Conhecemos apenas um milésimo de 1 por cento das espécies que habitam na Terra. É o que conclui um estudo científico que prevê que haja no nosso planeta um bilião de espécies – das quais 99,9% ainda por identificar.
Esta investigação é descrita como a maior análise já feita a dados microbianos, cruzando informações de bases de dados governamentais, académicas e de outras fontes científicas sobre animais, plantas e organismos microbianos.
Segundo o Science Daily, trata-se da “maior compilação do género, com mais de 5.6 milhões de espécies de 35 mil locais distintos, por todo o mundo, tanto nos oceanos como nos continentes, com excepção da Antárctida”.
“O nosso estudo combina os maiores conjuntos de dados disponíveis com modelos ecológicos e novas regras ecológicas sobre como a biodiversidade se relaciona com a abundância”, explica o biólogo Jay T. Lennon, investigador da Universidade do Indiana, nos EUA, e um dos autores da pesquisa.
“Isto deu-nos uma nova e rigorosa estimativa quanto ao número de espécies microbianas na Terra”, acrescenta Lennon.
Realçando que “estimar o número de espécies na Terra está entre os grandes desafios da biologia”, Jay T. Lennon acrescenta que “até recentemente, faltavam-nos as ferramentas” para fazer essa previsão com rigor.
“O advento de nova tecnologia de sequência genética fornece uma invulgarmente ampla piscina de nova informação“, realça porém o investigador.
Na investigação publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, os investigadores notam que descobriram leis de escala – por exemplo, o número de espécie em escala com a área da paisagem – que podem prever com precisão o número de espécies de comunidades de plantas e de animais.
“Até agora, não sabíamos se aspectos da biodiversidade escalavam com algo tão simples como a abundância de organismos. Afinal, as relações não são apenas simples, mas poderosas, resultando na estimativa de mais de um bilião de espécies“, sublinha Jay T. Lennon.
Entre estas espécies desconhecidas estão milhares de milhões de microorganismos, nomeadamente bactérias e fungos microscópicos, alguns constituídos por uma única célula, cuja diversidade tem sido subestimada.
“Antes da sequenciação de alta capacidade, os cientistas caracterizavam a diversidade baseando-se em 100 indivíduos, quando sabemos que uma grama de solo contém até mil milhões de organismos, e o número total na Terra é 20 vezes maior em magnitude”, nota Jay T. Lennon.
O Projecto de Microbioma da Terra, uma iniciativa global e interdisciplinar que procura catalogar os microorganismos existentes, catalogou até agora, menos de 10 milhões de espécies.
“Dessas espécies catalogadas, somente cerca de 10.000 cresceram alguma vez em laboratório e menos de 100.000 têm sequências classificadas”, nota Jay T. Lennon.
“Os nossos resultados mostram que isto deixa 100.000 vezes mais microorganismos à espera de serem descobertos – e 100 milhões para serem completamente explorados”, diz o cientista.
“Parece que a biodiversidade microbial é maior do que alguma vez se imaginava“, conclui o investigador.
E é certo que a tarefa de catalogar todos esses microrganismos é se não impossível, absolutamente megalómana.
ZAP
Sem comentários:
Enviar um comentário