quarta-feira, 27 de abril de 2016
Na Rússia só fica uma escola católica legal
Típico primeiro dia de aula na Escola Franciscana da Natividade de Novosibirsk. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Em todas as áreas religiosas do mundo – pagãs, muçulmanas, fetichistas, etc., etc. – há escolas católicas mantidas por Ordens religiosas ou por missionários, às vezes com heroicos esforços. As escolas católicas têm prestigio até em países insólitos.
Por isso elas atraem uma multidão de muçulmanos no Paquistão e na Jordânia, de hinduístas na Índia ou no Nepal, de taoístas e agnósticos em Taiwan, e de ateus até em países comunistas como o Vietnã.
Mas na Rússia de Vladimir Putin não podem existir. Elas são fechadas por via policial ou ameaças de origem oficial. Na Rússia, país de 143 milhões de habitantes que ocupa a sexta parte das terras emergidas, a única exceção é a escola infantil católica de Novosibirsk, na Sibéria, informou o site“Religión en Libertad”.
Ela foi fundada cinco anos após a queda do Muro de Berlim, como uma experiência clandestina de frades franciscanos, num pequeno apartamento que depois foi sendo ampliado.
Quase ninguém se atreve a denunciar a anomalia da ausência na Rússia de escolas católicas. Para alguns, a exceção da escolinha de Novosibirsk funciona como um paravento da repressão.
Correm rumores da existência de academias católicas em urbes siberianas. Em outras cidades haveria maternidades católicas semiformais, mas agindo na clandestinidade, como no tempo do comunismo soviético.
O diretor de Novosibirsk, o sacerdote franciscano Corrado Trabucchi, explica que a escola fornece um currículo completo com todas as matérias.
Ela começou num tempo em que havia alemães católicos enviados a campos de concentração soviéticos da região e que queriam um ensino católico para os filhos e netos.
Os franciscanos de Novosibirsk, gerem a única escola católica da Rússia |
O nível de cultura religiosa em Novosibirsk é paupérrimo, como resultado do ateísmo de Estado e do desinteresse da igreja cismática pela formação religiosa. De início, as crianças nada sabem de religião, nem mesmo quem foi Jesus Cristo.
A escola sobrevive com uma licença estatal exclusiva. Em geral, o regime de Putin considera suspeitas as atividades católicas, chegando a ameaçar tornar a Igreja Católica ilegal, acusando-a de órgão que encoberta serviços secretos estrangeiros.
A escola católica tem popularidade na cidade e atrai crianças cujos pais professam outras religiões, mas desconfiam dos estabelecimentos públicos. A oração conjunta católica é obrigatória todos os dias. As crianças de famílias ortodoxas são convidadas a se batizarem, pois o clero cismático faz muito pouco nesse sentido.
As crianças aprendem a celebrar festas como a de Natal. Elas recebem educação patriótica, aprendem o alfabeto russo e sua origem no grego, a História Sagrada, o Antigo e o Novo Testamento. A escola se mantém com donativos vindos do exterior. O Estado ajuda pouco o nada.
Um dos maiores problemas é que pela ausência de moral na Rússia, a maioria das famílias está destruída. Muitas crianças só conhecem a avó ou a tia com quem vivem.
As celebrações, orações e festas comuns como a de São Nicolau devem evitar o risco de serem acusadas de “ópio do povo”.
Fonte: Flagelo russo
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