A DOR LACINANTE DA COROA DE ESPINHOS
“E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lhe sobre a
cabeça”.
Bem reflete o devoto Landspérgio que este
tomento de espinhos foi excessivamente doloroso, porque transpassaram toda a
sagrada cabeça do Senhor, parte sensibilíssima, já que da cabeça partem todos os
nervos e sensações do corpo. Além disso, foi o tormento mais prolongado da
paixão, pois Jesus suportou até à morte esses espinhos, tendo-os enterrados em
sua cabeça.
(A
Paixão de Nosso Senhor Volume II – pág 26)
Os espinhos
A planta
utilizada na confecção da coroa de espinhos tem sido objeto de muito debate. Os
mais renomados experts em botânica da Terra Santa, porém, restringiram as
espécies ao espinheiro-de-cristo sírio ou espinho-de-cristo.
As duas
plantas são membros da família de plantas espinhosas ( Rhamnaceae) e muito
parecidas entre si, cresce abundantemente das planícies da Síria e do Líbano até
Palestina, Arábia, Petraea e Sinai, pode também ser achada na fronteira sul de
Israel, chegando até a Samaria, mas não é encontrada hoje em Jerusalém e
cercanias.
São
caracterizados por espinhos rentes e afiados. O espinheiro-de-cristo sírio é um
arbusto cujo tamanho varia entre 3 e 5 metros, já o espinho-de-cristo é um
arbusto que atinge 1 e 3 metros de altura. Contém um par de espinhos estipulares
desiguais, duros e afiados, um deles mais curvados que o outro.
A coroação
É
importante notar que a coroa foi feita com o entrelaçamento dos espinhos na
forma de um boné. Isso permitiu o contato de uma quantidade enorme de espinhos
com o topo da cabeça, a fronte, a parte traseira e as laterais.
“Impuseram-Lhe na cabeça
uma coroa de espinhos, que era á maneira de pileus (= carapuça, gorro)
por sorte que todos os lados lhe cobria e tocava a
cabeça”(São
Vicente de Lérins – Sermo in Parasceve) e
acrescenta que produzira essa carapuça 70 ferimentos. O “pileus” era, entre os
romanos, uma espécie de gorro semi-oval, de feltro, que envolvia a cabeça e
servia principalmente para o trabalho.
O couro
cabeludo sangra com muita facilidade; como esse gorro foi enterrado a pauladas
(para não ferir as mãos dos soldados), os ferimentos produzidos devem ter feito
correr bastante sangue.
Neuralgia do trigêmeoOs golpes na cabeça irritavam os nervos e ativaram zonas nos lábios, do lado do nariz, ou no rosto, causando dor imensa, similar a uma queimadura ou choque elétrico.
A dor era lancinante,
atingindo as laterais do rosto e penetrando nos ouvidos.
O
sangramento decorria da penetração dos espinhos nos vasos sanguíneos. A dor
podia cessar abruptamente, mas era reiniciada com o menor movimento nas
mandíbulas ou golpe de ar.
Exacerbações
ou retrações nos surtos de dor podem ter ocorrido no caminho do Calvário (mais
ou menos 8 quilômetros) e durante a crucificação, ativados pelos movimentos de
andar, cair ou pela pressão dos espinhos na coroa, além dos muitos golpes e
empurrões dos soldados.
A
inervação que permite a percepção de dor na cabeça é feita por ramos de dois
nervos principais: o nervo trigêmeo, que supre essencialmente a parte frontal da
cabeça, e o grande ramo occipital, que abastece a parte de trás, os ramos se
dividem de forma infinitesimal pela pele.
Para apreciar essa
distribuição, pegue um alfinete e tente achar uma parte do seu couro cabeludo
que seja isento de dor. Você vai descobrir que a tarefa é praticamente
impossível.
Estímulo
ou irritação de ramos desses dois nervos principais causam dor. De acordo com o
dr. Robert Nugent, professor e presidente do Departamento de Neurologia da
escola Medicina de West Virginia:
“A
neuralgia do trigêmeo é considerada a pior dor que um ser humano pode
sofrer”.
Evidências no Sudário
Considerando
a grande quantidade de vasos sangüíneos existentes na cabeça e os efeitos da
coroação de espinhos, é óbvio que o sangue iria escorrer livremente pela face de
Jesus, Isso é evidenciado de forma dramática no Sudário, cujas imagens revelam
“riachos” e marcas de algo jorrando, saturando o cabelo e escorrendo pela
testa.
A imagem
frontal sugere acentuada saturação do cabelo com sangue seco, fazendo com que
ele permanecesse nos dois lados do rosto.
Marcas
estão presentes na testa e na nuca (a nuca foi muito ferida devido as
quedas onde a cruz – patibulum -pressionava a coroa e também quando Cristo
estava na cruz).
Além dos
ferimentos com a coroa de espinhos, os vários golpes que Ele recebeu no rosto
são evidentes no Sudário, particularmente na região da testa, lado superior
direito do lábio, mandíbula e nariz. O padrão tridimensional nas imagens
realçadas por computador revelam mais claramente uma separação na cartilagem
nasal- mas não uma fratura- e confirmam os ferimentos já citados.
Fonte: Sagrado Coração de Jesus
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