OS DIAS MINGUAM, AS HORAS REPETEM-SE A UMA VELOCIDADE SEM FREIO!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

QUE GRAÇA NOS É DADA PARA NOS TORNARMOS FILHOS DE DEUS?

25 JANEIRO, 2016

Afinal, somos todos filhos de Deus?

Por João Pedro Oliveira | FratresInUnum.com –
 À parte o escândalo que é ter um vídeo, publicado pelas próprias fontes oficiais vaticanas e protagonizado por ninguém menos que o Papa, insinuando uma certa igualdade entre Cristo e algumas religiões pagãs, é preciso fazer uma consideração especial a respeito de uma afirmação do Santo Padre, cujo teor não parece ter sido devidamente apreciado pelos sítios católicos que visito.
papa
Trata-se da afirmação de que “somos todos filhos de Deus”.
Com esta postagem, não pretendo “adivinhar” as intenções do Sumo Pontífice, embora seja muito sensato que os fiéis católicos, como filhos da Igreja, procurem dar um sentido católico àquilo que ele fala, pois um Papa não tem sentido fora da Igreja e da comunhão com os seus predecessores.
Sem mais delongas, consideremos, com Santo Tomás de Aquino, que a filiação divina pode ser tomada em vários sentidos (cf. Suma Teológica, I, q. 33, a. 3).
Propriamente falando, filho de Deus é um só: Jesus Cristo. É o que confessamos no Credo, quando dizemos crer em “Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor”; é o que dizem em várias passagens os Evangelhos; é o que o Símbolo Niceno-Constantinopolitano exprime por meio da expressão “consubstancial ao Pai”. Jesus Cristo tem a mesma natureza divina do Pai, e isto o torna filho de Deus de uma forma que nenhuma criatura o é. Por isso, no Evangelho de S. João, quando anuncia aos Seus discípulos que deve partir, Cristo diz: “Subo para o meu Pai e vosso Pai”, como se dissesse: A minha filiação não é a mesma que a vossa.
A grande novidade da religião cristã – e que não está nem no budismo, nem no islamismo, nem no judaísmo – é que, através da fé, Deus vem dar ao homem o poder de se tornar filho de Deus, participando na própria natureza d’Ele.
Esse modo especial de filiação acontece pela graça e começa com o Batismo, mas só se consuma e se torna definitiva na glória do Céu e, por isso, é possível dizer que os Santos, depois de Jesus, são os que com maior razão podem ser chamados de filhos de Deus, seguidos por nós, que pertencemos à Igreja e procuramos perseverar na graça.
A lista não para por aí, pois todos os seres humanos, enquanto formados à imagem, uma vez que a semelhança se perdeu com o pecado original, também podem ser chamados de Seus filhos. Mais abaixo, vêm todas as demais criaturas, enquanto plasmadas pelas mãos do Criador, e que também podem ser consideradas Suas filhas.
O abismo que existe entre esta filiação e aquela, no entanto, é o mesmo que separa a Terra do Céu, a Criação da Redenção, o natural do sobrenatural, a razão humana da Revelação Divina. É verdade que, enquanto criaturas humanas, “somos todos filhos de Deus”, mas essa está longe de ser “a única verdade” que conhecemos: pelo Filho de Deus Encarnado, somos chamados a uma elevação, a um upgrade fora do comum, a uma felicidade para muito além de nossa natureza.
Então somos todos filhos de Deus? Somos. Santo Tomás poderia concordar tranquilamente com essa afirmação.
O que ele, bem como a multidão de santos e doutores da Igreja, certamente não aceitariam, é esse silêncio e esse reducionismo em relação à verdadeira mensagem do Evangelho, apresentada ambígua e parcialmente, que temos visto acontecer de forma muito clara dentro da Igreja, ao longo dos últimos anos.
Considerando que foi para elevar os homens à vida de Deus, à filiação divina pela graça, que o Verbo veio ao mundo e que a Igreja foi fundada, falar simplesmente que “somos todos filhos de Deus” – ou mesmo que “só há uma certeza” que compartilhamos com os membros de outras religiões –, sem maiores distinções ou nuances, é trair aos Apóstolos, é jogar no lixo as missões, é menosprezar os esforços de um São Francisco Xavier ou de um São José de Anchieta na catequização e santificação dos pagãos.
Se é apenas para dizer aos homens que eles já são criaturas do Deus que servimos, calando sobre a necessidade da Fé e do Batismo para a vida eterna, transformamo-nos em uma religião natural, como qualquer outra. Se é só para pedir o fim do aquecimento global ou o cuidado do mundo criado que gastamos a nossa saliva e a nossa ira, transformamo-nos em uma ONG há muito tempo, e ainda não percebemos.
                         Resultado de imagem para ide por todo o mundo e pregai o evangelho
A Igreja foi fundada para falar de Deus e levar os homens à comunhão com Ele. Se for preciso, que voltemos no tempo ou revisemos as nossas “estratégias pastorais” para devolvermos as coisas ao seu verdadeiro lugar, que seja. Mas que a Igreja seja o que é, o que Deus quis que ela fosse, não o que o mundo quer que ela seja. Isso não pode ser pedir demais.
Fonte: Fratres in Unum

Sem comentários: