Um sublime exemplo de Governante! Conheça a belíssima história da Beata Margarida da Lorena 13, novembro, 2014 Deixar um comentário
Beata Margarida de Lorena |
Margarida da Lorena, Duquesa de Alençon, nascida em 1463, filha de Ferri de Vaudimont e de Iolanda d’Anjou, foi educada na corte do seu piedoso avô, rei Renato d’Anjou.
Os seus principais textos de
estudo, a Legenda Áurea e as Vidas dos Santos, produziram nela tal impacto, que
aos 10 anos de idade já sonhava em ser eremita, como demostra
um episódio curioso: durante um passeio coletivo, Margarida e mais algumas
companheiras separaram-se do grupo.
Julgando-se que se teriam perdido
na mata, organizou-se uma operação de busca. Quando à tardinha a encontraram,
confessou que se tinha escondido de propósito para experimentar como seria a
vida eremítica.
Entretanto morreu-lhe o avô, o que
a fez regressar à Lorena, onde a cunhada assumiu o encargo de continuar a sua
educação na mesma linha de piedade. No ano seguinte casou-se
com o Duque de Alençon.
Mas a vida do casal não foi fácil,
pois os desastres da guerra dos cem anos fizeram-se sentir no pequeno ducado. A
situação da esposa tornou-se ainda pior quando lhe morreu o marido, deixando-a
viúva aos 32 anos de idade, com três filhos de tenra idade para
criar.
A partir de então, como mulher
forte, dedicou-se à educação dos órfãos, cuja tutela os parentes pretendiam
assumir. Opondo-se a essa pretensão, Margarida esmerou-se na educação dos
filhos, conseguindo que eles se tornassem jovens admiráveis que conseguiram
ótimos casamentos.
Governou com sabedoria o Ducado de
Alençon
Durante os 20 anos de regência do
Ducado de Alençon arruinado pela Guerra dos Cem Anos, Margarida revelou que a
gestão dos assuntos temporais não é incompatível com o ideal do
Evangelho: ela sanou as finanças do Ducado, reformou os costumes.
Humanizou a vida social prestando
assistência aos “pobres envergonhados” (aqueles que não se atreviam a pedir),
refez a unidade da diocese de Séez dividida entre dois bispos, reformou as
abadias de Almenèches e St. Martin de Séez e fundou mosteiros de Clarissas em
Alençon, Mortagne, Château-Gontier, Mayenne e Argentan.
Ela também restaurou e
embelezou muitos monumentos civis e religiosos, incluindo igrejas de Mortagne,
Argentan e Alençon. Assim, em 1505 concluiu a construção da Igreja de São
Leonardo de Alençon.
Finalmente, quando seu filho mais
velho, Carlos, atingiu a maioridade, ela transferiu para ele o
poder; Carlos se casaria com Margarida de Navarra, irmã do rei
Francisco I.
Serviu
aos doentes e aos pobres
Viúva abastada, ela se
consagrou plenamente a servir os doentes e os pobres, que ela chamava de
“seus senhores“. Visão sagrada da pobreza que tem suas raízes no
Evangelho e na tradição franciscana.
Livre do cuidado dos filhos e do
ducado, dividiu seus bens em três partes: uma destinada aos
pobres, outra a Igreja e a terceira ao seu próprio sustento; depois se retirou
no Castelo de Essai, que se transformou num verdadeiro mosteiro, e permaneceu em
estreito contado com as Clarissas de Alençon.
O bispo da diocese chegou mesmo a
recomendar à duquesa que moderasse as suas práticas ascéticas bastante
exageradas, como passar noites inteiras em claro em oração, usar cilícios, fazer
grandes temporadas de jejum, e flagelar-se com violência para “saborear um
pouquinho da Paixão de Jesus”, como ela mesma costumava
dizer.
Antes de se tornar Clarissa em
Argentan, Margarida enriqueceu igrejas e mosteiros com bordados
de mérito incalculável, feitos por ela com todo o carinho: o famoso “ponto de
Alençon”, uma arte das mais sutis, e que lhe dão direito a ser considerada
legítima ascendente das nossas modernas rendeiras.
O apadrinhamento histórico desta
famosa renda cabe à Beata Margarida. Esta antepassada de Henrique IV, nora do
“Gentil Duque”, que foi o companheiro de armas de Santa Joana d’Arc, não se
limitou a administrar o ducado com tal sensatez e condescendência que lhe deram
o nome de “mãe de toda a caridade”:
ela praticou e incentivou
esta arte que perdura até nossos dias, e da qual também foi uma engenhosa
empreendedora a mãe de Santa Teresinha do Menino Jesus, a Beata Zélia
Guerin.
Vida no Mosteiro
Por fim, Margarida ingressou no
mosteiro das Clarissas de Argentan para partilhar a vida duríssima das filhas de
Santa Clara.
Foi, porém, uma experiência de
pouca duração, pois ao fim de dois anos adoeceu gravemente, e preparou-se para a
morte, que ocorreu no dia 2 de novembro de 1521, tendo ela 58 anos de idade. Só
então se descobriu que ela trazia ao peito uma cruz de ferro
com três pontas aguçadas que se lhe cravavam na carne.
A memória de Margarida da Lorena
foi preservada no Martirológio Franciscano e no Martirológio Gálico. Após um
convite feito pelo Bispo de Séez, Jacques Camus de Pontcarri, Luís XIII rogou ao
Papa Urbano VIII que ordenasse um processo canônico sobre as virtudes e os
milagres da piedosa Duquesa d’Alençon.
Seu culto entretanto somente foi
aprovado por Bento XV no dia 20 de março de 1921.
Ela é comemorada no dia 3 de novembro. A
Igreja reconhece nela um “modelo para os que governam os
povos”.
Fonte: heroinasdacristandade.blogspot
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