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segunda-feira, 8 de junho de 2015

DO AMOR ESPIRITUAL ao amor carnal! Preciosidade perdida!

A estranha liberdade de não controlar os sentimentos após a primeira vez

por Exclusivo DN/The New York Times Hoje

A estranha liberdade de não controlar os sentimentos após a primeira vez
Amor Moderno: exclusivo DN/The New York Times.
 
Tinha 13 anos e estava no palco com um grupo de colegas adolescentes quando o nosso pastor anunciou à frente de toda a congregação, "estes jovens tomaram todos a decisão acertada de se guardarem para o casamento".
Foi o grande final de um retiro de pureza que tinha durado todo o fim de semana e que constou basicamente de dois dias de escrita, orações e palestras sobre estatísticas assustadoras relativas ao sexo antes do casamento.
Foi-nos dito que a virgindade era o presente de casamento mais precioso e que se não esperássemos pelo casamento para ter sexo era provável que nos divorciássemos. As raparigas constituíam a esmagadora maioria dos participantes.
Eu cresci numa pequena cidade do Oklahoma onde a maior parte da comunidade pertencia a uma ramificação do cristianismo que se abstém de beber e de dançar. Ao crescer tinha-me conformado com aquele sistema de crença. As pessoas fixes da minha escola não eram as que iam a festas e fumavam erva, mas sim os cristãos devotos.
Na tentativa de me integrar, ali estava eu no palco a enfiar no dedo um anel de prata que representava a pureza. O anel era modesto, delicado e feminino, tal como era suposto eu ser. Usei aquele anel durante anos. Fantasiava sobre mandá-lo derreter e transformá-lo na aliança de casamento do meu futuro marido.
Cresci a acreditar em duas coisas. A primeira: o amor e o sexo são mutuamente exclusivos. A segunda: a minha sexualidade não me pertence. Pertencia a Jesus e, em seguida, uma vez casada, ao meu marido. Sentia que a minha sexualidade era algo de grande valor para as outras pessoas. Percebi que era uma coisa poderosa, quer a protegesse quer a explorasse.
O AMOR CHAMADO MODERNO DESTRUIU O DE MELHOR QUE HAVIA ENTRE DOIS SERES LÍMPIDOS E SONHADORES, HOJE TUDO NÃO PASSA DE EGOÍSMO PURO E MEDÍOCRE, E POR ISSO A JUVENTUDE DE HOJE CURTE EM VEZ DE AMAR, TROCA DE PARCEIRO SEM MEDIR AS CONSEQUÊNCIAS QUE OS VAI AFECTAR NO FUTURO. BASEADOS NO RELATIVISMO DA VIDA, PERDERAM O PUDOR DO SER, E PASSARAM A SER MEROS instintos a comandar os apetites ocasionais e libertinos! 



É difícil para mim saber porque deixei de acreditar. Teve que ver com a hipocrisia cada vez mais evidente dentro da minha própria comunidade. As raparigas usavam a oração como uma forma de coscuvilhice, dizendo coisas como "Vou fazer uma oração pela Hannah porque ouvi dizer que ela teve relações sexuais com o Tanner."
Estava também a amadurecer, a começar a pensar por mim mesma e a perceber que havia outras maneiras de viver a minha vida. Tirei o meu anel aos 16 anos. Depois disso já não me integrava no grupo das meninas da minha escola pequena e conservadora. Assim, comecei a tentar ser tão diferente delas quanto possível e, na minha cabeça, consequentemente melhor.
Adotei uma espécie de quase feminismo em vez da minha fé. Tinha uma ideia equivocada do que tinha de ser uma feminista moderna: politicamente de esquerda, poderosa, independente e sexualmente livre.
Para mim, ser sexualmente livre significava promiscuidade. Eu não era promíscua. Na verdade, tinha atravessado a minha adolescência sem receber sequer um segundo olhar de um rapaz. Atribuía isso ao facto de os atletas machões da minha escola não perceberem como eu era fixe e diferente.
Mas, lá no fundo, eu desejava ser objeto de desejo. Perder a virgindade tornou-se a minha missão. As minhas amigas, que já haviam perdido a delas diziam, "depois de a perderes, nunca mais a recuperas", como se tentassem manter o seu estatuto de virgens através de mim. Mas era a única coisa que restava para eu expulsar de maneira a apagar a rapariga que tinha estado em cima daquele palco.
Eu achava que quando deixasse de ser virgem seria finalmente livre. Queria para mim um novo sentido de identidade. Queria ser livre para dormir com outros homens. Queria que a pressão da minha "primeira vez" desaparecesse.
Isso não aconteceria até ter acabado o secundário e ter-me mudado para Nova Iorque para frequentar a universidade, ter perdido 15 quilos e ter-me tornado loira.
No Fashion Institute of Technology, onde 85% dos estudantes são mulheres, o panorama de namoros era desolador. Assim, aos fins de semana, ia aos bares universitários, vestia-me de preto e maravilhava-me com os rapazes que me queriam oferecer bebidas e me diziam que eu era bonita, todos com a vaga esperança de que eu fosse para casa com eles.
Eles pareciam capazes de fazer qualquer coisa. Mas eu tinha certos critérios para aquele homem. Primeiro, tinha de ser capaz de confiar nele. Em segundo lugar, não poderia estar apaixonada por ele. Embora esperasse que ele gostasse de mim eu queria ficar em vantagem.
Estava de férias na minha cidade do Oklahoma, quando as minhas amigas me disseram que tinham conhecido um grupo de músicos. Não me importei de ir com elas a um bar onde me apresentaram a três rapazes.
Um deles era o Zach, que era alto e estranho com os seus óculos de armação grossa e um sorriso tímido. Ignorei-o durante a maior parte da noite, até que o grupo se pôs a caminho da casa dele. Uma vez lá, com as minhas opções para a noite a diminuírem, aproximei-me de Zach. Sentámo-nos todos em círculo e jogámos à moeda. Eu fingi ser má no jogo para que ele me mostrasse como lançar a moeda.
Ele tocou músicas de John Mayer na guitarra, o que era o suficiente para deixar em êxtase raparigas embriagadas de vinte e poucos anos. Não era particularmente suave ou encantador, mas a sua falta de confiança serviu para fortalecer a minha.
Com o passar dos dias fui estando mais vezes com Zach. Uma noite, ele ficou a falar comigo no carro durante três horas enquanto esperava que me passasse a bebedeira. Disse-me que queria um aspirador para o aniversário e eu pensei como ele era diferente das criaturas imaturas e desajeitadas a que eu estava acostumada. Mas o mais importante era eu acreditar que tinha o controlo da situação.
Uma noite, já tarde, quando estávamos a mandar mensagens um ao outro, acabei em casa dele. Eu sabia exatamente ao que tinha ido.
Quando estávamos na cama as coisas chegaram a um impasse. Parei de beijá-lo e fiz-lhe a pergunta clássica: "Em que estás a pensar?"
"Não sei. E tu, em que pensas?"
"Estou a pensar que quero que tu sejas o meu primeiro", disse-lhe, "se te sentires confortável com isso". Não queria parecer uma miúda assustada com medo de pedir aquilo que queria.
"OK", respondeu ele com um sorriso.
"Quero que saibas que é muito importante para mim que continuemos amigos depois disto. Sei que vivo no outro lado do país e que isto não vai ser uma relação, mas eu gostaria que tu fizesses parte da minha vida."
Ele concordou com isso.
Fiquei surpreendida com a rapidez com que tudo acabou. Foi doloroso, mas mesmo assim gratificante. Zach foi cuidadoso e calmo. Senti-me muito responsável por termos usado proteção e lembrei-me de ir à casa de banho logo a seguir. Fiz tudo exatamente como deve ser. Depois, ele abraçou-me enquanto lutava contra a vontade de dormir.
Não passei lá a noite. Eu queria dormir na minha cama. Enquanto conduzia de janelas abertas e com o rádio a tocar senti uma sensação de liberdade e de poder. Tinha decidido fazer uma coisa e tinha-a feito à minha maneira.
Este sentimento de satisfação não vinha de uma experiência sexual satisfatória; vinha do facto de achar que agora já não tinha nada mais para perder.
Na noite em que aterrei de regresso a Nova Iorque, ele mandou-me uma mensagem: "Sinto a tua falta". Depois disso, a nossa comunicação ficou limitada às mensagens que lhe enviava embriagada e que não obtiveram resposta. Pensei muito nele nos meses seguintes. Espreitava a sua página no Facebook. O que estava ele a fazer? Será que pensava em mim?
Depois de um inverno particularmente brutal e solitário decidi que precisava de ir a casa, e o meu desejo de ver o Zach teve um grande papel nessa decisão. Pensei que se fosse a casa poderia descobrir o que estava a acontecer entre nós.
A resposta foi: nada. Enquanto estava em casa postei em todas as plataformas das redes sociais a anunciar que estava na cidade, na esperança de que ele visse e entrasse em contacto comigo. Quando isso não funcionou mandei-lhe uma mensagem. Ele respondeu, mas evitou qualquer sugestão para nos encontrarmos. No final da minha viagem, sabia que ele simplesmente não queria saber de mim.
Eu não tinha romantizado a minha primeira vez. Nunca pensei que estivéssemos apaixonados. Nunca esperei bom sexo. Nunca esperei ter sentimentos mais tarde. E, certamente, não esperava sentir-me rejeita da. Pensava que se fizesse tudo correctamente poderia controlar as emoções envolvidas na intimidade física.
COMO É BELO VER AS CRIATURAS, OBRA DO ALTÍSSIMO, MERGULHAREM NO DESEJO QUE AS UNE!


Estava com raiva de Zach porque achava que ele me tinha usado. Na realidade, eu tinha-o usado para uma coisa talvez ainda pior do que a gratificação física; Usei-o por um sentimento de poder, de superioridade e de liberdade. E quando eu percebi que ele não se importava deixei-o roubar-me esses sentimentos.
Pensei que perder a virgindade me libertaria e, em certo sentido, foi o que aconteceu. Aprendi que por muito calculista que tenha sido - o rapaz certo, na hora certa, no lugar certo - eu não consigo controlar os sentimentos dos outros, nem sequer os meus próprios. E há uma estranha liberdade nessa constatação. Permitiu-me deixá-lo ir.

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