OS DIAS MINGUAM, AS HORAS REPETEM-SE A UMA VELOCIDADE SEM FREIO!

sábado, 27 de dezembro de 2014

A SIMBOLOGIA DA ÁRVORE DE NATAL

Árvore de Natal - Sinal da vida que não perece
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22 de Dezembro de 2014 / 0 Comentários
 
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Redação - (Segunda-feira, 22- 12-2014, Gaudium Press) -
A árvore de Natal sempre aponta para o céu, e sua ramagem perpetuamente verde lembra-nos Aquele que nos concedeu a vida eterna.
Quando surgiu a árvore de Natal?
A história da festiva árvore começa nas densas florestas da Germânia, no século VIII. O grande São Bonifácio, bispo e apóstolo daquelas terras, havia então trazido um bom número de tribos pagãs ao rebanho de Jesus Cristo. Mas seu labor não era fácil. Por vezes, os conversos, cuja fé ainda era vacilante, recaíam nos perversos costumes de seus antepassados.
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Em certa ocasião, Bonifácio teve de realizar uma longa viagem a Roma, onde fora pedir conselho ao Papa Gregório II. Meses depois, ao retornar à região do Baixo Hesse, com horror surpreendeu alguns nativos que estavam a ponto de realizar um dos holocaustos humanos exigidos pela religião primitiva. Libertando nove meninos que seriam vítimas, o zeloso bispo quis, então, dar um público testemunho de quão impotentes eram os falsos deuses diante do Cordeiro de Deus.
Mandou abater o enorme carvalho de Thor, sob o qual se realizaria o sangrento sacrifício. Os sacerdotes pagãos o ameaçaram de ser fulminado pelos raios do deus do trovão. No entanto, derrubada a árvore, nada aconteceu, para humilhação dos gentios. Os relapsos se arrependeram, então, e muitos idólatras pediram o sacramento do batismo. A queda da árvore de Thor representou a queda do paganismo naquelas regiões.
Os germanos, já então pacificados e convertidos, adotaram o pinheirinho como um símbolo cristão. Ele sempre aponta para o céu, e sua ramagem eternamente verde lembra-nos Aquele que nos concedeu a vida eterna. Sob seus galhos já não há ofertas cruéis, mas sim os presentes em honra de Cristo recém-nascido.
Anos e anos mais tarde, a árvore de Natal transpôs as fronteiras da Alemanha. Nos séculos XVIII e XIX, tornou-se comum entre a nobreza europeia, alcançando as cortes da Áustria, França e Inglaterra, até a longínqua Rússia. Dos palácios difundiu-se pelo povo da Europa e, por fim, nos dias de hoje, a encontramos espalhada por todo o orbe.
No centro da cristandade, em plena Praça de São Pedro, todos os anos, é erguida uma árvore de grandes proporções, elegantemente ornada, segundo é próprio à dignidade do local. Tocado pela sua beleza e simbolismo, o saudoso Papa São João Paulo II a ela se referiu, em dezembro de 2004:
"A festa do Natal, talvez a mais querida à tradição popular, é extremamente rica de símbolos, ligados às diferentes culturas. Entre todos, o mais importante é, sem dúvida, o presépio [...].
Ao lado deste, como nesta Praça de São Pedro, encontramos a tradicional ‘árvore de Natal'. Também esta é uma antiga tradição, que exalta o valor da vida porque na estação invernal, a árvore sempre verde se torna um sinal da vida que não perece. Geralmente, na árvore adornada e aos pés da mesma são colocados os dons de Natal. Assim, o símbolo torna-se eloquente também em sentido tipicamente cristão: evoca à mente a ‘árvore da vida' (cf. Gn 2, 9), figura de Cristo, supremo dom de Deus à humanidade.
Por conseguinte, a mensagem da árvore de Natal é que a vida permanece ‘sempre verde', se ela se torna dom: não tanto de coisas materiais, mas de si mesmo: na amizade e no carinho sincero, na ajuda fraterna e no perdão, no tempo compartilhado e na escuta recíproca. Que Maria nos ajude a viver o Natal como uma ocasião para saborear a alegria de nos doarmos a nós mesmos aos irmãos, especialmente aos mais necessitados". (São João Paulo II, Ângelus, 19/12/2004)
Para que tanto enfeite na árvore de Natal?
A tradição católica assimilou a árvore de Natal com uma nova árvore da vida, aquela do jardim do Éden, lá no Paraíso (Gn 2,9). É costume enfeitá-la com bolas coloridas, como se fossem frutos, e com outros adornos natalinos. Os enfeites alegorizam desejos, virtudes, vínculos e sonhos das pessoas e da cada onde está a árvore de Natal. Já no tempo de São Bonifácio, as árvores de Natal eram enfeitadas com maçãs, evocando a nova frutificação e o antigo pecado original. Ao contrário da história do Éden sobre a serpente e a maçã (do latim: arvore_natal_2.jpg
malum), a árvore de natal passou a evocar vida e salvação, plantada nas casas. As árvores também eram decoradas com velas, representando Nosso Senhor Jesus Cristo, a Luz do mundo. O costume difundiu-se pela Europa. Uma das primeiras registadas dos enfeites é do século XVI e vem da Igreja da Alsácia, na França. As famílias decoravam os pinheiros com papéis coloridos, enfeites, frutas e doces. Espalhada por toda a Europa, a tradição de enfeitar a árvore de Natal chegou ao continente americano por volta de 1800.
Qual o simbolismo das bolas?
Desde o século VI, a tradição da árvore de Natal evolui: trocaram-se as perecíveis maçãs da árvore do Éden por bolas e enfeites, como sinal dos frutos da vida. As tradições familiares variam. Alguns colocam 12 bolas ou múltiplos de doze para evocar os doze apóstolos. Outros colocam 33 bolas, para lembrar os anos da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Outros adornam progressivamente a árvore de Natal com 24 a 28 bolas, dependendo do número de dias do Advento (do latim, Adventus: chegada). Outros ainda adornam a árvore de uma só vez. Às vezes, as crianças elaboram suas próprias bolas. Em outras famílias, as bolas são colocadas com uma oração ou um propósito em casa uma, até o dia de nascimento de Nosso Senhor. Para certas ordens religiosas, as bolas representam as orações do período do Advento: as azuis são orações de arrependimento, as prateadas de agradecimento, as douradas de louvor e as vermelhas de prece.
Por que as bengalas, os 3 sinos e os 7 anjinhos?
Os enfeites da árvore de natal são um espaço de liberdade, arte e poesia para a criatividade familiar. Alguns são tradicionais e merecem destaque. Os 3 sininhos simbolizam a Santíssima Trindade e também costuma adornar a guirlanda do Natal, na entrada das casas. Os 7 anjinhos representamos espíritos angélicos, os anjos dos pequeninos diante de Deus, contemplando e intercedendo por todos (Mt 18,10). As bengalinhas evocam a caminhada, o trabalho de cada um e também o pastoreio de Nosso Senhor, o cajado do Bom Pastor. Também colocam-se pequenos e bonitos pacotinhos e presentinhos dependurados na árvore ou aos seus pés. Eles representam as boas ações e os sacrifícios, os "presentes" que serão dados a Nosso Senhor Jesus Cristo no Natal. (São João Paulo II, Ângelus, 19/12/2004)

 
- Por Evaristo Eduardo de Miranda
Doutor em ecologia, autor do livro "Guia de curiosidades católicas", Ed. Vozes e diretor do Instituto Ciência e Fé.
Dirige a EMBRAPA Monitoramento Ambiental por Satélite, Campinas/SP.
(in Revista Arautos do Ev'angelho, Dez/2007, n. 72)


Conteúdo publicado em gaudiumpress.org, no link http://www.gaudiumpress.org/content/65820-Arvore-de-Natal---Sinal-da-vida-que-nao-perece#ixzz3N7MKaRxU
Autoriza-se a sua publicação desde que se cite a fonte.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

A HERANÇA DOS AFECTOS...

Territórios de afecto

    

     © Fornecido por P3                         
 
Os mapas vivem-se, como os livros, a oratória de Bach ou as telas. Materializam o sonho não de quem a criou, mas de quem as toma por suas. Herdei dos meus pais um mapa do belo, dos territórios do afecto e da pertença. Da terra da infância sustive dentro de mim o odor inconfundível do pão quente ao romper da manhã, o pudim de ovos caseiro no seu abraço de caramelo - o amor declina-se tantas vezes em comida - o reflexo da lua nos carris do eléctrico 18, a interpelação diária do Tejo, azul a dissolver-se nos olhos, as grandes casas imperiais à beira rio, a luz branca de Lisboa.
A vida passa num fósforo quando se vive noutra geografia. Em dezoito anos de ausência, de emigração, compreendi que a felicidade consiste também em travar o tempo e encerrar na concha da mão as memórias, as pessoas de com quem nos importamos, que nos preenchem de uma forma que por vezes as palavras não conseguem explicar. É preciso dizer-lhes os nomes, devagar, ao peso de cada sílaba, nem que seja no Natal.
Gosto desta época do ano. Do perfume do gengibre, do anis, da canela, do cravinho. De se sentir contra o céu da boca as rabanadas molhadas em calda de açúcar. Gosto de ver a casa cheia de brilhos e de abrir os cartões manuscritos de quem não se rendeu ao email.
No meu mapa privado de afectos refugio-me quando a luz se desvanece e entro no mundo de chumbo dos que nasceram do lado equivocado da vida. Entre eles e mim, entre eles e nós, existe apenas um acaso, separam-nos milímetros, mas são maiores do que quilómetros.
Com a família reunida à mesa em Bona, neste prelúdio de Natal, sublinho contrastes, como numa câmara escura. Penso em tantas vidas que com a minha se cruzaram, às vezes por breves instantes, no exercício de ver não apenas olhar, a essência da profissão de jornalista. Nunca conseguirei arrancar de dentro de mim uma mãe que ofereceu o filho bebé. Não queria dinheiro, apenas que o menino tivesse outra vida. Uma existência do lado certo da vida. O coração contraiu-se-me até ficar com a consistência da pedra.
Se me pedissem para traçar o epílogo das tantas viagens que fiz, a favor e contra o sentido de rotação da terra, escreveria que ensinaram a aceitar a imperfeição e, olhando-a nos olhos, a perdoar, a rir sem o remorso da alegria e deixar-se encantar. E mais que tudo a não silenciar a voz em defesa dos direitos humanos mais elementares, aqueles que damos por adquiridos nas nossas vidas confortáveis: brincar, aprender a ler, ter que comer, a ter dignidade, a ser respeitado. Por eles troquei, sem hesitar, o jornalismo pela política de desenvolvimento e pelo desconforto do mundo. Não digo que é fácil, mas apesar todas as incomodidades não trocaria por nada o que faço.
Com a casa posta em silêncio, desligo as luzes da árvore de Natal e faço uma viagem sem distância, a favor e contra o sentido de rotação da terra. Nela rascunho um abraço apertado à família distante, aos amigos de infância polvilhados pelo mundo, mas cuja amizade não mudou de sítio - a tantos reencontrei-os nessa maravilha que é o Facebook - aos amigos da faculdade, das noites mal dormidas entre livros, conversas e promessas de futuro aos que se foram inscreveram na lista de afectos. A amizade é como um jogo de Lego, com múltiplas possibilidades, em permanente construção.
 
Quis partilhar este artigo, porque me fez ir ao sótão das lembranças duma vida
aparentemente esquecida, mas que em épocas como esta do Natal, somos capazes de visualizar, sentir e captar o odor desses tempos de criança, numa envolvência ternurenta, amorosa e sobretudo singela em que todos se tinham como família, se chamavam de tios e tias, de primos e primas... onde o respeito era lei para ser cumprida; a dignidade do ancião era doutrina a ser ensinada aos mais novos. A Moral Cristã e Civilizacional  era cartilha obrigatória. 
 
  Em contraste, HOJE, o ancião é trapo velho! Ninguém se conhece, principalmente, quando a escada para chegar ao poder se coloca  entre e sobre os mais frágeis e desprotegidos sejam eles pais, pessoas vindas do mesmo meio, etc... Aqui fica uma máxima que nestes tempos pouco ou nada vale...
Nema, escrava de Maria, no interior do sótão das lembranças

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

COMO É BOM QUANDO ENCONTRAMOS O MENINO DEUS!

Duas conversões ocorridas no dia de Natal
Diác. Inácio de Araújo Almeida, EP - 2014/12/18            
Jesus, Maria e José no presépio.jpg

Como é bela a conversão de um pecador, arrancado por Deus das trevas da impiedade! Que beleza, também, a de um inocente elevado pela graça para um mais fulgurante esplendor!
Diác. Inácio de Araújo Almeida, EP
Paul_Claudel.jpg
Paul Claudel em março de 1927,
sendo embaixador da França nos Estados Unidos
Paris, 25 de dezembro de 1886. Uma multidão de fiéis acorre jubilosa à Catedral de Notre Dame, para a solene comemoração do nascimento do Menino Deus. Entre eles se encontra um jovem de 18 anos que começara a dar os primeiros passos na carreira de escritor. Lá se dirigia, entretanto, não movido por amor ao Divino Infante, mas pela esperança de encontrar nas cerimônias de Natal algo que lhe inspirasse um bom tema para seus escritos.

Não atingira ainda a idade adulta e já se considerava um ateu convicto. Sua adolescência transcorrera num ambiente de indiferença religiosa e de profunda descrença nas realidades sobrenaturais. Como a maioria das crianças de sua época, havia feito a Primeira Comunhão. Entretanto, aquele encontro com Cristo na Eucaristia "foi ao mesmo tempo o coroamento e o fim de minhas práticas religiosas",1 afirmou.
Algum tempo depois ingressou no Liceu Louis-le-Grand, um dos mais renomados centros de estudos parisienses e um foco de difusão do materialismo em seu tempo. Escreveu ele, a propósito desse período de sua vida: "Eu acreditava que tudo estava submisso às ‘leis' e que este mundo era um inexorável encadeamento de causas e efeitos, o qual a ciência não tardaria a esclarecer plenamente. [...] Além disso, vivia na imoralidade e ia caindo, pouco  a pouco, num estado de desespero. [...] Essa era a infeliz criança que, em 25 de dezembro de 1886, entrou na Catedral de Notre Dame de Paris para assistir aos ofícios de Natal".
"Meu coração sentiu-se tocado, e tive fé"
Louis Charles Athanaïse Cécile Cerveaux Prosper - assim se chamava esse jovem francês que depois se tornou mundialmente conhecido sob o pseudônimo de Paul Claudel - assistiu sem grande interesse à Missa matutina e retornou à tarde para o Ofício de Vésperas. Postou-se num local de onde podia contemplar num só relance o público e a cerimônia. De pé, apertado no meio da multidão, aguardava com indiferença o início do ato litúrgico que seria acompanhado pelo coro da catedral, reforçado pelo do seminário menor. Quando, no final, os cantores entoaram o Magnificat, aconteceu o maravilhoso fato que mudou os rumos de sua vida. Muito tempo depois, ele narrou com palavras de vivo arrebatamento espiritual esta decisiva graça recebida:
"Num relance, meu coração sentiu-se tocado, e tive fé. [...] Tentando, como tenho feito amiúde, reconstituir os minutos que se seguiram a este momento excepcional, encontro os seguintes elementos que, todavia, formavam um só fulgor, uma só arma da qual Se servia a Providência para atingir e abrir o coração de um pobre filho desesperado: ‘Como são felizes os que creem! E se fosse verdade? É verdade! Deus existe, está aqui! É alguém, é um ser tão pessoal como eu! Ama-me! Chama por mim!'. Invadiram-me as lágrimas e os soluços, e o suave canto Adeste fideles aumentava minha emoção".3
Início de uma dura e longa batalha
Doce emoção, observa ele, mas mesclada com um sentimento de espanto e quase de horror, ao constatar que permanecia inteiro em sua mente o edifício de erradas concepções filosóficas e preconceitos contra a Religião.
De qualquer forma, de volta ao lar após a celebração litúrgica, abriu uma Bíblia e ouviu pela primeira vez o timbre da "tão doce e inflexível voz" 4 do Livro Sagrado, a qual, desde então, não cessou de ressoar em seu coração. Cada palavra, cada linha, demonstrava com majestosa simplicidade a divindade de Jesus Cristo. "Sim, Jesus era o Filho de Deus. É a mim entre todos que Ele Se dirigia e prometia seu amor. [...] Que me importava o resto do mundo, em comparação com este Ser novo e prodigioso que acabava de me ser revelado?".
Paris_Notre Dame.jpg
Cerimônia litúrgica na catedral de Notre Dame

Assim falava em seu interior o homem novo, mas... o homem velho resistia com todas as suas forças. E essa resistência durou quatro anos, submetendo o jovem literato a uma rude prova em defesa da fé recém-adquirida. A exemplo de Santo Agostinho, Claudel não hesita em externar o que se passava em sua alma:
"Confessarei? No fundo, o sentimento que mais me impedia de manifestar minhas convicções era o respeito humano. A ideia de revelar a todos a minha conversão, de anunciar à minha família que faria abstinência às sextas-feiras, de apresentar-me como um dos católicos tão ridicularizados, tudo isso me causava suores frios. E, por vezes, experimentava uma verdadeira indignação pela violência que assim me era feita. Mas sentia sobre mim uma mão firme".
Nada a estranhar nessa imensa batalha interior, pois - salvo raras exceções, como a de Saulo a caminho de Damasco -, a graça da conversão se efetiva mediante um processo que às vezes perdura toda a vida. Para o novel convertido, a luta foi dura a ponto de arrancar-lhe este significativo comentário: "Os jovens que tão facilmente abandonam a fé não sabem quanto custa recuperá-la".
"O grande livro... no qual fiz meus estudos"
Claudel não conhecia nenhum sacerdote, nem tinha sequer algum amigo católico que pudesse orientá-lo nos primeiros passos rumo a Deus. Empenhou-se então no estudo da Religião, favorecido pela graça e por privilegiada inteligência.Sta Teresinha do Menino Jesus.jpgMenciona os livros que mais o ajudaram nessa caminhada. Entre outros, Elevações sobre os mistérios e Meditações sobre os Evangelhos, de Bossuet; os relatos da Bem-aventurada Ana Catarina Emmerick; Metafísica, de Aristóteles. E acrescenta, transbordante de gratidão: "Mas o grande livro aberto para mim, no qual fiz meus estudos, foi a Igreja. Louvada seja sempre esta grande Mãe majestosa em cujos joelhos tudo aprendi!".
Tudo aprendeu, como? Assim relata ele o efeito produzido em sua alma pela pulcritude das celebrações litúrgicas, cuja magnificência ultrapassava todas as suas imaginações:
"Não conseguia saciar-me por completo com o espetáculo da Santa Missa, e cada movimento do sacerdote gravava-se profundamente no meu espírito e no meu coração. A leitura do Ofício de Defuntos, a do Natal, o drama da Semana Santa, o sublime cântico do Exultet, ao lado do qual me pareciam insípidas as harmonias mais inebriantes de Sófocles e Píndaro, tudo isso me sobrecarregava de respeito e alegria, de gratidão, arrependimento e adoração! Pouco a pouco, lenta e penosamente, floresceu em meu coração a ideia de que a arte e a poesia também são coisas divinas".
Por fim, a segunda Comunhão
Frequentando com assiduidade a Catedral de Notre Dame, quanta "santa inveja" sentia Claudel dos fiéis que comungavam! Ele apenas se atrevia a, nas sextas-feiras da Quaresma, entrar na fila dos que iam beijar reverentemente a coroa de espinhos. Passava-se assim o tempo e sua situação se tornava insuportável. Pedia forças a Deus e vertia lágrimas em segredo, mas não ousava abrir sua alma ao ministro de Deus, na Confissão. Entretanto, a voz da graça conquistava terreno em seu coração, e suas objeções se enfraqueciam. No terceiro ano, conseguiu forças para ajoelhar-se no confessionário da Igreja de Saint-Médard, sua paróquia. Teve ali uma provação a mais: o confessor não estava à altura das necessidades daquela alma. Saiu do confessionário humilhado e enfurecido, e só voltou a ele um ano depois.
Encontrou desta vez um jovem sacerdote misericordioso e caritativo, com o qual pôde abrir-se por inteiro e, por fim, sair com a alma "mais alva do que a neve" (Sl 50, 9). E assim, no Natal de 1890, exatamente quatro anos após a fulgurante graça da conversão, Paul Claudel teve a felicidade de fazer a segunda Comunhão de sua vida.
No mesmo dia de Natal
No mesmo dia de Natal de 1886, em que a Divina Providência tocou de modo irresistível a alma ateia de Paul Claudel, uma adolescente de 13 anos, chamada Marie-Françoise-Thérèse Martin, recebia a graça por ela denominada de "minha completa conversão".
Ainda na flor da juventude, Teresa estava já avançada nas vias da santidade. Como, pois, falar em "conversão"?
Como a própria Santa explica em sua encantadora História de uma alma, tinha ela, desde a primeira infância, a sensibilidade muito à flor da pele. Se lhe acontecia de causar involuntariamente um leve desgosto a alguma pessoa amada, desatava num copioso pranto; e quando, por fim, alguém a conseguia consolar, ela recomeçava a chorar por ter chorado!... Isso, por certo, causava-lhe sofrimento, sobretudo por ver quanto incomodava as pessoas que ela mais estimava.
Deus, entretanto, teve pena dela e operou um pequeno milagre que não só a livrou desse importuno defeito, mas fortaleceu de tal modo sua alma que a partir de então, confidenciou ela, "não saí vencida em nenhum combate. Pelo contrário, andei de vitória em vitória e iniciei, por assim dizer, ‘uma corrida de gigante'".
Começa o mais belo período de sua vida
Essa graça da "completa conversão", ela a recebeu pouco depois de chegar à casa com seu pai e suas irmãs, de volta da Missa do Galo. Apesar de ser já uma mocinha, Teresa era a caçula da família e tinha ainda o "privilégio" de, nas noites de Natal, deixar na lareira um par de sapatos nos quais se colocavam os presentes natalinos.
Seu pai, o Beato Luís Martin, gostava de ver a alegria de sua "rainhazinha" ao tirar cada presente dos sapatos. Nessa noite, porém, querendo fazê-la passar para uma nova etapa de sua vida espiritual, Jesus permitiu que ele - já idoso e tomado de cansaço àquela hora da madrugada - se aborrecesse ante a repetição daquele inocente mas extemporâneo costume infantil e manifestasse desagrado com palavras que fizeram brotar instantaneamente as lágrimas nos olhos da menina. Porém ela logo as reprimiu, comprimiu as fortes pulsações do coração, pegou os sapatos, colocou-os diante do pai e tirou alegremente, um a um, todos os objetos. Surpresos ante tão inesperada mudança, o pai e as irmãs sorriam contentes, e sua irmã Celina julgava estar sonhando.

objetos pertencentes a Santa teresinha.jpg
Nessa noite, Teresinha reencontrara a força de alma que perdera aos quatro anos;começava o
terceiro e mais belo período de sua vida

Objetos pertencentes a Teresa Martin expostos em sua casa natal, em Lisieux
Mas não era um sonho. "Felizmente" - escreve a Santa - "era uma doce realidade. Teresinha reencontrara a força de alma que perdera aos quatro anos e meio e ia conservar para sempre!... Nessa noite de luz, começou o terceiro período da minha vida, o mais belo de todos, o mais cheio das graças do Céu... Num instante, a obra que eu não pudera cumprir em dez anos, Jesus a fez contentando-Se com a boa vontade que nunca me faltara. Como os Apóstolos, podia dizer-Lhe: ‘Senhor, pesquei a noite toda sem nada pegar'. Ainda mais misericordioso comigo do que com os discípulos, Jesus pegou Ele mesmo a rede, lançou-a e retirou-a cheia de peixes... Fez de mim um pescador de alma".
Como é bela a conversão de um pecador, arrancado por Deus das trevas da impiedade ou da lama dos pecados e purificado na pia batismal ou no Sacramento da Reconciliação! Que beleza, também, a de um inocente elevado pela graça, não das trevas para a luz, mas de um esplendor para outro mais fulgurante! Difícil dizer qual das duas conversões é mais bela. São maravilhas da graça complementares, cada qual com seu resplendor próprio.
Pecador ou inocente. Todos nós, sem qualquer exceção, nos enquadramos numa dessas categorias de alma e necessitamos de contínuas conversões. E a noite de Natal é uma excelente ocasião para pedir tal graça ao Menino Jesus, à Virgem Santíssima e a São José.
 (Revista Arautos do Evangelho, Dezembro/2014, n. 156, p. 18 a 21) 

A VISITA INESPERADA QUE MUITOS REJEITAM


É NOITE DA CONSOADA- CELEBRA-SE O ANIVERSÁRIO DO DEUS MENINO


Estamos na última semana de 2014.

As pessoas, actualmente, depois do afogadilho das compras e das prendas, aí estão à volta da mesa para festejar o Papai Noel, enquanto as crianças, ansiosas, querem ver os presentes que estão à volta da árvore de Natal!

Mas esta noite, também se celebra o aniversário do Menino Deus... No meio do montão de compras, será que alguém se lembrou de comprar uma prenda em Sua honra?

Estou só, olhando para o relógio do computador, vejo que neste momento passam alguns minutos da meia noite...

Estão a bater-me à porta... Quem será?

Nem a propósito... Ele aqui está ao meu lado! Vem com ar de um caminhante cansado e abatido pela tristeza que é visível no seu rosto.

Meu Mestre e Senhor, porque vindes com esse ar de tristeza e tão cansado?

-” Hoje já bati a um sem número de portas e a verdade é que ninguém Me convidou para entrar, embora alguns me tenham abrido a porta.

A festa desta noite era para Mim! Mas fecharam a porta na minha cara.

Mas sabes, filha minha, não Me surpreendeu nada, porque fecharam a porta...

Meu Mestre e Senhor! Mas porquê Senhor meu?!
Primeiro, porque nos últimos anos apareceu um velho de barbas e todos o procuram nas grandes superfícies e trazem-no para o colocarem num lugar de destaque. Numa das casas que Me abriu a porta e depois fechou-a, Eu entrei devagarinho, sem fazer ruído e fiquei num cantinho.

Uns partilhavam prendas, outros já embriagados contavam piadas mundanas, não respeitando a inocência das minhas crianças!... Chegou de repente esse velho vestido de vermelho a gritar ho! ho! oh!... Parecia também embriagado, sentou- se pesadamente numa cadeira que já estaria reservada para ele...


Todos eufóricos, principalmente as crianças, gritavam em surdina: papai Noel, papai Noel, papai Noel!!! E ali descobri que a festa era dele e para ele.
Há pouco, quando deram as 12 badaladas, no sino da igreja, foi o maior reboliço: abraços, prendas e mais prendas... Sabes filha minha, que ainda pensei que alguém Me visse e Me oferecesse uma prenda pequena que fosse ou tão só um beijo e um abraço de alguma das minhas crianças! Mas verifiquei que o ruído era tanto e que não havia um sinal sequer para a celebração do Meu aniversário. Então percebi que estava sobrando na festa,  saí sem ruído...

Vi-te sozinha, bati à tua porta. Abriste-ma, aqui estamos neste quarto silencioso, sem prendas nem festa, nem nenhum elemento festivo, reparei que me honras com a Minha imagem de Criança, doada pelo Meu Pai Celeste, aos homens, mas eles esqueceram-se do verdadeiro significado do NATAL.
Segundo, digo-te que cada ano que passar, as festas  hão-de tornar-se mais mundanas, duplicarão para homenagearem o EGO humano, as orgias serão ponto fulcral dessas mesmas folias.
As minhas crianças serão objecto e manipuladas para se tornarem robôs dos humanos.
Cada vez menos pessoas Me hão-de honrar e lembrar desta noite Santa!... Como tu, ainda tenho seguidores que Me dão alegria e Me colocam no centro das celebrações!

Como Eu gostaria que a humanidade se deixasse prender pelo meu Amor Misericordioso e Me deixasse entrar, abrindo-Me a porta de seus corações de pedra, Eu lhes daria um novo coração e eles acreditariam finalmente que Eu, Jesus Cristo, vim do Pai, ao Mundo para salvar a Humanidade inteira!
Fica comigo em silêncio, olhando os Meus olhos. Não procures distrair-te, nem buscar inspiração fora de Mim. Fixa-te em Mim, só em Mim.
Não penses em mais nada senão dulcificar com o teu amor, com o amor que fores capaz, a minha dor e cansaço.
Meu Senhor e Meu Mestre, arrancai do fundos dos nossos corações, todas as suspeitas, indignação, disputa ou cólera, para que possamos conviver sem ofensas à caridade, nem diminuição do amor fraternal. Perdoai, Senhor meu, aos que imploram a vossa misericórdia; dai a vossa graça aos que dela necessitam e aumentai a nossa Fé.
Ó Amor, soberano Amor do meu Senhor, onde estará o coração devoto que saiba glorificar-Vos quanto deve? Seja esse vosso Coração, Senhor meu, que habite sempre em meu coração humilhado!
Nema, escrava de Maria Adaptação de uma pequena história

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O QUE DESEJO NESTE NATAL?

JESUS DIZ-NOS HOJE: "EU CONTO CONTIGO!"
 
QUERES RECEBER A PRENDA MAIS FANTÁSTICA DO NATAL?
 
ABRE O TEU CORAÇÃO E DEUS COLOCARÁ NELE O SEU FILHO JESUS. ASSIM, COM ELE, PODERÁS SEMEAR PAZ, AMOR, FELICIDADE...
 
A TODOS OS MEUS SEGUIDORES E VISITADORES DESEJO UM HARMONIOSO TEMPO DE BEM ESTAR EM COMUNHÃO FRATERNA COM JESUS PRESENTE EM CADA CORAÇÃO, NA FAMÍLIA  E À VOLTA DE TODOS.
 
Nema, escrava de Maria

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

COMO NASCEU O COSTUME DE MONTAR O PRESÉPIO!

O primeiro presépio da História
Victor Toniolo - 2011/12/19
                          
Presepio - Salamanca - Espanha.jpg

Como surgiu o piedoso costume de montar presépios por ocasião do Natal?
Corria o ano de 1223. A neve cobria com seu alvo manto a pequenina cidade de Greccio, no centro-sul da Itália. Os sinos repicavam festivamente, anunciando a noite de Natal.
Todos os habitantes, camponeses em sua maioria, encontravam-se reunidos em torno de São Francisco de Assis, que procurava explicar- lhes o mistério do nascimento do Menino-Deus. Eles ouviam com respeito, mas... não davam mostras de terem realmente compreendido. O que fazer?
São Francisco procurou um modo mais didático de explicar aos iletrados aldeões a história do Natal. Mandou trazerem-lhe uma imagem do Menino Jesus, uma manjedoura, palhas, um boi e um burro. Os campônios entreolharam-se, surpresos, masMadonna delle Ombre? (detalhe), por Fra Angelico - Convento de São Marcos, Florença - Foto Gustavo Kralj.jpg providenciaram tudo sem demora.
Em pouco tempo, o Santo compôs a cena: no centro, a manjedoura com as palhas; no fundo, os dois pacíficos animais. Faltava apenas a imagem do Menino Jesus. Com grande devoção, São Francisco tomou- a nos braços, para depositá-la na manjedoura.
Dá-se então um grande prodígio! Ante os olhos maravilhados de todos, a imagem toma vida e o Menino sorri para São Francisco. Este abraça ternamente o Divino Infante e O deita sobre as palhas da manjedoura, enquanto todos se ajoelhamem atitude de enlevada adoração.
O Menino-Deus sorri uma vez mais e abençoa aqueles camponeses ali prostrados a seus pés.
Poucos instantes depois, havia sobre as palhas uma simples imagem inanimada... Mas na alma de todos permaneceu a recordação viva do Menino Jesus. Ele lhes havia sorrido!
A partir de então, o povo de Greccio montava todos os anos o “presépio de São Francisco”, na cândida esperança de que o  milagre se renovasse. Não foram iludidos em sua esperança. Embora a imagem não mais tomasse vida, a Virgem Maria lhes falava especialmente à alma nessas ocasiões, com graças sensíveis.
Que graças? As graças próprias à Liturgia do Natal.
Só para os aldeões de Greccio? Não! Em todos os presépios do mundo está presente o Menino Jesus — com Maria, sua Mãe, e São José — à espera apenas de que nos acerquemos para, também nós, recebermos um sorriso e uma bênção. É justamente por este motivo que se espalhou por todo o universo católico o costume de montar presépios por ocasião do Natal.
Faça, leitor, como os habitantes de Greccio. Ajoelhe-se piedosamente diante do Menino Jesus no presépio e, por intercessão da Virgem Maria, peça para si e para todos os seus entes queridos esse sorriso que comunica felicidade, essa bênção que transmite paz(Revista Arautos do Evangelho, Dez/2003, n. 24, p. 50-51)

O TEMPO DO NATAL QUE CONVIDA AO AMOR E A BARBÁRIE DO HOMEM!

Perante este dilema, o que sobressai?


( A MATANÇA CONTINUA E AS INOCENTES CRIANÇAS SÃO O ALVO MAIS APETECIDO DOS MONSTROS HUMANOS QUE SE TORNARAM PIORES QUE OS ANIMAIS)
          Nema,  escrava de Maria
Desde que vi a primeira execução de um refém por parte dos jiadistas, para além do horror lógico que o ato provoca em qualquer ser humano, pensei muito na marcante imagem daquele holocausto pseudo-religioso. É que aquela imagem em concreto tinha sido arquitetada, construída, especificamente para mim, jornalista. A brutalidade da execução não visava a vítima mas sim o veículo da imagem junto da opinião pública mundial. A imagem apenas chegaria ao mundo se eu a divulgasse e só nesse sentido a morte do refém estaria justificada. Perante esta evidência, que fazer? A consciência e o código deontológico ditariam, de imediato, que não deveria divulgar a imagem. Estava perante um ato bárbaro, uma violência gratuita, mas que pela sua força brutal de sangue me obrigava a não virar a cara para o lado. Ou seja, divulgar a imagem colocava-me no papel de cúmplice de um assassino que apenas queria gerar medo no mundo e terror nas opiniões públicas. Mas, por outro lado, não divulgar a imagem de tanta barbárie impediria a divulgação de tais atrocidades por parte de um regime que não é apenas virtual ou cibernético, mas que existe e mata.
Perante este dilema, o que sobressai?
Os valores da democracia, da paz, da atitude civilizacional de um povo ou de um regime? Não, para mim sobressaiu o valor do sofrimento. Por alguma razão aquela imagem incomodou-me. Incomodou-me o sofrimento anterior à morte, que deve ter sido imenso e indescritível para as vítimas e para as famílias, e incomodou-me o sofrimento em si da morte por decapitação com uma faca. Que sentido tem o sofrimento inútil que na morte tem a sua consequência? Quando se trata de um sofrimento inconsequente, não tem sentido nenhum, nem mesmo aquele que os seus executores quiseram dar. No fundo, apenas estão a usar uma arma para intimidar. Essa arma chama-se medo. A morte em si poderia ter sido levada a cabo de outra forma qualquer mas não foi assim, a morte foi assustadora, injusta e aleatória. O sofrimento não foi redentor.
Eu, católico…
Eu, católico, posso ser acusado de fazer ostentação de um Cristo sofredor na cruz. No fundo, faço do meu estandarte uma imagem de sofrimento e de dor. Alguém que refém da cobiça e do pecado do Homem, também sofreu uma morte atroz. Bem certo que não foi às mãos dos jiadistas mas as mãos de há dois mil anos foram, de igual forma, assustadoras, injustas e aleatórias. E dessa imagem de morte fez-se a propagação da fé e da religião que tem em Deus, o pai de Jesus. A morte redentora de Cristo diverge da morte dos reféns às mãos dos jiadistas num ponto fulcral: a morte de Cristo, a crucificação é/foi um momento provisório. A consequência da paixão e do sangue redimiram o ato bárbaro da sentença de morte. O sofrimento não foi fim, mas meio. A morte não foi espetáculo, mas caminho. O erro da Humanidade, na perspetiva cristã, não foi matar Jesus, foi não aceitá-lo como Filho de Deus e salvador da alma humana.
Perante a imagem provisória de Cristo na Cruz construo a convicção profunda e a Fé que para além desse estertor há a Vida na sua máxima expressão, não apenas num Além "post mortem"mas num Além começado e construído neste mundo. Por essa razão, as imagens dos reféns decapitados me incomodaram. Elas não vão mudar o Mundo, elas vão apenas empobrecer a espécie humana. Talvez por essa razão tais imagens devam ser divulgadas para que ninguém esqueça do que a Humanidade é capaz no seu pior. Pela mesma razão que as imagens de Auschwitz, Buchenwald ou Bergen-Belsen já o fizeram no passado (não muito longínquo).
 
Paulo Nogueira
Jornalista
Publicado em 10.12.2014
 
 
Ao ler este artigo, achei por bem divulgá-lo... hoje antevéspera da memória do aniversário do nascimento do Filho de Deus, não posso deixar de dizer, como o jornalista, me incomodam, mais ainda, quando se ouve que os massacres continuam e ceifam os inocentes, tal como há dois mil anos, devido ao instinto animalesco dum homem que só queria o poder... E HOJE???
Nema, escrava de Maria  

JESUS VAI PASSAR E BATER À TUA PORTA!

Se Deus nos enviar um anjo, dar-nos-emos conta?


Maria é aquela que tornou possível a incarnação do Filho de Deus, «a revelação do mistério, envolvido no silêncio por tempos eternos» (Romanos 16, 25). Tornou possível a incarnação do Verbo precisamente graças ao seu "sim" humilde e corajoso.
Maria ensina-nos a colher o momento favorável em que Jesus passa na nossa vida e pede uma resposta pronta e generosa. E Jesus passa. Com efeito, o mistério do nascimento de Jesus em Belém, acontecido historicamente há mais de dois mil anos, atua, como evento espiritual, no «hoje da liturgia».
O Verbo, que encontrou morada no ventre virginal de Maria, na celebração do Natal vem novamente bater ao coração de cada cristão: passa e bate. Cada um de nós é chamado a responder, como Maria, com um "sim" pessoal e sincero, colocando-se plenamente à disposição de Deus e da sua misericórdia, do seu amor.
Quantas vezes Jesus passa na nossa vida, e quantas vezes nos envia um anjo, e quantas vezes não nos damos conta porque estamos muito ocupados, imersos nos nossos pensamentos, nos nossos afazeres e até, nestes dias, nos nossos preparativos de Natal.


 Quantas vezes não nos damos conta dele que passa e bate à porta do nosso coração, pedindo acolhimento, pedindo um "sim", como o de Maria.
Um santo dizia: «Tenho medo de que o Senhor passe». Sabeis porque tinha medo? Medo de não o acolher e deixá-lo passar. Quando nós ouvimos no nosso coração: «Quero ser melhor... Estou arrependido do que fiz...» - é precisamente o Senhor que bate à porta.
Deus faz-te sentir isto: a vontade de seres melhor, a vontade de permaneceres mais próximo dos outros, de Deus. Se tu sentes isto, então para: o Senhor está aí. Vai rezar, e talvez à confissão, fazer uma limpeza: faz bem. Recordai-vos bem: se sentis esta vontade de melhorar, é ele que bate - não o deixeis ir embora.
No silêncio do Natal, junto a Maria está a silenciosa presença de S. José, como está representada em cada presépio - e também naquele que podeis admirar aqui, na Praça de S. Pedro.
O exemplo de Maria e de José é para todos nós um convite a acolher Jesus com total abertura de alma, Ele que por amor se fez nosso irmão. Ele vem trazer ao mundo o dom da paz: «Paz na Terra aos homens por Ele amados» (Lucas 2, 14), como anunciaram em coro os anjos aos pastores.
O dom precioso do Natal é a paz, e Cristo é a nossa verdadeira paz. E Cristo bate aos nossos corações para nos dar a paz, a paz da alma. Abramos as portas a Cristo.
Confiamo-nos à intercessão da nossa Mãe e de S. José para viver um Natal verdadeiramente cristão, livre de toda a mundanidade, pronto a acolher o Salvador, o Deus connosco.

Papa Francisco
Angelus, 21.12.2014
Praça de S. Pedro, Vaticano
Trad. / edição: Rui Jorge Martins
Publicado em 21.12.2014