O risco dos riscos
«A esperança é uma determinação heroica da alma. A mais alta forma da esperança é o desespero vencido. A esperança é o risco a correr. É, aliás, o risco dos riscos.»
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«Estai sempre pronto a responder a cada um que vos interrogue a razão da esperança que está em vós»: este famoso programa, expresso pela Primeira Carta de S. Pedro (3,15), tem no centro uma virtude teologal que, enquanto tal, é dom divino, mas que é também compromisso operativo do crente.
É isso que nos recordam as palavras acima citadas desse grande escritor católico francês que foi Georges Bernanos (1888-1948), no seu ensaio “A liberdade, para quê?”.
Podemos aceitar ou não a decepção finita!Mas jamais a ESPERANÇA infinita! | |||
Outro escritor francês, também católico, Charles Péguy, não muitos anos antes, tinha composto todo um poema sobre esta virtude, “O pórtico do mistério da segunda virtude” (1911). Ele recordou o quanto é difícil esperar, enquanto desesperar é a opção mais fácil, deixando-se quase andar à deriva.
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É o que também sublinha Bernanos: esperar é, seguramente, um risco, exige coragem, reação, empenho. Mas é só por esta via que se reencontra o sentido perdido da vida, e se faz calar o grito do desespero, que é sinal de morte.
É verdade que este caminho é muitas vezes árduo. Karol Wojtyla, antes ainda de se tornar papa, num seu drama, “A loja do ourives”, declarava: «Não há esperança sem medo, como não há medo sem esperança».
Por isso, é preciso enfrentar com realismo e determinação o risco da esperança, fazendo dela quase o emblema do cristão que a testemunha num mundo tantas vezes entristecido e subtilmente desesperado, ainda que sob o manto exterior da alegria.
Fonte: Pastoral da Cultura
P. (Card.) Gianfranco Ravasi
In Avvenire
Trad.: Rui Jorge Martins
Imagem: Chinnapong/Bigstock.com
Publicado em 14.10.2019
In Avvenire
Trad.: Rui Jorge Martins
Imagem: Chinnapong/Bigstock.com
Publicado em 14.10.2019
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