Sinal dos Tempos: Pescadores convocam operação Arca de Noé para salvar peixes de dilúvio de lama em Minas Gerais e no Espírito Santo
13.11.2015 -
Cerca de 400 famílias de trabalhadores sofrem isoladas às margens do rio Doce, entre Minas Gerais e o Espírito Santo, graças à enxurrada de lama que escoa das duas barragens rompidas em Mariana (MG) na quinta-feira, 5 de novembro.
O empenho destes pescadores em salvar sua única fonte de sustento é tamanho que eles decidiram convocar mutirões para tentar transferir os peixes do rio contaminado para lagoas de água limpa. Batizada como "Operação Arca de Noé", a força-tarefa voluntária operará em locais que ainda não foram atingidos pelo "tsunami de lama" que desce o rio Doce desde o dia 5.
Dourados, surubins, pacus, tucunarés, pintados e outras espécies afetadas pelos resíduos de mineração da Samarco, empresa controlada pela brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP, estão escapando da morte dentro de caixas d'água, caçambas e lonas plásticas; tudo "no improviso", segundo moradores.
Analistas ouvidos pela reportagem da BBC Brasil estimam que a passagem da lama e produtos químicos tenha reduzido o oxigênio do rio Doce a níveis próximos a zero, levando milhares de peixes e outros animais aquáticos à morte por asfixia.
Questionada sobre a situação dos pescadores, a Samarco disse, em nota, que "adotará as ações necessárias para identificação e mitigação dos impactos e reportará aos órgãos ambientais competentes".
'Matou tudo'
Durante toda a semana, a BBC Brasil acessou fotos, vídeos e mensagens de áudio compartilhadas por pescadores em grupos no WhatsApp, ferramenta usada pelos ribeirinhos para denúncias e convocações.
As imagens mostram peixes cobertos de barro saltando em busca de oxigênio, grandes cardumes mortos boiando rio de lama abaixo e pilhas de animais em decomposição se acumulando nas margens.
Apesar destes indícios, a Samarco disse à reportagem que a lama é composta por "material inerte e não perigoso" e que "não apresenta riscos à saúde pública e ao meio ambiente".
Mas um pescador não-identificado diz em uma gravação feita em Colatina, município que decretou estado de calamidade pública: "Quem puder (deve) ir para o rio para pegar a maior quantidade de peixes possível, de rede, de qualquer jeito, e soltar nas lagoas. A informação que tem é que vai morrer tudo".
O administrador José Francisco Silva de Abreu, presidente da Apard (Associação dos Pescadores e Amigos do Rio Doce), vive em Governador Valadares (MG), onde a lama, nas palavras dele, "sim, matou tudo".
"Eu apoio o mutirão para transferir os peixes. Fomos pegos de surpresa quando a lama chegou aqui, não deu nem para se preparar", diz. "A gente via a agonia dos peixinhos até a morte. Digo com tranquilidade que hoje não resta um único ser vivo ali dentro."
O professor de recursos hídricos Alexandre Sylvio Vieira da Costa, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, vem acompanhando a evolução da lama em Governador Valadares e atesta a impressão do pescador.
"Todas as plantas aquáticas que dão base ao ciclo biológico do rio morreram com a chegada esse rejeito, composto basicamente de ferro, alumínio e manganês. A água fica mais densa e o oxigênio não consegue se misturar", explica. "Por isso não sobrou nada. Nem caramujo. Toda a vida aquática do rio Doce em Valadares morreu."
Imagens mostram peixes cobertos de barro saltando em busca de oxigênio, cardumes mortos rio de lama abaixo e animais em decomposição nas margens.
O especialista diz que é preciso esperar a passagem da lama terminar para fazer estimativas sobre sua recuperação, mas poupa sinais de otimismo. "Eu não daria menos de dez anos para este rio começar a se estabelecer novamente."
Costa lembra que ainda há "muita lama" acumulada na região de Mariana. "Se chover muito naquela cabeceira, mais material vai descer, mais material vai ser depositado e mais o rio vai morrer."
Manual de sobrevivência
O volume despejado após o rompimento das barragens do Fundão e de Santarém, em Mariana, equivale a 25 mil piscinas olímpicas.
Após cidades como Colatina e Governador Valadares decretarem estado de calamidade pública, um "Manual de Sobrevivência na Crise" foi criado por movimentos sociais para auxiliar moradores a se adaptarem a restrição hídrica - em Valadares, por exemplo, 100% da água encanada vinha do rio Doce.
A reportagem questiona: e o que acontece com as 400 famílias de pescadores que existem na região até lá?
"A nossa perspectiva é de que a pesca extrativista se exauriu", diz Abreu. "A demanda é maior do que o rio pode oferecer e a cidade importa peixes para consumo. Então a melhor alternativa é capacitar os pescadores para que eles se tornem piscicultores e criem seus peixes em quantidade, em vez de depender do rio.
"Já estávamos desenvolvendo este projeto e a tragédia no rio Doce torna tudo ainda mais urgente."
Fonte: BBC noticias
Fonte: BBC noticias
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Nota de www.rainhamaria.com.br
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Nota de www.rainhamaria.com.br
Diz na Sagrada Escritura:
"Ouvi a palavra do Senhor, filhos de Israel! Porque o Senhor está em litígio com os habitantes da terra. Não há sinceridade nem bondade, nem conhecimento de Deus na terra. Juram falso, assassinam, roubam, cometem adultério, usam de violência e acumulam homicídio sobre homicídio. Por isso, a terra está de luto e todos os seus habitantes perecem; os animais selvagens, as aves do céu, e até mesmo os peixes do mar desaparecem". (Oséias 4, 1-3)
"Para que ainda nos determos? Reuni-vos, e vamos para as cidades fortificadas: lá havemos de perecer. Porquanto o Senhor, nosso Deus, decidiu que pereçamos, fazendo-nos beber água envenenada, já que pecamos contra ele". (Jeremias 8, 14)
"Então, por que não encontrei pessoa alguma quando vim? Por que ninguém respondeu ao meu apelo? Tenho eu realmente a mão demasiado curta para libertar, ou não tenho bastante força para salvar? Contudo, com uma simples ameaça, seco o mar e transformo as ondas em terra firme, de forma tal a faltar água para seus peixes, e seus animais perecerem de sede". (Isaias 50,2)
"Estava grávida e gritava de dores, sentindo as angústias de dar à luz". (Apocalipse 12, 2)
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