quarta-feira, 10 de agosto de 2016
Bancos sem fiéis: Igreja Católica alemã
naufraga no vazio da modernidade e do relativismo moral
Bancos sem fiéis: cena cada vez mais frequente nas igrejas alemãs. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Na Alemanha, a Igreja Católica, altamente modernizada e cada vez mais distante de suas gloriosas tradições, vive grave crise, de acordo com relatório apresentado pelo presidente da Conferência Episcopal Alemã (CEA), Cardeal Reinhard Marx: cada vez menos fiéis, sacerdotes que não se confessam e uma queda geral dos batizados e casamentos, informou a agência ACI Prensa.
Na Alemanha há 23,7 milhões de católicos – 29% da população – mas em 2015 perdeu 181.925.
Em relação a 20 anos atrás, o número de batizados e casamentos revela uma preocupante tendência geral de queda.
Em 1995 260 mil crianças receberam o Batismo, mas em 2015 apenas 167 mil. Em 1995 houve 85.456 casamentos na Igreja, mas em 2015 o número caiu para quase a metade: somente 44.928.
Se até divorciados recasados podem receber a comunhão e concubinos podem estar “bem casados”, segundo afirmações do clero progressista, muitos dispensam essa cerimônia ineficaz.
Cardeal Reinhard Marx: cada vez menos fiéis, sacerdotes que não se confessam e uma queda geral dos batizados e casamentos. |
Em 1995, 18,6% dos católicos alemães iam à Missa, mas em 2015 só vão 10,4%.
Apenas 54% dos sacerdotes se confessam uma vez por ano, ou abandonaram de vez essa prática fundamental.
O indiferentismo moral é mais acentuado entre os chamados agentes ou assistentes de pastoral: 91% não se confessam uma vez por ano, ou pura e simplesmente nunca.
O Cardeal Reinhard Marx, um dos líderes mundiais da subversão da moral tradicional católica, comemorou que a “Igreja na Alemanha continua tendo uma grande força”, dando de ombros para a alarmante evidencia que ele próprio comunicou.
A apostasia é um gesto tremendo mas quem adotou a mentalidade ecumênica segundo a qual há uma equivalência das religiões passou a ser um gesto subjetivamente intranscendente, embora gravíssima ante Deus.
Diante das ondas de fiéis que se afastam ou apostatam, o Cardeal pediu mais modernidade e relativismo, que ele definiu como “prática pastoral sofisticada que faça justiça às pessoas de diferentes tipos de vida” – que incluem todas as formas de vida irregular e escandalosa.
Em apoio à pastoral em degringolada, o Cardeal citou “a conclusão do Sínodo dos Bispos e a exortação apostólica Amoris Laetitia, do Papa Francisco”, na qual encontrou “importantes sinais” da pastoral assumida pela CEA.
Montagem na igreja abandonada de S.Jorge na República Checa é imagem surrealista da crise na igreja alemã. |
Recebendo bispos alemães em visita ad limina em novembro de 2015, o Pontífice romano falou da “erosão da fé católica” no país.
Ele afirmou que “se nota uma queda muito forte da participação na Missa dominical e na vida sacramental. Nos anos 60, quase todos os fiéis participavam todos os domingos na Santa Missa, mas hoje são menos do dez por cento”.
Porém, esta constatação não foi acompanhada de oportunas ações pastorais e exemplos apostólicos para reavivar a fé e as práticas morais e religiosas tradicionais.
Pelo contrário, o desenvolvimento do Sínodo da Família e sua expressão doutrinária expressa na Amoris Laetitia parecem feito de molde a afastar ainda mais os fiéis da prática religiosa, da fidelidade à moral tradicional, da família e da frequência aos sacramentos, segundo evidenciou o relatório do episcopado alemão que citamos.
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