Legionella ceifa cinco vidas e infeta 233 pessoas
Ao quarto dia (de conhecimento público generalizado) da existência de um surto de legionella, o diretor-geral da Saúde esclareceu existirem “cumulativamente, 233 casos registados de doença dos legionários e cinco casos mortais confirmados”, sendo que 38 desses casos estão internados nos cuidados intensivos e a grande maioria dos doentes está hospitalizada na Grande Lisboa, (duas no Porto, três em Castelo Branco e outras três no Barreiro-Montijo).
De acordo com a Direção Geral da Saúde (DGS), “todos os casos reportados têm ligação epidemiológica ao surto que decorre em Vila Franca de Xira. As freguesias de Vialonga, Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa continuam a registar a maior incidência”. Os técnicos da DGS permanecem a realizar colheitas em “domicílios” das freguesias infetadas. E continuam os inquéritos epidemiológicos.
Em comunicado, a DGS sublinha ainda que foi reforçado o cloro na água e que foram desactivadas as fontes de ornamentação, de forma a prevenir a libertação de aerossóis (gotículas de água que inaladas podem transmitir a bactéria presente na água).
Por outro lado, assegura que “com base nas análises preliminares feitas pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge e nos dados fornecidos pela georreferenciação dos casos ocorridos foram encerradas as torres de refrigeração das principais fábricas da zona afetada com vista a proceder à desinfeção e desincrustação das mesmas”. Uma medida de precaução que visa reduzir possíveis focos de infeção até ser localizada a origem do surto.
Para Francisco George continua a não existir fundamento científico que justifique o encerramento de escolas.
A referência feita pelo responsável às unidades fabris prende-se com as três principais fábricas do concelho de Vila Franca de Xira, nomeadamente a Central de Cervejas, a Solvay e a ADP Fertilizantes. Estas empresas, acatando as indicações do Ministério da Saúde, decidiram parar temporariamente os seus sistemas de refrigeração, visando encontrar a causa do atual surto. Para tal, foram recolhidas amostras para análise e efetuada limpezas, e apesar de não se saber se esta será a origem do surto, sabe-se que uma das hipóteses de ponto de partida da propagação pode estar na água das caldeiras ou tubagens de água deste tipo de equipamento, que através das respetivas torres de refrigeração podem libertar vapores contaminados.
A referência feita pelo responsável às unidades fabris prende-se com as três principais fábricas do concelho de Vila Franca de Xira, nomeadamente a Central de Cervejas, a Solvay e a ADP Fertilizantes. Estas empresas, acatando as indicações do Ministério da Saúde, decidiram parar temporariamente os seus sistemas de refrigeração, visando encontrar a causa do atual surto. Para tal, foram recolhidas amostras para análise e efetuada limpezas, e apesar de não se saber se esta será a origem do surto, sabe-se que uma das hipóteses de ponto de partida da propagação pode estar na água das caldeiras ou tubagens de água deste tipo de equipamento, que através das respetivas torres de refrigeração podem libertar vapores contaminados.
À ESPERA DOS RESULTADOS
Quanto aos tão aguardados resultados sobre o tipo de bactéria legionella e a provável origem do surto que desde sexta-feira atinge o concelho de Vila Franca de Xira sabe-se que para já estão 40 amostras em cultura e que as primeiras conclusões podem ser reveladas entre quinta e sexta-feira desta semana, segundo avançou Fernando de Almeida, presidente do laboratório nacional de referência, o Instituto Ricardo Jorge, ao Expresso. O responsável elucidou ainda que “sabemos que a água tem legionella, mas isso não nos diz nada sobre o surto. Precisamos de saber se é a mesma que infetou todas as pessoas, ou seja, se o seu bilhete de identidade é igual”, sendo que se for apurado em concreto qual é a legionella responsável pela contaminação será possível descobrir onde está alojada e como se dispersou pelo referido concelho.
SEXTO MAIOR SURTO DE SEMPRE NO MUNDO
Segundo dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) o número de pessoas infetadas neste surto em Portugal é dos maiores alguma vez registados no mundo. E à sua raridade acrescentam que este é já tido como o sexto maior surto em número de casos alguma vez registado, encontrando-se imediatamente atrás do “caso zero” que viria a dar nome à doença. O último surto ocorrido em Portugal ficou classificado como caso de estudo mas a sua dimensão foi outra já que, em 2000, em Braga apenas se registaram 11 pessoas infetadas.
Sobre esta doença, batizada como “doença dos legionários” sabe-se que foi descoberta em 1976, num surto que infetou cerca de 200 pessoas que tinham em comum ter estado num hotel da Pensilvânia, a propósito de uma reunião de veteranos de guerra da Legião Americana.
Desde então a EDC tem listado todos os casos, de surtos a episódios, e em destaque encontramos, pela sua dimensão, o Reino Unido (com um surto que afetou 494 pessoas) e a vizinha Espanha (449 infetados). O primeiro remonta a 2002, teve origem num sistema de ar condicionado, num centro cultural em Barrow, e matou sete pessoas. As autoridades locais, responsáveis pela manutenção do centro, chegaram a ser envolvidas num processo judicial que culminou na absolvição de todas as acusações de homicídio. Um ano antes, em Múrcia, as torres de refrigeração de um hospital provocavam o segundo maior surto de sempre. Chegaram a anunciar-se 800 casos suspeitos mas pouco mais de metade viriam a ser confirmados. No entanto, há a lamentar seis mortes.
Sónia Bexiga, com Lusa