«Há em Fátima muito mais do que podemos racionalmente compreender», afirma não crente!
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«Há em Fátima muito mais do que podemos racionalmente compreender», considera o jornalista José Manuel Fernandes, que em texto publicado no "Observador" reflete sobre o «preconceito» acerca das aparições, destaca o «apelo popular» do santuário e evoca a «dúvida genuína» pessoal associada ao seu agnosticismo.
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«Há em Fátima muito mais do que podemos racionalmente compreender», considera o jornalista José Manuel Fernandes, que em texto publicado no "Observador" reflete sobre o «preconceito» acerca das aparições, destaca o «apelo popular» do santuário e evoca a «dúvida genuína» pessoal associada ao seu agnosticismo.
A opinião negativa sobre a Cova da Iria, «que não se limita aos ateus e aos agnósticos, também contagia muitos crentes», baseia-se frequentemente em reduzir o santuário «ao “joelhómetro” (a faixa onde alguns peregrinos, uma pequena minoria, cumprem as suas promessas) ou ao comércio das recordações», aponta.
Depois de abrir a crónica anunciando que olha para as aparições «como um não crente», o professor universitário salienta que, «para quem não tem fé, ainda é mais difícil compreender todos os sentimentos e emoções que Fátima suscita, e tudo o que inspira e mobiliza. E conciliar isso com a razão – sendo que a relação da Fé com a Razão foi um dos grandes temas de Bento XVI».
«Aquilo que em Fátima me parece ser realmente diferente é o seu apelo popular», declara o colunista, que questiona como terá sido possível que, «num tempo em que não havia estradas, nem formas de comunicação fáceis, sob um regime que combateu desde o início o fascínio pelas revelações dos pastorinhos e tudo fez para tornar ainda mais difíceis as deslocações, logo em outubro de 1917 umas cem mil pessoas, vindas de todo o país, se juntassem na Cova de Iria».
Para José Manuel Fernandes, esta religiosidade popular, «mesmo não seguindo a ortodoxia dos puristas, também está a léguas do obscurantismo que os eternos anti-clericais vêem em tudo o que se relaciona com o santuário».
«Não creio que seja possível provar a existência de Deus, mas também sei que não se consegue demonstrar a sua inexistência. O meu agnosticismo é por isso uma dúvida genuína, não um labéu de conveniência, como está na moda. Mas isso não impede que, e vou repetir-me, em alguns momentos mais intensos sinta pena de não ter fé», assinala.
Depois de recordar que teve «diferentes relações com a religião» ao longo da vida, referidas no livro "Diálogo em tempo de escombros", com o atual cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente (ed. Pedra da Lua), o autor declara que não pode deixar de se «emocionar» quando olha para «os peregrinos que se dirigem a Fátima animados por algo que é muito mais do que pedir uma graça, cumprir uma promessa ou simplesmente ajoelhar-se, acender uma vela e rezar».
«Tal como não posso deixar de pensar naquilo que não alcançamos, recordando de novo Bento XVI nessa mesma aula [Universidade “La Sapienza”]: “o perigo do mundo ocidental é que o homem, obcecado pela grandeza do seu saber e do seu poder, esqueça o problema da verdade”. Humanamente e simplesmente», conclui José Manuel Fernandes.
SNPC
Fonte: Pastoral da Cultura-Publicado em 15.05.2017
Fonte: Pastoral da Cultura-Publicado em 15.05.2017
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