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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

ESTALINE, UM HOMEM CONTRADITÓRIO!

Estaline. A vida privada de um homem de ferro

Jornal i-

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       No dia 17 de Julho de 1949, Estaline dirigia- -se, com os guarda-costas, para a sua datcha de Semenskoe. O carro blindado passou por uma paragem onde se amontoavam uma série de pessoas. "Estaline ordenou ao motorista que parasse. 'Estas pessoas estão molhadas, vamos levá-las para sua casa. Convide-as para entrar no carro", disse ao guarda-costas. Este saiu e aproximou--se dos populares, e convidou-os, da parte de Estaline, a juntarem-se a ele. Ninguém se mexeu, todos o olhavam como se fosse um lunático. Ele voltou, a prestar contas a Estaline.
"É  porque  você  não  sabe  falar  com o povo",  respondeu, saindo  do    carro. Aproximou-se  da  paragem  e  puxou conversa. Como não havia espaço, foram precisas  duas  viagens  para  levar  toda a gente.   Acanhados, os passageiros, a princípio,  ficaram  em silêncio;  em  seguida, graças à habilidade de Estaline, a conversa  animou-se.  Num  dado  momento,  visivelmente  à vontade, Estaline contou--lhes  a  morte  do  seu  filho  Iakov  durante  a  guerra.  Então,    uma adolescente atreveu-se igualmente a contar o seu drama: o seu pai morrera  na frente.   Passado   um   tempo,   ela   recebeu,     da parte  de Estaline, um uniforme escolar e uma  pasta."A biografia  do  ditador escrita por Lilly Marcou é um livro surpreendente.  A historiadora  acedeu  aos  arquivos  e a documentação nunca revelada.   A  sua pretensão  é fazer  a  história da vida privada  de Estaline,  para tenta r compreender   o homem   sem    inocentar o ditador.  Ao longo das  páginas,  aterramos  numa vida  dramática,  trágica    e violenta, e descobrimos uma imagem de Estaline muito para além daquilo que conhecíamos.  Das várias biografias do ditador  soviético,  talvez  tirando  a  de Isaac Deutscher , escrita  antes dos  acessos  aos arquivos,  estamos perante o trabalho mais completo e equilibrado sobre a época.
Nas suas memórias, o escritor Ilya Ehrenburg, autor do livro "O Degelo" sobre a desestalinização no tempo  de Krutchov,  afirmava que o ditador era um homem contraditório:  responsável por  crimes  indesculpáveis  e  inspirador de actos de heroísmo e resistência sem par.
Iosif Djugladovitch comeu,  em jovem, o  pão  que o diabo amaçou. Filho de um pai alcoólico,  só por  força da mãe e de vontade estudou num seminário. Desde cedo incorporou-se na  resistência ao  czarismo.  Esteve preso e fugiu inúmeras vezes da Sibéria. A primeira mulher morreu de doença. Outra suicidou-se.
No processo  de sucessão de Lenine, derrotou  sucessivamente  outros putativos candidatos.  Depois da I Guerra  Mundial,  da Revolução de Outubro, da invasão estrangeira e da guerra civil que se sucedeu, os tempos eram violentos. Quando Trotsky é derrotado por Kamenev, Zinoviev e Estaline, é este último que se opõe inicialmente a que ele seja morto: "Kamenev e Zinoviev pediram-me a cabeça de Trotsky; disse-lhes que não podemos começar a cortar cabeças; se se começa a fazer, nunca mais paramos." Sábias palavras. Depois do assassinato do seu aliado Kirov, o ditador lança sucessivas campanhas de terror.
O socialismo num só país torna-se, em grande parte, um regime policial. Atingiria  tudo  e todos,  até a  sua  própria  família.  "O  terror varrera assim os principais  membros  da família  de Estaline,  que  tinham sido os seus melhores amigos. O sistema  que  ele  construíra  e   pusera em marcha dizimara os seus e, de certa maneira, aniquilara-o como ser humano", conclui a historiadora.
Uma vez, quando  reencontrou  a  mãe,  muito  velhinha,  na  Geórgia,        ela perguntou-lhe o que, de facto, ele fazia. Estaline respondeu-lhe: "Mãe, lembra-se do czar?" "Claro!", exclamou a progenitora. "Eu sou, de certa forma, o novo czar", explicou  o ditador.  A mãe  pensou  e disse-lhe: "Pondo tudo na balança, terias feito melhor se tivesses sido padre."

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