Afinal, pode ser possível atravessar um buraco negro
Os cientistas descobriram um buraco negro em que os corpos podem passar de um lado para o outro mantendo-se inteiros. A teoria vai ao encontro da relatividade geral, mas dá-lhe novos significados.
Um novo estudo do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) descobriu que os corpos podem mesmo chegar com sucesso ao outro lado de um buraco negro. Essa viagem só é possível através de um buraco de verme, uma hipótese da física relativa ao tecido espaço-tempo que admite a existência de um atalho no espaço e no tempo a partir do qual a matéria pode passar sem que se percam as interações que mantêm a matéria coesa.
Este trabalho surge na sequência de um outro da mesma equipa sobre buracos negros com características diferentes daquelas com que estamos mais familiarizados. Os buracos negros estudados pelo Instituto de Astrofísica não têm singularidade, isto é, são um ponto no tecido espaço-tempo no qual a massa, a densidade a ela associada e a curvatura provocada nesse tecido não são infinitas. Foi quando começaram a descrever teoricamente estes buracos negros que os cientistas chegaram ao que podia existir num buraco negro sem singulariddade: era uma estrutura de buraco de minhoca, um túnel ou garganta de forma esférica e de tamanho finito.
Buraco de verme vem do inglês “wormhole” e é um caminho hipotético que correspondo à distância mais curta que liga dois lugares afastados no tecido espaço-tempo.
De acordo com Diego Rubiera-Garcia, um dos físicos teóricos que participaram no estudo, esta teoria vai ao encontro da Teoria da Relatividade Geral. Mas tem particularidades: “O que fizemos foi reconsiderar uma questão fundamental na relação entre a gravidade e a estrutura subjacente do espaço-tempo. Deixámos cair um pressuposto que é válido na relatividade geral, mas não existe a priori razão para ser válido em extensões desta teoria”.
Imagine uma cadeira a atravessar o buraco negro. Cada partícula da cadeira segue uma linha geodésica – a distância mais pequena entre dois pontos e cujo comprimento é estacionário – que depende do campo gravitacional. A cada geodésica corresponde uma força gravitacional diferente, mas as interações entre todas as partículas nunca desaparecem e, portanto, a cadeira vai conseguir suster-se e atravessar o buraco negro.
Ora, a teoria da relatividade geral assume que esta cadeira, ao aproximar-se de um buraco negro, é comprimida e esticada como esparguete. O que este estudo diz é que, como o raio do buraco de verme é finito, a cadeira só será comprimida tanto quanto o tamanho do buraco de verme. Em consequência, pode chegar inteira ao outro lado do buraco. E, talvez, a outro universo.
Fonte: Observador