2 de outubro de 2014
Dos Sermões de São Bernardo, abade
Responsório Sl 90(91),11-12.10
Dos Sermões de São Bernardo, abade
(Sermo 12 in psalmum Qui habitat, 3.6-8: Opera omnia, Edit.Cisterc. (Séc.XII)
Eles te guardem em todos os teus caminhos
A teu respeito ordenou a seus anjos que te guardem em todos os teus caminhos (Sl 90,11). Louvem o Senhor por sua misericórdia e suas maravilhas para com os filhos dos homens. Louvem e proclamem às nações que o Senhor agiu de modo magnífico a favor deles. Senhor, que é o homem para que assim o conheças? Ou por que inclinas para ele teu coração? Aproximas dele teu coração, enches-te de solicitude por sua causa, cuidas dele. Enfim, a ele envias o teu Unigênito, infundes o teu Espírito, prometes até a visão de tua face. E para que nas alturas nada falte no serviço a nosso favor, envias os teus santos espíritos a servir-nos, confias-lhes nossa guarda, ordenas que se tornem nossos pedagogos. A teu respeito, ordenou a seus anjos que te guardem em todos os teus caminhos. Esta palavra quanta reverência deve despertar em ti, aumentar a gratidão, dar confiança. Reverência pela presença, gratidão pela benevolência, confiança pela proteção.
Estão aqui, portanto, e estão junto de ti, não apenas contigo, mas em teu favor. Estão aqui para proteger, para te serem úteis. Na verdade, embora enviados por Deus, não nos é lícito ser ingratos para com eles, que com tanto amor lhe obedecem e em tamanhas necessidades nos auxiliam.
Estão aqui, portanto, e estão junto de ti, não apenas contigo, mas em teu favor. Estão aqui para proteger, para te serem úteis. Na verdade, embora enviados por Deus, não nos é lícito ser ingratos para com eles, que com tanto amor lhe obedecem e em tamanhas necessidades nos auxiliam.
Sejamos-lhes fiéis, sejamos gratos a tão grandes protetores; paguemos-lhes com amor; honremo-los tanto quanto pudermos, quanto devemos. Prestemos, no entanto, todo o nosso amor e nossa honra àquele que é tudo para nós e para eles; de quem recebemos poder amar e honrar, de quem merecemos ser amados e honrados.
Assim, irmãos, nele amemos com ternura seus anjos como futuros co-herdeiros nossos, e enquanto esperamos nossos intendentes e tutores dados pelo Pai como nossos guias. Porque agora somos filhos de Deus, embora não se veja, pois ainda estamos sob tutela quais meninos que em nada diferem dos servos.
Assim, irmãos, nele amemos com ternura seus anjos como futuros co-herdeiros nossos, e enquanto esperamos nossos intendentes e tutores dados pelo Pai como nossos guias. Porque agora somos filhos de Deus, embora não se veja, pois ainda estamos sob tutela quais meninos que em nada diferem dos servos.
Aliás, mesmo assim tão pequeninos e restando-nos ainda uma tão longa, e não só tão longa, mas ainda tão perigosa caminhada, que temos a temer com tão poderosos protetores? Eles não podem ser vencidos, nem seduzidos, e ainda menos seduzir, aqueles que nos guardam em todos os nossos caminhos. São fiéis, são prudentes, são fortes; por que trememos de medo? Basta que os sigamos, unamo-nos a eles e habitaremos sob a proteção do Deus do céu.
Responsório Sl 90(91),11-12.10
R. O Senhor deu uma ordem a seus anjos,
para em todos os caminhos te guardarem.
* Haverão de te levar em suas mãos
para o teu pé não se ferir nalguma pedra.
V. Nenhum mal há de chegar perto de ti,
nem a desgraça baterá à tua porta
Liturgia- ofício do dia
Quinta-feira 02 de Outubro – Mt 18, 1-5.10 – Quem é o maior?
Desde que foi escolhido para ser um dos doze apóstolos, Simão Pedro recebe vários sinais que mostram preferência por parte do Senhor. O mais evidente foi quando Jesus diz que Simão Pedro seria a pedra fundamental da Igreja que fundará, e acrescenta: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16, 16-19).
Mas houve outras demonstrações de apreço em relação a esse Apóstolo. Cristo subiu ao alto de uma montanha levando apenas Pedro, Tiago e João. Lá em cima, os três foram os únicos a testemunhar a transfiguração de Jesus. Também é bastante significativo o episódio da cobrança do imposto do Templo. Jesus não era obrigado a pagar, mas para evitar confusão com as autoridades locais, diz a Pedro para ir pescar, que dentro da boca do primeiro peixe que fisgasse ele encontraria um estater (uma moeda): “Toma-o e dá-o por mim e por ti” (Mt 17, 24-27). São Jerônimo escreveu a respeito disso: “Não esqueçamos que os demais apóstolos tinham visto que Pedro e o Senhor pagaram o mesmo tributo”. Tanta atenção a Pedro poderia despertar, entre os Apóstolos, certa rivalidade. Vem, então, muito a propósito a questão dos discípulos de Jesus, que se aproximam dele e lhe perguntam: “Quem é o maior no Reino dos Céus?”.
Em todos os tempos, o desejo de grandeza e de glória esteve presente, mas nada escapa ao olhar atento de Jesus. Como seus seguidores admiravam-se mais com seus feitos do que compreendiam suas palavras, Jesus procura mostrar que para partilhar da sua glória era necessário passar pela cruz: “O Filho do Homem há de ser entregue às mãos dos homens!” (Lc 9, 44). De imediato, os discípulos não o entendem. Não podiam compreendê-lo porque faziam uma ideia menos trágica e mais gloriosa da vinda do Messias.
Escreve São Jerônimo: “Pacientemente, Jesus quer agora purificar, por meio da humildade, o desejo de glória manifestado por eles”. Ele se assenta, como no sermão da Montanha, e profere um solene apelo, pois não se trata simplesmente de uma situação hierárquica ou posição social. O essencial não é o lugar que os apóstolos ocuparão junto a Ele, mas a condição necessária para entrar no Reino de Deus. E esta consiste em seguir o Mestre e abraçar como sentido de sua vida o amor a Deus e ao próximo.
Para tanto, há uma exigência, a de conversão, que requer mudança na maneira de ser e de pensar. Pois, disse Jesus: “Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos” (Mc 9, 35). Ele exemplifica tomando uma criança e colocando-a no meio deles. Com este gesto, segundo Orígenes, o Senhor procurou simbolizar a humildade, obra do Espírito Santo na vida de quem o segue.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.
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