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domingo, 1 de fevereiro de 2015


COISAS QUE NINGUÉM SE PERGUNTA

Numa conversa, um jovem amigo externou uma dificuldade: estava a ler o documento no qual o Papa Pio XII proclama o dogma da Assunção de Nossa Senhora aos céus, e deparou-se com a frase central da proclamação: “… pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a Imaculada Mãe de Deus, a Sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”. 
Como católico ele aceitava plenamente essa verdade, pois o Sumo Pontífice, atendeu todas as condições para uma declaração infalível:
— O Papa, em sua declaração, preencheu todas as condições para seu pronunciamento ser infalível: dirigiu-se à Igreja universal, proclamou “ex-cathedra”, ou seja, no seu ofício de pastor e mestre de todos os cristãos, fez uso de sua suprema autoridade, declarou o desejo de definir uma doutrina sobre fé e costumes, a ser aceito por todos os católicos  Uma coisa, entretanto, não me ficou clara:o Papa diz “é dogma divinamente revelado”. Mas, fui procurar nos Evangelhos, Atos dos Apóstolos e Epístolas e não encontrei.

Tentei esclarecer:
— A fonte da Revelação divina não é só a Bíblia. São João termina o seu Evangelho dizendo que, se fosse narrar tudo, nem o mundo inteiro poderia conter os livros a serem escritos. (Jo 21, 25). Talvez você não esteja lembrado: as fontes da Revelação são duas, a Bíblia e a Tradição. A tradição é a transmissão oral feita inicialmente pelos que conviveram com Jesus, com Maria Santíssima, os Apóstolos e discípulos. Veja por exemplo, uma coisa simples: onde está escrito na Bíblia que o Evangelho de São Mateus foi escrito por ele? O mesmo se pode perguntar sobre os outros Evangelhos. Quem transmitiu a autoria dos Evangelhos foi a tradição oral na Igreja Católica, então nascente. Como esse, vários outros dados sobre a Bíblia foram transmitidos por via oral, ou seja, pela tradição.
— É verdade… Não tinha pensado nisso.
                           O Papa Pio XII proclama o dogma da Assunção
 
— Veja um ponto — entre muitíssimos outros — onde se verifica a tradição oral. E dito pelos lábios virginais de Maria! Na Anunciação do Anjo, só Ela estava presente. Só podia ser Ela quem transmitiu o fato. O mesmo podemos dizer do Nascimento de Jesus, de sua apresentação no Templo, da fuga para o Egito, da visita a Santa Isabel e o canto do Magnificat, da perda e encontro do Menino Jesus no templo, o diálogo nas bodas de Caná, etc. A fonte primeira desses fatos é a Santíssima Virgem, única testemunha ocular. Ela os transmitiu aos evangelistas diretamente ou por meio de outros.
— Quer dizer, a Assunção…
— … foi presenciada pelos Apóstolos e discípulos e transmitida por eles às gerações seguintes. Seria, mais ou menos, o seguinte: por que acreditamos ter sido Cabral quem descobriu o Brasil e chegou em tal lugar? Além de documentos, houve a transmissão oral. Vários fatos registrados pela História, só foram postos por escrito posteriormente, com base em testemunhas oculares da época. O mesmo se dá com a transmissão oral que constitui a Tradição. Por isso a Tradição oral é fonte de Revelação. Diz um autor merecedor de todo crédito: “os ensinamentos orais dos Apóstolos eram tão palavras de Deus como os ensinamentos que encontramos no Novo Testamento”.  A mesma coisa é afirmada no Catecismo da Igreja Católica, catecismo oficial da Igreja, publicado pelo Vaticano.  Ficou claro?
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E para você, caro internauta, ficou claro?

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