DE ONDE ADVÊM TODAS AS GUERRAS?
“De onde vem a guerra, senão de vossas
concupiscências?”.
Quando alguém fica
tomado de cólera por qualquer contrariedade, pensa encontrar alívio e paz
desafogando sua raiva com atos ou, ao menos, com palavras.
É um
engano porque, depois desse desabafo, ficará muito mais perturbado do
que antes.
Quem deseja conservar-se em
paz contínua, procure jamais estar de mau humor.
Percebendo estar dominado
por ele, procure libertar-se imediatamente e não o deixe dormir consigo nem uma
noite, distraindo-se com alguma leitura, um canto piedoso, ou a conversa
agradável de algum amigo.
Diz a sagrada
Escritura: “É no coração dos insensatos que reside a irritação”. A cólera no
coração dos insensatos, que pouco amam
a Jesus Cristo, encontra morada por muito tempo.
Mas no coração
daqueles que amam a Jesus Cristo, se por acaso entrar, é logo expulsa e não
permanece. Quem ama a Jesus de coração, nunca está de mau
humor.
Não querendo senão
o que Deus quer, sempre tem tudo o que quer e por isso se encontra sempre
tranquilo e sempre o mesmo. A vontade de Deus o
tranquiliza em todas as dificuldades que acontecem, e por isso demonstra para
com todos uma total mansidão.
Essa mansidão não
pode ser encontrada sem um grande amor a Jesus Cristo. De fato,
percebe-se que nunca somos mais delicados e mansos com os outros, do que quando
sentimos maior ternura a Jesus Cristo.
Por não experimentarmos
sempre essa ternura, é preciso que na oração mental nos preparemos para sofrer
as contrariedades que nos possam sobrevir.
Assim fizeram os
santos e ficaram prontos para receber com paciência e mansidão as ofensas, os
insultos e as mágoas.
No momento em que
somos atingidos pelos insultos do próximo, se não estivermos preparados,
dificilmente saberemos o que fazer para não sermos vencidos pela raiva.
A paixão nos fará razoável rebater com atrevimento de quem nos maltrata sem razão. Mas diz São João Crisóstomo que não é um meio adequado para apagar um fogo aceso no coração do próximo, usar fogo de uma resposta ressentida, que mais o inflama: “Fogo não se apaga com fogo”.
- Mas não é justo
– diria alguém – usar delicadeza e mansidão com um atrevido que nos ofende sem
razão.
- “É preciso usar de
mansidão – responde São Francisco de Sales – não só com a razão, mas também
contra a razão”.
Nesses casos é
preciso responder com uma palavra branda: esse é o meio de apagar o fogo: “A
resposta mansa aplaca a ira”. Mas, quando nosso ânimo está agitado, o
melhor é calar-se.
Diz São Bernardo:
“A vista ofuscada pela raiva não enxerga direito”. Os olhos ofuscados pela ira
já não veem o que é justo ou injusto.
A paixão é como um
véu colocado diante dos olhos não nos permitindo distinguir o certo do errado.
“É necessário fazer contrato com a língua, de não falar quando o meu coração
estiver agitado”.
* *
*
Fonte:
retirado do livro “A prática do amor a Jesus Cristo” de Santo Afonso de
Ligório.
Sem comentários:
Enviar um comentário