O orvalho, o mar e as virtudes
Se soubermos, não só admirar as maravilhas opostas e harmônicas da natureza, mas também praticar as virtudes representadas por elas, nossas almas terão incomparavelmente mais encantos do que todas as gotas de orvalho somadas e mais grandeza do que todos os mares reunidos.
Quão pouco atraente seria uma música que, do início ao fim, tivesse a mesma intensidade de volume, quase sem variação de tons, sem as doçuras dos sons agudos e a imponência dos graves! Soaria quase tão monótona quanto o canto da cigarra...
Para ser deleitável, uma peça musical deve ter ora maior intensidade de volume, os fortíssimos, ora tender para o suave, os pianíssimos, e percorrer harmonicamente toda a escala cromática. Comporta, pois, desde o som delicado do violino até os acordes vibrantes do contrabaixo, formando um conjunto melodioso e variado.
No mesmo sentido, se analisarmos a sinfonia apresentada pela natureza, veremos que ela nos encanta justamente por estar pervadida desses extremos harmônicos.
De fato, quanta maravilha pode haver numa singela gota de orvalho! Ela dá-nos a impressão de concentrar um oceano de doçura, de candura e de inocência. De tal modo essa minúscula e frágil gotinha parece conter em si um universo de encantos e esplendores, que seríamos levados a passar horas contemplando-a.
Por outro lado, quem poderia ser insensível às grandiosas, misteriosas e sublimes belezas do mar aberto? Ostentando majestade e força, parece ele guardar em suas profundidades indecifráveis enigmas. E apesar de representar o oposto da fragilidade da gota de orvalho, o mar também nos atrai. Verifica-se o mesmo em outros campos: apraz ao homem, de um lado, ouvir o doce canto de um passarinho, e de outro, o rugido avassalador de um leão; admirar uma minúscula pedra preciosa e contemplar enlevado essa imensa jóia crivada de estrelas cintilantes, chamada firmamento; acariciar uma aveludada e frágil pétala de rosa, e apalpar o áspero e
No mesmo sentido, se analisarmos a sinfonia apresentada pela natureza, veremos que ela nos encanta justamente por estar pervadida desses extremos harmônicos.
De fato, quanta maravilha pode haver numa singela gota de orvalho! Ela dá-nos a impressão de concentrar um oceano de doçura, de candura e de inocência. De tal modo essa minúscula e frágil gotinha parece conter em si um universo de encantos e esplendores, que seríamos levados a passar horas contemplando-a.
Por outro lado, quem poderia ser insensível às grandiosas, misteriosas e sublimes belezas do mar aberto? Ostentando majestade e força, parece ele guardar em suas profundidades indecifráveis enigmas. E apesar de representar o oposto da fragilidade da gota de orvalho, o mar também nos atrai. Verifica-se o mesmo em outros campos: apraz ao homem, de um lado, ouvir o doce canto de um passarinho, e de outro, o rugido avassalador de um leão; admirar uma minúscula pedra preciosa e contemplar enlevado essa imensa jóia crivada de estrelas cintilantes, chamada firmamento; acariciar uma aveludada e frágil pétala de rosa, e apalpar o áspero e
forte bloco de granito de uma muralha de fortaleza ou parede de catedral.
O que leva os homens a serem atraídos por realidades tão opostas?
É que elas são opostas, sim, mas complementares, de maneira tal que se lhes faltasse um dos polos, o panorama ficaria defectivo, não refletiria toda a gama de virtudes que devemos admirar no Divino Mestre, o qual nos exortou: "Sede astutos como as serpentes, e inocentes como as pombas" (Mt 10, 16)!
Disso, porém, mais do que nos legar palavras, Ele nos deu exemplo: nasceu pobre numa gruta e teve por berço uma manjedoura, mas quis entrar gloriosamente em Jerusalém, aclamado pela multidão que atapetava com ramos de oliveira e com seus mantos a estrada por onde Ele iria passar; com indomável fortaleza expulsou os vendilhões do Templo, mas com irresistível ternura atraiu a Si as criancinhas; invectivou os fariseus, mas perdoou a mulher pecadora e curou os enfermos.
Deixou-nos, pois, o Divino Mestre, por palavras e pelo exemplo de Sua vida, a lição de que devemos não só admirar as maravilhas opostas e harmônicas da natureza, mas também praticar as virtudes representadas por elas. Se assim fizermos, nossas almas terão incomparavelmente mais encantos do que todas as gotas de orvalho somadas e mais grandeza do que todos os mares reunidos.
O que leva os homens a serem atraídos por realidades tão opostas?
É que elas são opostas, sim, mas complementares, de maneira tal que se lhes faltasse um dos polos, o panorama ficaria defectivo, não refletiria toda a gama de virtudes que devemos admirar no Divino Mestre, o qual nos exortou: "Sede astutos como as serpentes, e inocentes como as pombas" (Mt 10, 16)!
Disso, porém, mais do que nos legar palavras, Ele nos deu exemplo: nasceu pobre numa gruta e teve por berço uma manjedoura, mas quis entrar gloriosamente em Jerusalém, aclamado pela multidão que atapetava com ramos de oliveira e com seus mantos a estrada por onde Ele iria passar; com indomável fortaleza expulsou os vendilhões do Templo, mas com irresistível ternura atraiu a Si as criancinhas; invectivou os fariseus, mas perdoou a mulher pecadora e curou os enfermos.
Deixou-nos, pois, o Divino Mestre, por palavras e pelo exemplo de Sua vida, a lição de que devemos não só admirar as maravilhas opostas e harmônicas da natureza, mas também praticar as virtudes representadas por elas. Se assim fizermos, nossas almas terão incomparavelmente mais encantos do que todas as gotas de orvalho somadas e mais grandeza do que todos os mares reunidos.
(Revista Arautos do Evangelho, Dez/2009, n. 96, p. 50)
Fonte: Arautos
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