Um novo estudo realizado na Austrália apurou que tanto moscas como abelhas, ou outros insectos, têm uma espécie de consciência porque os seus cérebros funcionam de forma similar ao chamado cérebro médio humano.
O filósofo Colin Klein e o biólogo Andrew Barron, ambos ligados à Universidade Macquarie, da Austrália, estudaram imagens dos cérebros de insectos, comparando-as com as estruturas cerebrais de outros animais e dos humanos.
A análise focou-se em particular no chamado cérebro médio, que se encontra rodeado pelas dobras cinzentas do córtex cerebral, e que é visto como o responsável pela capacidade para a experiência subjectiva.
A investigação concluiu que “os insectos têm a capacidade para o aspecto mais básico da consciência: a experiência subjectiva“, salienta o artigo sobre a pesquisa, publicado nos Proceedings of the National Academy of Sciences.
“Nos vertebrados, a capacidade para a experiência subjectiva é apoiada por estruturas integradas no cérebro médio que criam uma simulação neural do estado dos animais móveis no espaço. Esta representação integrada e egocêntrica do mundo, da perspectiva do animal, é suficiente para a experiência subjectiva”, sublinham os investigadores, notando que “estruturas no cérebro dos insectos realizam funções análogas”.
“Quando nós temos fome, não nos movemos simplesmente em direcção à comida; a nossa fome também tem uma sensação particular associada a ela. Um organismo tem experiência subjectiva se o seu estado mental sente algo quando as coisas acontecem”, explica Colin Klein em declarações à Discovery News.
“O córtex determina muito quanto àquilo de que temos consciência, mas o cérebro médio é o que nos torna capazes de sermos conscientes em primeiro lugar”, diz Klein.
“Faz isso, muito toscamente, formando uma imagem única integrada do mundo a partir de um ponto de vista singular”, acrescenta o filósofo, para realçar a ideia do estudo de que o cérebro dos insectos faz algo similar, em termos da modelação do mundo exterior.
Os autores da pesquisa alegam ainda que a origem da consciência remonta ao Período Câmbrico, ocorrido entre há 570 milhões de anos e há 505 milhões de anos e quando terão surgido os primeiros animais na Terra. No estudo frisa-se que os insectos dessa altura, precisariam de ter um Sistema Cerebral Central para os apoiar nas actividades de procura de alimento e de caça.
“Este sistema de controle comportamental evoluiu para uma solução eficiente para problemas básicos de referência sensorial e de verdadeira navegação”, explicam os investigadores.
“Quando os organismos começaram a mover-se livremente no seu ambiente, enfrentaram muitos desafios. Tinham que decidir onde ir a seguir. Tinham que dar prioridades às suas necessidades. Tinham que interpretar informação sensorial que mudava como consequência do seu movimento”, sublinha Colin Klein.
“Isso requeria um novo tipo de integração modelada e é aí que pensamos que a consciência surgiu“, conclui o filósofo.
Fonte: SV, ZAP
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