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domingo, 16 de abril de 2017

O QUE NOS ESPERA PERANTE DOIS LÍDERES SEM MIOLO? APENAS AMEAÇAS OU A GUERRA!?

Coreia sem norte


  
O pior cenário? Que a troca de ameaças e provocações inspire Trump ou Kim Jong-Un (dois líderes imprevisíveis) a premir o gatilho antes que o outro o faça.
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A semana passada, a Coreia do Norte levou a cabo mais um teste nuclear, dias antes da reunião dos líderes dos EUA e da China. Parecia que Kim Jong-Un queria dizer a Trump e a Xi Jinping: “Não se esqueçam de falar de nós”. Dado que o regime de Pyongyang tem sido uma bola de ping-pong entre Washington e Pequim, a chamada de atenção era desnecessária.
Trump tentou convencer o líder chinês a implementar as sanções à Coreia do Norte, mas não se conhece a reação à proposta. O que se sabe é que a cimeira não impediu uma escalada nas tensões. Na segunda-feira, os EUA enviaram um porta-aviões para a Península Coreana. A resposta coreana foi clara, vai responsabilizar os EUA “pelas consequências catastróficas do seu comportamento ultrajante”.
No dia seguinte, Trump tweetou que a Coreia do Norte “está à procura de sarilhos”, mas envolveu também a China, dizendo que, se Pequim quiser ajudar, ainda melhor, mas se não, os EUA resolverão o problema na mesma. Revelou ainda que explicou ao presidente chinês que um acordo comercial com os EUA poderá ser melhor se a China resolver o problema coreano.
Hipérbole? Talvez, mas as palavras estão a ser acompanhadas por ação, e mesmo Pequim diz que a península nunca esteve tão perto de um conflito. Analisar o risco requer olhar para as ambições e receios dos intervenientes.
Comecemos pela Coreia do Norte. Como escreveu José Luís Peixoto, no livro de viagem ‘Dentro do Segredo’, é o país mais fechado do mundo. Das poucas coisas que sabemos é que Pyongyang construiu um arsenal nuclear. Isto é devido a um receio que o país possa vir a ser atacado, mas serve também para provocar vizinhos, especialmente a Coreia do Sul.
Trump, como em vários outros temas, tem assumido posições que são confusas. Rex Tillerson, secretário de Estado, na semana passada tweetou que os EUA já falaram o suficiente sobre a Coreia do Norte, mas logo houve o envio do porta-aviões. Pelo meio, o bombardeamento de uma base aérea na Síria, após o ataque com gás sarin ordenado por Bashir al-Assad, que serviu também como aviso sério a outros países de que os EUA estão dispostos a tomar ação unilateral.
O presidente norte-americano poderá estar a tentar desviar as atenções dos problemas domésticos (não conseguiu reverter o Obamacare e ainda não anunciou os detalhes da reforma fiscal) ou a tentar forçar a China a pressionar Kim Jong-Un, usando o acordo comercial como moeda de troca.
A China é principal aliada comercial da Coreia do Norte, mas está a usar a diplomacia económica para exercer pressão, via a ameaça de mais sanções e a monitorização da fronteira entre os dois países. Pequim não quer um conflito na região, nem a implosão do regime em Pyongyang, pois resultaria num êxodo de norte-coreanos para a fronteira.
O pior cenário? Que a troca de ameaças e provocações inspire Trump ou Kim Jong-Un (dois líderes imprevisíveis)  a premir o gatilho antes que o outro o faça.
Na quarta-feira, após Trump ter dito que enviou uma “armada muito poderosa” para a Península Coreana, falou com Xi Jinping ao telefone. O líder chinês aconselhou uma resolução pacífica e um esfriar das tensões .
Esperemos que essas palavras sábias produzam efeito, senão o jogo de ping-pong poderá trazer consequências graves para todos.
Fonte: o Jornal Económico

Publicada por Nema Godinho

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