladora das realidades por que alguns materialistas ou cristãos degenerados não querem crer. ( PARA MELHOR COMPREENDER ESTA REALIDADE ABSOLUTA É SÓ LER E MEDITAR A MENSAGEM POSTADA ANTES DESTA.)

Iremos para a casa de nossa eternidade! Ibit homo a domum aeternitatis suae. Iremos sim mais cedo ou mais tarde. Estamos preparados? Preparados para o Juízo?
 Então seremos salvos pela Divina Misericórdia se a morte não nos encontrou no pecado e na inimizade de Deus. Somos porém bem puros para comparecermos diante de Deus e entrarmos na vida eterna? Ai! Quanta miséria e fragilidade! E fizemos tão pouca penitência, neste mundo, dos nossos pecados! 

*   *   *
Fonte: ”Tenhamos compaixão das pobres almas” – Mons. Ascânio Brandão. 

VAMOS RIR? MAS PRIMEIRO MEDITEMOS...

A ESCOLHA É SUA...
 
CÉU OU INFERNO?
 UMA PEQUENA AMOSTRA DO QUE ACONTECERÁ, QUANDO TU, HOMEM OU MULHER, TERMINARES OS DIAS NESTA TERRA... ACREDITE OU NÃO ESTE É, NA VERDADE, O SEU DESTINO ALÉM TÚMULO.
 
MAS AGORA VAMOS RIR, PERANTE UMA PEQUENA PARÓDIA, BASEADA NESTE FIM PREDITO, ACERCA DA CONJUNTURA SOCIAL- POLÍTICA, DESTE PAÍS À BEIRA MAR PLANTADO.
Fonte: um conjunto de diapositivos, enviado para o meu correio electrónico... Mas como não vi como enviá-lo para o Blog, apenas deixo o texto, o som ups! SOU LEIGA NESTAS COISAS!
 
CÁ VAMOS NÓS, TÍTULO: INFERNO PORTUGUÊS!



 
 
 
 
 
Um homem morre e vai para o inferno. Lá depara-se com um inferno para cada país. Vai primeiro ao inferno alemão e pergunta:
O que te fazem aqui? -Aqui primeiro põem-te no grelhador eléctrico durante uma hora, a seguir deitam-te numa cama cheia de picos durante outra hora e o resto do dia vem o diabo alemão e chicoteia-te.

Como não gostou nada foi ver em que consistiam os outros infernos. Tanto o inglês como o russo e para o resto dos infernos de todas as nações faziam o mesmo que o alemão. Verificou no entanto, que no inferno português havia uma grande fila à porta para entrar.
 
Intrigado pergunta ao último da fila: - O que fazem  aqui? - Aqui põem-te num grelhador eléctrico durante uma hora, a seguir outra hora numa cama cheia de picos e o resto do dia vem o diabo português e chicoteia-te.
-  Mas se é exactamente igual aos outros infernos, porque aqui  há tanta gente a querer entrar?
- Porque o grelhador não funciona, os picos da cama roubaram-nos e como todos os diabos são funcionários públicos, chegam....... marcam o ponto....... vão tomar café……. lêem os e-mails e já está na hora de sair…
 
PENA NÃO SE OUVIR ESTE DIABINHO ÀS GARGALHADAS!!!
Nema, escrava de Maria