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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

PODEMOS CRER NO QUE NÃO VEMOS?

Podemos crer no que não vemos? Veja o que diz Santo Tomás
SÃO TOMÁS DE AQUINO
Mas pode alguém objetar: se é insensatez acreditar naquilo que não se vê, não se deve crer senão naquilo que se vê.
Respondo a essa objeção com os seguintes argumentos.

Primeiro:

É a própria imperfeição de nossa inteligência que desfaz essa dúvida. Realmente, se o homem pudesse por si só mesmo perfeitamente conhecer as coisas visíveis seria insensato acreditar nas coisas que não vemos.

Mas o nosso conhecimento é tão limitado que nenhum filósofo até hoje conseguiu perfeitamente investigar a natureza de uma só mosca. Conta-se até que certo filósofo levou trinta anos no deserto para conhecer a natureza das abelhas.

Ora, se nossa inteligência é tão limitada assim, é muito maior insensatez não querer acreditar em algo a respeito de Deus a não ser naquilo que o homem pode conhecer por si mesmo d’Ele. 

Lê-se no livro de Jó: “Eis como Deus é grande e ultrapassa a nossa ciência” (36, 26).

Segundo:

Consideremos, por exemplo, um mestre que assimilou uma verdade, e de um aluno pouco inteligente que a entendeu diversamente, porque não a atingiu. Ora, esse aluno pouco inteligente deve ser considerado como bastante tolo.

Sabemos que a inteligência dos Anjos ultrapassa a do maior Filósofo, como a deste, a inteligência dos ignorantes. Portanto, seria tolo se o filósofo que não acreditasse nas coisas ditas por Deus.

Lê-se, a esse respeito, nas Escrituras: “Foram-te apresentadas muitas verdades que ultrapassam a inteligência do homem”.

Terceiro:

Se o homem não acreditasse senão nas coisas que vê, nem poderia viver nesse mundo.

Pode alguém viver sem acreditar em outrem? Como podes tu saber que este é teu pai? É, pois, necessário que o homem acredite em alguém, quando se trata das coisas que por si só não as pode conhecer.

Ora, ninguém é mais digno de Fé do que Deus. Por conseguinte, os que não acreditam nas verdades da Fé não são sábios, mas tolos e soberbos. São Paulo refere-se a esses como sendo – “soberbos e ignorantes…” (1 Tm 6, 4).

Por isso São Paulo diz de si: “sei em quem acreditei e tenho certeza…” (2 Tm 1, 12). Tudo isso é confirmado no livro do Eclesiástico  “Vós que temeis o Senhor, acreditai n’Ele” (2, 8).

Quarto:

Pode-se ainda responder dizendo que  Deus comprova as verdades da Fé.

Se um rei enviasse suas cartas com um selo real, ninguém ousaria dizer que aquelas cartas não vinham do próprio rei. É claro que as verdades nas quais os santos acreditaram e que nos transmitiram como sendo de Fé Cristã, estão seladas com o selo de Deus.

Este selo é significado por aquelas obras que uma simples criatura não pode fazer, isto é, pelos milagres. Pelos milagres Cristo confirmou as palavras do Apóstolo e dos santos.

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Fonte: “Sermão sobre o Credo” – São Tomás de Aquino.

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