Com a morte Ele venceu a Morte! Leia esta reflexão para compreender o que isto significa
25, setembro, 2014 Deixar um comentário
Escreve S. João que nosso Redentor, antes de expirar,
inclinou a cabeça: “E tendo inclinado a cabeça, entregou seu espírito” (Jo.
19,30).
Inclinou a cabeça para significar que aceitava a morte, com plena submissão,
das mãos de seu Pai, a quem prestava humilde obediência.
“Humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até à morte, e morte de cruz” (Fl.
2,8).
Jesus, estando na cruz com os pés e as mãos nela cravados, não tinha
liberdade de mover outra parte do corpo além da cabeça.
Diz S.
Atanásio que a morte não ousava tirar a vida ao autor da vida e por isso foi
preciso que ele mesmo, inclinando a cabeça (única parte que podia mover),
chamasse a morte para que viesse tirar-lhe a vida (Qu. 6
Antioc.).
Referindo-se a isso, diz S. Ambrósio que S. Mateus, falando da morte de
Jesus, escreve: “Jesus, porém, clamando outra vez com grande voz, entregou o
espírito” (Mt. 27,50), para significar que Jesus não morreu por necessidade ou
por violência dos carrascos, mas porque o quis espontaneamente,
para salvar o homem da morte eterna a que ele estava condenado.
Isso já tinha sido predito pelo profeta Oséias: “Eu os livrarei das mãos da morte, eu os resgatarei da
morte. Ó morte, eu serei a tua morte; ó inferno, eu serei a tua
mordedura” (Os. 13,14).
Os santos padres S. Jerônimo, S. Agostinho, S. Gregório e o próprio S. Paulo,
como veremos brevemente, aplicam este texto literalmente a Jesus Cristo, que
com sua morte nos livrou das mãos da morte, isto é, o inferno,
onde se sofre uma morte eterna.
No texto hebraico, como notam os intérpretes, em vez da palavra morte, está
a palavra “sceol”, que significa inferno. Como se explica que
Jesus Cristo foi a morte da morte? “Serei tua morte, ó morte!” Porque nosso
Salvador com sua morte veio destruir a morte a nós devida pelo pecado.
Por isso escreve o Apóstolo: “Tragada foi a morte pela vitória. Onde
está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O
aguilhão da morte é o pecado” (1Cor. 15,54).
O Cordeiro divino Jesus, com sua morte,
destruiu o pecado, que era a causa da nossa morte, e esta foi a vitória de
Jesus, pois que ele, morrendo, tirou do mundo o pecado e,
conseqüentemente, nos livrou da morte eterna a que estava sujeito até então todo
o gênero humano.
A isso corresponde aquele outro texto do Apóstolo: “Para que pela morte
destruísse aquele que tinha o império da morte, isto é, o demônio” (Hb.
2,14).
Jesus destruiu o demônio, isto é, destruiu o poder do demônio, o qual em
razão do pecado tinha o império da morte, a saber, tinha o poder de dar a morte
temporal e eterna a todos os filhos de Adão, contaminados pelo pecado.
E esta foi a vitória da cruz, na qual morrendo Jesus, que é o autor da
vida, com a sua morte recuperou-nos a vida. Por isso canta a
Igreja: “A vida suportou a morte e pela morte produziu a vida”.
Isso tudo foi obra do amor divino, que como sacerdote sacrificou ao Eterno
Pai a vida de seu Filho unigênito pela salvação dos homens. E assim canta
igualmente a Igreja: “O amor, qual sacerdote, imola os membros do corpo
sacrossanto”.
S. Francisco de Sales exclamou: “Consideremos este divino Salvador estendido
sobre a cruz, como sobre seu altar de amor, onde vai morrer por amor de nós.
Ah, por que
não nos lançamos também em espírito sobre a cruz, para morrer com ele, que quis
morrer por amor de nós?”.
Sim, meu doce Redentor, eu abraço a vossa cruz e a ela abraçado quero
viver e morrer, beijando sempre com amor vossos pés chagados e
transpassados por mim.
Reflexões sobre a morte de Jesus Cristo e a nossa - Santo Afonso Maria de
Ligório
Fonte: osegredodorosario.blogspot
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