“PANAMA PAPERS” REVELAM CONTAS OCULTAS DE DEZENAS DE POLÍTICOS E PERSONALIDADES MUNDIAIS
Chefes de Estado e de Governo em exercício e reformados, políticos,grandes empresários, desportistas de elite, actores e artistas de prestígio mundial figuram como titulares ou ligados a empresas de fachada em offshores.
Os nomes destas personalidades vieram a público na sequência de uma fuga de documentos do escritório de advogados panamenho Mossack Fonseca, especializado na criação de empresas emoffshores.
O caso, que já ganhou destaque na imprensa mundial e foi baptizado de “Panama Papers“, foi investigado durante um ano por cerca de 400 jornalistas em 80 países.
Os arquivos foram entregues por uma fonte anónima ao jornal alemão “Süddeutsche Zeitung” e são considerados a maior fuga de informação dos últimos tempos.
De acordo com a investigação, o presidente russo, Vladimir Putin, familiares do líder chinês Xi Jining, a família real saudita, e primeiro-ministro da Islândia David Gunnlaugsson, o jogador de futebol argentino Lionel Messi e o actor Jackie Chan estão entre os clientes da Mossack Fonseca.
Os documentos contêm dados de operações de 214 mil empresas criadas offshore pela Mossack Fonseca.
Entre as personalidades que emergem dos 11,5 milhões de documentos filtrados pelo Wikileaks e pelo ICIJ figuram ainda o ex-presidente da UEFA Michel Platini, o novo presidente da Argentina,Mauricio Macri, e personalidades ligadas a 72 chefes ou ex-chefes de Estado ou de Governo.
Um português e a Lava Jato
Há, pelo menos, um português citado nos documentos da Mossack Fonseca.
De acordo com o jornal brasileiro Estadão, trata-se de um empresário português, Idalécio Oliveira, dono de um conglomerado de nome Lusitania Group com 14 empresas offshore, que estará ligado a um grupo com interesses na área da exploração petrolífera.
Em 2011, o empresário terá vendido à petrolífera brasileira Petrobrás um bloco de exploração de petróleo no Benin onde não existia petróleo, operação que resultou em prejuízo para a empresa brasileira.
Este negócio estará a ser investigado no âmbito do processo Lava-Jato, no Brasil.
Ligações russas
Os mais de 11 milhões de documentos da Mossack Fonseca revelam, segundo a BBC, a forma como a empresa ajudou nos últimos 40 anos alguns dos seus clientes a lavar dinheiro procedente de diversas actividades.
Os documentos revelam operações de várias personalidades ligadas ao presidente russo, Vladimir Putin, que movimentam elevadas somas através do banco Rossiya, alvo de sanções dos Estados Unidos e da União Europeia depois da anexação da região ucraniana da Crimeia pela Rússia.
O dinheiro terá sido supostamente lavado através de uma empresa do músico Sergei Roldugin, amigo da adolescência de Putin.
O músico controla activos de aproximadamente 100 milhões de dólares através de empresas de fachada. Entre estes activos estão uma participação de 12,5% na principal agência de publicidade televisiva da Rússia e outra de 3,2% no banco Rossiya.
Da Islândia à Argentina
Segundo os “Panama Papers”, David Gunnlaugsson, o actual primeiro-ministro da Islândia, e a mulher,Anna Sigurlaug Pálsdóttir, terão adquirido, através da marca luxemburguesa do banco islandês Landsbanki, a empresa Wintris Inc., administrada pela Mossack Fonseca.
O casal usou a empresa para investir milhões de dólares herdados, segundo documentos assinados em 2015 pela mulher do primeiro-ministro islandês.
Os documentos revelam que Maurício Macri, presidente da Argentina, o seu pai Francisco o irmão Mariano eram administradores de uma empresa chamada Fleg Trading Ltd, constituída nas Bahamas em 1998 e dissolvida em janeiro de 2009.
Macri não revelou a sua ligação à Fleg Trading nas suas declarações patrimoniais de 2007 e 2008, quando era presidente da Câmara de Buenos Aires.
Entre as pessoas que usaram os serviços da Mossack Fonseca encontram-se Pilar de Borbón, irmã do ex-rei espanhol Juan Carlos, e o jogador de futebol argentino Lionel Messi.
O futebolista e o pai são acusados em Espanha de um suposto delito fiscal, pelo qual começarão a ser julgados a 31 de maio. Os documentos mostram que Lionel Messi mantém neste momento activa no Panamá uma empresa cujo único accionista é o pai.
Origem da fuga
A Mossack Fonseca comunicou recentemente aos seus clientes que sofreu um ataque informático aos seus servidores de dados e afirmou em comunicado que o seu escritório no Brasil foi intimado a fornecer informações “como parte das investigações da procuradoria do país sobre alguns casos actualmente em curso nesse país”.
A empresa admite no comunicado que entre os seus clientes se encontram, entre outros, “bancos de primeira categoria, advogados, contabilistas e escritórios de advocacia”, acrescentando serem “empresas reconhecidas comercialmente e de boa reputação”.
“Há 40 anos que a Mossack Fonseca opera acima de qualquer suspeita no nosso país e em outras jurisdições onde temos operações. A nossa empresa nunca foi acusada de cometer ou ter ligação com um crime”, afirma a companhia.
“Há empresas offshore em todo o mundo e são usadas para uma série de fins legítimos”, diz a Mossack Fonseca.
A ICIJ, em parceria com diversos órgãos de comunicação em todo o mundo, prometeram para os próximos dias a divulgação gradual de novas informações recolhidas no estudo dos “Panama Papers”.
Fonte:ZAP
As caras do escândalo
Fonte: Observador-nmartins@observador.pt
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