Um grupo de cientistas descobriu uma falha geológica que pode despoletar um terramoto de proporções cataclísmicas sob o Bangladesh, partes da Índia e Myanmar. E, para já, não é possível prever quando este mega-sismo pode ocorrer.
A pesquisa, levada a cabo por investigadores do Observatório da Terra Lamont-Doherty da Universidade de Columbia, nos EUA, descobriu uma falha geológica que estava escondida “enterrada debaixo de milhas de sedimento de rio”.
A falha, situada na zona de confluência entre os rios Ganges e Brahmaputra, que criam o maior delta do mundo, esteve, até agora, longe dos “radares” dos investigadores debaixo da brutal quantidade de sedimentos que os dois imensos cursos de água geram todos os anos – uma “gigatonelada de sedimentos todos os anos”, de acordo com os investigadores.
Num estudo realizado em parceria com investigadores da Universidade Dhaka, do Bangladesh, os cientistas instalaram GPS ultra-sensível ao longo deste país, durante 2003 e 2014.
Em seguida, analisaram esses dados cruzando-os com informações da Índia e de Myanmar sobre o movimento das placas tectónicas, criando assim, um mapa de toda a região abrangida pela falha.
As conclusões, apresentadas num artigo publicado na Nature Geoscience, apontam que uma das placas tectónicas por baixo do sedimento está a mergulhar debaixo da outra, muito abaixo da superfície, enquanto nas camadas superiores da falha, estão unidas.
Este movimento, que abrange, possivelmente, segundo os investigadores, as Placas Indiana e Eurasiática, acumula tensão que pode provocar um mega-terramoto, no caso de haver uma ruptura.
Trata-se de um possível mega-sismo que pode chegar aos 8.2 a 9.0 de magnitude e nem sequer é possível, neste momento, prever quando poderá ocorrer.
“Não sabemos se é amanhã ou se não vai acontecer durante os próximos 500 anos“, refere o co-autor do estudo, o geofísico Michael Steckler, em comunicado.
Sem provas geológicas que possam ajudar a prever quando o terramoto ocorrerá eventualmente, os investigadores vão agora, tentar analisar melhor a forma da falha e verificar o historial de tsunamis na zona, para tentar perceber com que frequência ocorrem sismos mega-tectónicos.
Para Steckler, certo é que um terramoto com estas proporções na zona mais densamente povoada do mundo – moram cerca de 140 milhões de pessoas num raio de 100 quilómetros da falha – terá efeitos devastadores, até por causa da má qualidade da construção, em nada preparada para enfrentar sismos.
“Já os vi a bombearem areia para construir o nível do solo de um edifício de 20 pisos. Se houver um terramoto, [essa fundação] vai liquefazer-se e o edifício vai simplesmente cair”, frisa Steckler ao Live Science.
Fonte:ZAP
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