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quarta-feira, 16 de agosto de 2017

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4.0 Tecnologia, inovação e empreendedorismo

As muitas visões e o futuro incerto da bitcoin


 João Pedro Pereira 
A moeda digital bitcoin volta a estar em alta. Depois de divergências entre a chamada “comunidade” da bitcoin sobre o funcionamento da tecnologia, a procura pela divisa ressurgiu na semana passada, levando o preço a bater novos recordes, num fenómeno que se prolongava esta segunda-feira.

Chris Helgren/Reuters

As bitcoins são um fenómeno interessante por vários motivos. Um deles é a polarização nas opiniões sobre a utilidade e o futuro da moeda. Mergulhar nos sites e fóruns especializados é entrar num mundo alternativo, em que a bitcoin (ou, frequentemente, a tecnologia de blockhain que lhe subjaz e que é comum a dezenas de outras divisas digitais) é descrita como uma tecnologia que, no mínimo, irá mudar o paradigma das transacções financeiras.
Os pormenores da blockhain são complexos. De forma simplificada, é uma base de dados distribuída, em que todas as partes podem ver as transacções feitas. A legitimidade destas transacções é garantida de forma computacional, e não por uma entidade central de confiança, como um banco ou um sistema tradicional de pagamentos. A divergência recente relacionava-se com a melhor forma de acelerar a validação das transacções, um processo que é muito mais demorado do que nos sistemas de pagamento tradicionais.
Fora daquela bolha de entusiastas, a visão sobre a bitcoin é bem diferente. Alguns economistas – como o prémio Nobel Paul Krugman – desde cedo mostraram a sua aversão a uma moeda que é finita e que se assemelha mais ao ouro do que ao dinheiro moderno. Não falta quem se refira a uma bolha especulativa. E há mesmo quem fale em esquemas piramidais, especialmente dado o aparecimento de dezenas de novas moedas, que são “emitidas” por empresas que procuram financiamento e que encontram aqui uma forma não regulada de angariar capital. Quem compra estas novas moedas pode fazê-lo por múltiplos motivos: um interesse especulativo assente na convicção de que alguém virá a pagar mais por elas; uma participação no capital da empresa que as cria; e/ou a convicção de que qualquer que seja a tecnologia a ser desenvolvida pela dita empresa, as moedas poderão ser usadas como meio de pagamento por bens ou serviços numa futura plataforma.
A bitcoin, a primeira destas moedas, é a única sobre a qual se pode dizer que tem uso signfiicativo nos circuitos normais da economia, com várias empresas a aceitarem-na como forma de pagamento (o Japão tem sido um dos países com maior adesão). Ainda assim, quase nove anos após ter sido inventada, a bitcoin continua muito longe da utilização generalizada. Numa era em que as novas tecnologias se espalham cada vez mais rapidamente, a demora não é uma boa notícia para os entusiastas. Tecnologias transformadoras como a World Wide Web ou os smartphonesprecisaram de muito menos tempo para serem adoptadas em massa.
Fonte: Público
4.0 é uma newsletter semanal dedicada a tecnologia, inovação e empreendedorismo. O conteúdo patrocinado nesta newsletter não é responsabilidade do jornalista. Críticas e sugestões podem ser enviadas para jppereira@publico.pt. Espero que continue a acompanhar.

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