Excelências das faculdades da alma de Nossa Senhora comentários de Plinio Corrêa de Oliveira
Posted: 08 Jul 2015 10:00 PM PDT
Ao olharmos uma noite de céu estrelado, em lugar de considerarmos apenas as grandezas de Deus - pensamento aliás muito louvável - saberemos nós contemplar também Maria Santíssima, incomparavelmente maior e mais formosa do que cada um dos astros que estão no céu, e de todos eles no seu conjunto?
Tópico 5: “Maria é a obra-prima por excelência do Altíssimo”.
Sendo Ela a obra-prima da criação, toda a beleza, toda a grandeza, toda a excelência que Deus pôs no firmamento é pequena em relação à que pôs n'Ela.
O céu que vemos não é senão uma imagem, uma figura da grandeza de Nossa Senhora. Apesar de ser mera criatura, tudo quanto n'Ela há excede muito, em perfeição, todas essas belezas criadas, e isto de um modo inexprimível.
Inteligência incomparável
Inteligência incomparável
Quando nos deparamos com um homem muito inteligente, podemos ter o pensamento salutar de que ele, comparado a Nossa Senhora, é mais ignorante que o mais primário analfabeto comparado ao maior dos sábios.
São Tomás de Aquino, comparado a Ela, era um ignorante, tal a plenitude e a perfeição de Seu conhecimento.
Sua inteligência não tem somente toda a perfeição de uma inteligência humana à qual nada há que acrescentar, mas possui ainda o conhecimento de todas as coisas que à mais alta das criaturas é dado conhecer.
Aquilo que no mundo pode haver de mais inteligente, comparado a Nossa Senhora, é zero, é cisco, é nada. Toda a inteligência possível a uma criatura tão excelsa, alargada pela plenitude das graças do Espírito Santo, Ela a tem.
É algo, portanto, excelente e sumamente inconcebível. Quando rezamos a Ela, devemos ter presente esta excelência que lhe é própria - a de ter uma inteligência incomparável.
Assim como há dados misteriosos da natureza que escapam totalmente ao nosso conhecimento - não sabemos, por exemplo, quantos grãos de areia existem em todas as praias da Terra - assim também não temos termo algum de comparação para compreendermos a riqueza da inteligência de Nossa Senhora.
É algo que está fora do nosso alcance, e que não nos é possível imaginar. Pois bem, esta é uma verdade que deve estar sempre muito presente no cabedal dos conhecimentos que sobre Ela possuímos.
Vontade Heróica
São Luis Maria Grignion de Montfort pregou incansavelmente
missões para reafervorar a devoção a Nossa Senhora
Passemos às perfeições de Nossa Senhora no que se refere à Sua vontade. Tomemos alguns fatos de heróica e sobrenatural força de vontade:
missões para reafervorar a devoção a Nossa Senhora
Passemos às perfeições de Nossa Senhora no que se refere à Sua vontade. Tomemos alguns fatos de heróica e sobrenatural força de vontade:
1) São Lourenço, que, colocado sobre uma grelha, suporta heroicamente o fogo até que, ao cabo de algum tempo, desafia: “Podem virar do outro lado, pois deste já estou assado”; |
2) Um mártir da Tebaida, que, amarrado a uma mesa, foi tentado de todas as formas por uma mulher; e não tendo mais como resistir à tentação, mordeu a própria língua e cuspiu-a fora, a fim de evitar o consentimento.
São fatos que demonstram um verdadeiro e admirável heroísmo. Mas nada são, comparados ao heroísmo de Nossa Senhora, que os supera acima de qualquer proporção. Não passam de um grão de areia, comparado ao globo terrestre.
O sofrimento que Ela teve consentindo na Paixão de Nosso Senhor, desejando até o último instante sua consumação plena e tudo sofrendo com Ele, é algo que não pode ser comparado a nada de humano, nem sequer ser expresso em linguagem desta Terra. Perto de sua “com-Paixão”, os exemplos dados tornam-se insignificantes.
Ela não é uma grande santa apenas por ser a Mãe de Deus. É bem verdade que este é o título essencial de Sua santidade, a razão pela qual recebeu toda as graças.
Mas é preciso notar ainda que Ela correspondeu à graça e se tornou uma grande santa pela perfeição insondável de sua correspondência, perto da qual toda a generosidade de todos os santos nada é. Santo Anselmo no-lo exprime lapidarmente
“Aquilo que todos os santos podem conVosco, Vós o podeis só, e sem nenhum deles. Se Vós guardais o silêncio, ninguém rogará por mim, ninguém me ajudará, mas falai, e todos rogarão por mim, todos se apressarão a me socorrer”.
Isto porque Ela é a Mãe de Deus, Medianeira de todas as graças, e Sua virtude transcende numa proporção inconcebível a de todos os demais santos.
Destas afirmações, nem um vírgula se poderá tirar. E é preciso reconhecermos que não temos disto uma noção digna; ficamos, em geral, em figuras de retórica:
“Tu, a mais bela, a mais formosa...”. Embora verdadeiras, é mister aprofundá-las.
Sensibilidade harmoniosa
Falamos da inteligência e da vontade de Nossa Senhora. Falemos da Sua sensibilidade.
Nada há de mais desregrado no homem do que a sensibilidade, como efeito do pecado original. Sentimos, por exemplo, inclinação para muitas coisas que moralmente não poderíamos querer.
Consequentemente, precisamos manter uma luta acesa entre a tendência que temos para o bem e a nossa inclinação para o mal.
Em Nossa Senhora, concebida sem pecado original, não havia esses desequilíbrios. Sua sensibilidade, de uma delicadeza e de uma força perfeitas em todas as suas vibrações e em todos os seus movimentos, era inteiramente ajustada a tudo quanto a razão e a vontade podiam desejar.
Era um ser todo de harmonia, no qual não havia nenhuma das incontáveis misérias provocadas em nós pelo pecado original. Ela foi imaculada desde o primeiro instante de Seu ser.
Nada há de mais desregrado no homem do que a sensibilidade, como efeito do pecado original. Sentimos, por exemplo, inclinação para muitas coisas que moralmente não poderíamos querer.
Consequentemente, precisamos manter uma luta acesa entre a tendência que temos para o bem e a nossa inclinação para o mal.
Em Nossa Senhora, concebida sem pecado original, não havia esses desequilíbrios. Sua sensibilidade, de uma delicadeza e de uma força perfeitas em todas as suas vibrações e em todos os seus movimentos, era inteiramente ajustada a tudo quanto a razão e a vontade podiam desejar.
Era um ser todo de harmonia, no qual não havia nenhuma das incontáveis misérias provocadas em nós pelo pecado original. Ela foi imaculada desde o primeiro instante de Seu ser.
Nossa Senhora do Rosário, dita 'de los Húmeros', Sevilha, Espanha. |
As perfeições de Maria Santíssima ultrapassam a capacidade humana de conhecimento.
Retomemos o tópico 5: “Maria é a obra-prima por excelência do Altíssimo, cujo conhecimento e domínio Ele reservou para Si”. |
Que belíssima noção! Maria Santíssima é tão grande que o próprio São Luís Grignion, que não é senão um seu pequeno menestrel, já é quase inesgotável quando fala d'Ela |
Ele afirma ser Nossa Senhora tão enorme, tão colossal - e o que são estes adjetivos, que de longe Ela transcende? - que só Deus A conhece em toda a extensão das Suas perfeições. Nós não podemos sequer ter disto uma pálida idéia.
Há n'Ela belezas, há culminâncias, há encantos, há perfeições, há excelências que escapam e sempre escaparão completamente ao nosso olhar, e que são somente por Deus contempladas.
Imaginemos esses universos, essas constelações imensas de estrelas, que o homem não conhece e possivelmente jamais conhecerá, e cujas belezas ficam reservadas à exclusiva contemplação de Deus.
Assim é Maria Santíssima. Há n'Ela coisas que nunca homem nenhum conhecerá, reservadas que são ao conhecimento exclusivo de Deus Nosso Senhor.
N'Ela há esta nota de incognoscibilidade: paramos extasiados a Seus pés, compreendendo, após ter compreendido muito, que o mais que se compreendeu é que quase nada compreendemos. Estamos sempre no Seu pórtico, um pórtico para nós demasiadamente grande, tal a Sua excelência.
Continuemos o tópico 5: “Maria é a Mãe admirável do Filho, a quem aprouve humilhá-La e ocultá-La durante a vida para Lhe favorecer a humildade, tratando-A de mulher - “mulier” (Jo 2, 4; 19, 26) - como a uma estrangeira, conquanto em Seu coração A estimasse e amasse mais que a todos os anjos e homens”.
São Luís Grignion desenvolveu neste parágrafo a idéia de que, durante a vida, também Nosso Senhor A manteve ignorada; apenas Ele a conhecia.
“Maria é a `fonte selada' (Ct 4, 12) e a esposa fiel do Espírito Santo, onde só Ele pode penetrar”. Retorna aqui a idéia de Nossa Senhora como criatura reservada ao conhecimento de Deus.
“Maria é o santuário, o repouso da Santíssima Trindade, em que Deus está mais magnífica e divinamente que em qualquer outro lugar do universo, sem excetuar seu trono sobre os querubins e serafins”.
Sabemos que os Anjos da guarda ocupam os graus inferiores na hierarquia celeste.
Em Nossa Senhora há belezas e perfeições maiores do que todas as contidas nas galáxias ou nos conjuntos estelares mais maravilhosos. |
Tendo certa vez aparecido a uma santa o seu anjo da guarda, ela ajoelhou-se, pensando estar na presença do Altíssimo. A grandeza dos anjos é tal que, no Antigo Testamento, em várias aparições, os homens julgavam que fossem o próprio Deus.
E no Céu há miríades de Anjos. Em que assombro ficaríamos, se os víssemos a todos e ao mesmo tempo! Nossa Senhora, contudo, está acima de todos eles reunidos.
Assim, diante de Sua insondável alma, nós nos deparamos novamente com termos imperfeitos de comparação, e o melhor que podemos dizer é que são totalmente insuficientes.
“... e criatura alguma, pura que seja, pode aí penetrar sem um grande privilégio”.
Existe, pois, uma categoria de criaturas privilegiadas que podem penetrar no conhecimento de Nossa Senhora. |
Essas criaturas privilegiadas - São Luís Grignion no-lo explica - são aquelas a quem Deus dá, por liberalidade, o dom que o comum das pessoas não têm, de conhecerem e praticarem a devoção a Nossa Senhora do modo especial por ele ensinado.
E os “apóstolos dos últimos tempos”, de que ele nos fala, terão esse dom. Por isso serão terríveis no combate ao mal e eficacíssimos na defesa do bem.
Serão almas elevadíssimas, que terão a graça de penetrar neste umbral da devoção a Nossa Senhora.
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