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sexta-feira, 19 de junho de 2015

AS MUDANÇAS QUE O MUNDO NECESSITA PARA SOBREVIVER!

Mudar de vida, aprender a viver com pouco, olhar para o lado e cuidar do ambiente.
A encíclica “Laudato si”, divulgada esta tarde em seis línguas, não fala só sobre Ecologia. Na carta, o Papa apela a uma mudança de vida e de perspectiva sobre o mundo.
Conheça os dez grandes apelos que Francisco deixa ao mundo.
 
A alegria de viver com pouco
“ A acumulação constante de possibilidades para consumir distrai o coração e impede de dar o devido apreço a cada coisa e a cada momento. É um regresso à simplicidade que nos permite parar a saborear as pequenas coisas, agradecer as possibilidades que a vida oferece sem nos apegarmos ao que temos nem entristecermos por aquilo que não possuímos. As pessoas que saboreiam mais e vivem melhor cada momento são aquelas que deixam de debicar aqui e ali, sempre à procura do que não têm, e experimentam o que significa dar apreço a cada pessoa e a cada coisa, aprendem a familiarizar com as coisas mais simples e sabem alegrar-se com elas. Deste modo, conseguem reduzir o número das necessidades insatisfeitas e diminuem o cansaço e a ansiedade. É possível necessitar de pouco e viver muito.”
 
Mudar de vida
“Dado que o mercado tende a criar um mecanismo consumista compulsivo para vender os seus produtos, as pessoas acabam por ser arrastadas pelo turbilhão das compras e gastos supérfluos. Quanto mais vazio está o coração da pessoa, tanto mais necessita de objectos para comprar, possuir e consumir. A obsessão por um estilo de vida consumista, sobretudo quando poucos têm possibilidades de o manter, só poderá provocar violência e destruição recíproca. Uma mudança nos estilos de vida poderia chegar a exercer uma pressão salutar sobre quantos detêm o poder político, económico e social. Quando somos capazes de superar o individualismo, pode-se realmente desenvolver um estilo de vida alternativo e torna-se possível uma mudança relevante na sociedade.”
 
O amor social
“É necessário voltar a sentir que precisamos uns dos outros, que temos uma responsabilidade para com os outros e o mundo, que vale a pena ser bons e honestos. Vivemos já muito tempo na degradação moral, baldando-nos à ética, à bondade, à fé, à honestidade; chegou o momento de reconhecer que esta alegre superficialidade de pouco nos serviu. O amor social é a chave para um desenvolvimento autêntico.”
 
Educar para o ambiente
“A educação na responsabilidade ambiental pode incentivar vários comportamentos que têm incidência directa e importante no cuidado do meio ambiente, tais como evitar o uso de plástico e papel, reduzir o consumo de água, diferenciar o lixo, cozinhar apenas aquilo que razoavelmente se poderá comer, tratar com desvelo os outros seres vivos, servir-se dos transportes públicos ou partilhar o mesmo veículo com várias pessoas, plantar árvores, apagar as luzes desnecessárias. Voltar – com base em motivações profundas – a utilizar algo em vez de o desperdiçar rapidamente pode ser um acto de amor que exprime a nossa dignidade.”
 
Mais diálogo na política internacional
“Para enfrentar os problemas de fundo, que não se podem resolver com acções de países isolados, torna-se indispensável um consenso mundial Sabemos que a tecnologia baseada nos combustíveis fósseis – altamente poluentes, sobretudo o carvão mas também o petróleo e, em menor medida, o gás – deve ser, progressivamente e sem demora, substituída. Pode-se dizer que, enquanto a humanidade do período pós-industrial talvez fique recordada como uma das mais irresponsáveis da história, espera-se que a humanidade dos inícios do século XXI possa ser lembrada por ter assumido com generosidade as suas graves responsabilidades.”
 
Uma Economia e uma Política viradas para as pessoas
“A Política não deve submeter-se à Economia e esta não deve submeter-se aos ditames e ao paradigma eficientista da tecnocracia. Pensando no bem comum, hoje precisamos imperiosamente que a Política e a Economia, em diálogo, se coloquem decididamente ao serviço da vida, especialmente da vida humana.”
 
Cuidar do planeta para quem vem a seguir
“A noção de bem comum engloba também as gerações futuras. Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a crescer? O homem e a mulher deste mundo pós-moderno correm o risco permanente de se tornar profundamente individualistas e muitos problemas sociais de hoje estão relacionados com a busca egoísta de uma satisfação imediata. Esta falta de capacidade para pensar seriamente nas futuras gerações está ligada com a nossa incapacidade de alargar o horizonte das nossas preocupações.”
 
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Olhar para o lado
“Devemos, certamente, ter a preocupação de que os outros seres vivos não sejam tratados de forma irresponsável, mas deveriam indignar-nos sobretudo as enormes desigualdades que existem entre nós, porque continuamos a tolerar que alguns se considerem mais dignos do que outros. Deixamos de notar que alguns se arrastam numa miséria degradante, sem possibilidades reais de melhoria, enquanto que outros não sabem sequer o que fazer ao quê têm, ostentam vaidosamente uma suposta superioridade e deixam atrás de si um nível de desperdício tal que seria impossível generalizar sem destruir o planeta. Na prática, continuamos a admitir que alguns se sintam mais humanos que outros, como se tivessem nascido com maiores direitos.”
 
Combater os interesses instalados
“Preocupa a fraqueza da reacção política internacional. A submissão da política à tecnologia e à Finança demonstra-se na falência das cimeiras mundiais sobre o meio ambiente. Há demasiados interesses particulares e, com muita facilidade, o interesse económico chega a prevalecer sobre  o bem comum e manipular a informação para não ver afectados os seus projectos. A aliança entre a Economia e a Tecnologia acaba por deixar de fora tudo o que não faz parte dos seus interesses imediatos.”
 
Cuidar do património cultural
“A par do património natural, encontra-se igualmente ameaçado um património histórico, artístico e cultural. Faz parte da identidade co­mum de um lugar, servindo de base para cons­truir uma cidade habitável. É preciso integrar a história, a cultura e a arquitectura dum lugar, salvaguardando a sua identidade original. A visão consumista do ser humano, incen­tivada pelos mecanismos da economia globaliza­da actual, tende a homogeneizar as culturas e a debilitar a imensa variedade cultural, que é um tesouro da humanidade.”A encíclica “Laudato si”, divulgada esta tarde em seis línguas, não fala só sobre Ecologia. Na carta, o Papa apela a uma mudança de vida e de perspectiva sobre o mundo. Conheça os dez grandes apelos que Francisco deixa ao mundo.

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