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terça-feira, 3 de março de 2015

MAÇONARIA- UMA SEITA SECRETA?

Perguntas e respostas. A maçonaria explicada ao mundo profano
O que é afinal a maçonaria, quem é convidado e que correntes existem? Uma enciclopédia inteira não chegaria para explicar as origens, os rituais e a simbologia maçónica, mas o i resumiu as principais dúvidas e perguntas.
 
O que é a maçonaria?
 
 Existem seis características básicas e fundamentais: a maçonaria é uma ordem iniciática (porque só entra quem se sujeitar a uma cerimónia de iniciação), ritualista (porque assenta em ritos e simbolismos), universale fraterna (o objectivo último é o estabelecimento de uma fraternidade universal), filosófica (por procurar responder às interrogações profundas do ser humano) e progressista (porque visa o progresso da humanidade). Todos estes princípios assentam no livre pensamento e na tolerância, permitindo o aperfeiçoamento do homem, a edificação de uma sociedade justa e igualitária e o progresso da humanidade através da elevação moral e espiritual.
A palavra vem do francês “maçonnerie” – “pedreiro-livre” em português
 
Como e quando surgiu?
 
As raízes são antigas. A maçonaria é herdeira das associações de artistas do mundo antigo, especialmente do Egipto, Grécia e Roma, estando também ligada às corporações de pedreiros
da Idade Média. Porém, o movimento e a maçonaria moderna recua a 1717,
quando quatro lojas de Londres se juntaram numa especial de federação: a Grande Loja de Londres. O movimento cresceu e, menos de duas décadas depois, já havia mais de uma centena de “oficinas” em Inglaterra. Em meados do século xviii é implementada em França e em 1727 é introduzida em Portugal por um católico inglês que abriu uma loja em Lisboa.
 

Existem correntes diferentes?

Sim. Pode falar-se em dois grandes ramos. O primeiro, chamado regular ou tradicional, representa a corrente mais conservadora e é reconhecida pela Grande Loja de Inglaterra. Depois há um segundo, liberal. A maçonaria regular não aceita a participação de mulheres e exige que os maçons sejam crentes numa entidade revelada (um deus, independentemente da sua forma) e na imortalidade da alma. A liberal – ou irregular – aceita a mulher em condições de igualdade e não exige a crença num deus.
  Que obediências existem em Portugal?

O Grande Oriente Lusitano (GOL) é a mais antiga e influente e faz parte da corrente liberal. A Grande Loja Legal de Portugal (GLRP) representa a corrente tradicional. Existe ainda uma terceira obediência com alguma expressão: a Grande Loja Simbólica de Portugal, criada em 2011.
É a menos expressiva, a mais discreta e a mais ritualista das três obediências, praticando um rito próprio: o antigo e primitivo de Memphis Misraïm. Existe ainda, desde 1997, a Grande Loja Feminina de Portugal, que conta com cerca de 250 membros.


Quantos maçons há em Portugal?

Estima-se que sejam entre 5 e 6 mil.

A maçonaria é uma sociedade secreta?

Os maçons garantem que não, até porque os locais de reunião são do conhecimento público e, regra geral, visitáveis. Ainda assim, admitem que se trata de uma ordem discreta: os ritos e encontros não são abertos ao público e só os membros têm conhecimento de certas práticas e saberes.
se não é secreta, para que serve (e em que consiste) o segredo maçónico?

A explicação não é linear. O segredo maçónico é impossível de comunicar ao mundo profano (os comuns mortais não maçons). Dele fazem parte, por exemplo, o simbolismo dos ritos, dos sinais, de palavras. Esse simbolismo pode ser revelado e explicado, mas só os iniciados conseguem verdadeiramente compreendê--lo. Por outro lado, o segredo maçónico não é material: é um sentimento e o resultado do tal processo de aperfeiçoamento pessoal. Por ser íntimo, individual e do domínio do transcendente e do sentir, considera-se que é um mistério incomunicável, interior. No entanto, também se traduz
em aspectos mais práticos: o segredo maçónico impede o maçon de revelar a identidade dos seus irmãos.


A maçonaria serve para controlar a política, os tribunais e o mundo dos negócios?

Teórica e filosoficamente, não. Os maçons procuram o aperfeiçoamento moral, o conhecimento e a evolução do seu templo interior (o seu “eu”). O bom maçon é obediente à fraternidade, mas deve ser sobretudo justo e aplicar os resultados da sua elevação moral na vida familiar e profissional. Partindo destes pressupostos, qualquer tentativa de controlo de sectores da sociedade é inaceitável e injusta.

Então porque é que essa questão é tantas vezes discutida?


Historicamente, as lojas maçónicas foram palcos
de conspirações e, em determinadas épocas, estiveram muito ligadas à política. Além de essa ideia ter permanecido, de tempos a tempos surgem escândalos – como o Caso Moderna ou, mais recentemente, o caso da Loja Mozart – que parecem apontar para a existência de uma outra face da maçonaria, palco de uma mão invisível. Por outro lado, trata-se de uma fraternidade. Como tal, os irmãos devem ajudar-se e apoiar-se – um dever que por vezes é levado ao extremo.  

Quem é convidado para a maçonaria?

Cerca de 80% dos membros da maçonaria não são socialmente influentes ou endinheirados. Aquando do recrutamento a pessoa deve já ter a sua vida profissional resolvida. Até porque o ingresso na ordem implica uma série de compromissos financeiros: o pagamento de uma espécie de jóia de adesão e de quotas mensais, além de disponibilidade financeira para frequentar os eventos e as reuniões das lojas e participar em acções filantrópicas e beneméritas. Mais importante que o dinheiro, asseguram
os maçons, é garantir que os candidatos sejam exemplares do ponto de vista social e moral e que estejam disponíveis para iniciar uma vida nova e um processo de transformação abraçando os ideais maçónicos.


Como é feito o convite?

Parte de outros membros. Os candidatos são observados e investigados antes de serem convidados. Procura-se recolher informação sobre o comportamento da pessoa, se é bem formada, como interage em grupo ou se tem problemas de ordem financeira ou criminal. Inicia-se depois um período de sindicância, com entrevistas com três maçons diferentes – que averiguam, através de conversas e perguntas, se a pessoa terá um perfil adequado. Só depois é que o nome é apresentado e votado pelos mestres na loja maçónica. Se for aceite, o candidato tem de passar por um interrogatório e pelo rito iniciático – que simboliza a morte para o mundo profano (fora da maçonaria).

O que é que implica entrar?

O aprendiz tem de adoptar uma conduta no mundo profano coincidente com os princípios e ideais maçónicos. Terá de ser assíduo e participar nas reuniões da loja, onde receberá trabalhos de estudo e de pesquisa maçónica – que visam aprofundar a sua viagem interior. À medida que for cumprindo essas missões e com a passagem do tempo, subirá ao grau seguinte: companheiro e, mais tarde, mestre. Um maçon cumpridor e empenhado consegue passar de aprendiz a mestre em três anos.

Os maçons têm de esconder que o são?

Não. A decisão de se assumirem pertence à esfera de cada um. A única obrigação  é não revelarem a identidade dos restantes maçons.

É preciso pagar para estar na maçonaria?

Sim. Actualmente, o valor médio das quotas mensais ronda os 30 euros. Há ainda um valor a pagar na iniciação, que varia, consoante as obediências, entre os 200 e os 500 euros.

Porque é que os maçons usam avental?

O avental simboliza o trabalho maçónico. Os aprendizes e companheiros usam um avental totalmente branco, enquanto os dos mestres têm ornamentos bordados a vermelho ou azul, conforme o rito praticado.

O que acontece nos rituais iniciáticos?

É como que um baptismo maçónico. Os aspirantes a aprendizes são vendados. O rito representa a morte, o abandono do mundo profano e  o início de uma nova vida. Acredita-se que com a entrada na maçonaria se sai das trevas para a luz e é por isso que a venda só é retirada no final da cerimónia. E, se quando o candidato a põe está tudo escuro na sala em que se encontra, quando a retira é confrontado com um espaço completamente diferente: a loja ritualmente preparada e os irmãos vestidos a rigor, consoante o grau. A iniciação é considerada o acto mais importante da vida do maçon.

Porque é que a igreja e a maçonaria não se dão?

Por razões históricas. E porque os pensamentos são substancialmente distintos – ainda que a maçonaria descenda da tradição judaico-cristã. A Igreja Católica é dogmática, enquanto na maçonaria vale o livre pensamento. Coube ao Papa João XXIII eliminar do direito canónico a norma que determinava a excomunhão directa dos membros da “seita maçónica”. E na maioria dos templos maçónicos o livro sagrado adoptado é a Bíblia.
 
É incompatível ser-se católico e maçon?

Não. Um bom cristão será, à partida, um bom maçon – pela partilha de ideais como a caridade e o amor pelo próximo. Aliás, várias figuras importantes da Igreja foram maçons.
 
Os maçons acreditam em deus?

Acreditam num grande arquitecto do mundo – cuja representação pode ser a que o maçon entender. Para os maçons católicos, será Deus. Para um maçon muçulmano, poderá ser Alá. Outros maçons não acreditam numa entidade revelada. A designação utilizada para abranger todas as formas diferentes de crença é a de “grande arquitecto do universo”.

Os maçons protegem-se e arranjam emprego uns aos outros? Até que ponto?

Protegem. No fim de contas, é uma fraternidade.

Se um maçon mudar de ideias e quiser sair, pode fazê-lo? Mediante que condições?

Pode, mas não deverá revelar conteúdos do segredo maçónico e expor de alguma maneira os antigos irmãos.

Fonte: jornal I

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