HISTÓRIA DA IGREJA
O cálice da Primeira Missa
AUTOR: IR. JOSÉ ANTONIO DOMINGUEZ, EP
Se você leitor, tivesse podido participar da última Ceia, já imaginou com que cuidado procuraria guardar na memória tudo quanto ali ocorreu?
Cada gesto de Nosso Senhor, cada palavra d’Ele seria como um valioso tesouro de ecordações para o resto de sua vida.
Mas a realidade foi outra. Apenas os Apóstolos estavam à mesa com Jesus, quando Ele celebrou a Primeira Missa. Somente eles?
Para Deus não há tempo, tudo é presente. E por isso, Nosso Senhor Jesus Cristo, ao celebrar a Última Ceia, não tinha diante de Si apenas os Doze Apóstolos.
Como Deus, Ele considerava também todos os membros da Igreja que ao
longo dos séculos participariam do banquete
eucarístico e se alimentariam de seu Corpo e Sangue. Na Santa Ceia, Ele nos tinha em vista, a todos nós, a você, leitor, e rezava ao Pai Celestial pela salvação de cada um. E, nesse sentido, nós também estivemos lá.
Por esse motivo, quando participamos da Celebração Eucarística e ouvimos o sacerdote pronunciar as palavras da Consagração, podemos fazer-nos presentes na Última Ceia, à mesa com Jesus, ouvindo seus divinos ensinamentos, recebendo de suas adoráveis mãos o Pão Eucarístico, bebendo seu Preciosíssimo Sangue ou encostando a cabeça no peito do Senhor e ouvindo o pulsar de seu Divino Coração.
Isso torna-se mais facilmente sensível quando estamos diante de uma das mais preciosas relíquias de Nosso Senhor Jesus Cristo: o Cálice que Ele usou na Última Ceia para consagrar o vinho. Poucos Papas tiveram o privilégio de celebrar com ele a Santa Missa. Levado para Roma por São Pedro, foi utilizado pelos Papas dos primeiros tempos, na Celebração Eucarística.
Segundo os historiadores, no Cânon Romano mais antigo encontrasse uma referência à existência desse Santo Cálice, pois no rito da consagração do vinho se dizia: “do mesmo modo, terminada a ceia, tomou este cálice glorioso em suas santas e veneráveis mãos…”. Muitos opinam que “este cálice glorioso” é uma menção a um cálice concreto, ou seja, àquele que o Senhor usou na Última Ceia. Durante a perseguição do imperador Valeriano, São Lourenço o enviou para a Espanha, em meados do século III, a fim de evitar que ele caísse em poder dos pagãos. Hoje em dia, esta relíquia é venerada na Catedral de Valência.
Quando participamos da Celebração Eucarística, embora o celebrante não tenha em suas mãos uma relíquia tão preciosa, e nossos olhos apenas vejam o altar e o sacerdote, a Fé nos ensina ser Jesus que, pelos lábios do ministro sagrado, pronuncia as palavras da Consagração, como na Última Ceia. No Sacrifício Eucarístico o passado se faz presente, e também nós estamos diante de Jesus no Cenáculo, como na Primeira Missa.
Fonte: Arautos-(Revista Arautos do Evangelho, Agosto/2006, n. 56, p. 50)
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