UMA OPTIMA REFLEXÃO PARA SOBRE O FILME "O PEQUENO PRÍNCIPE"
“A gente só conhece bem as coisas que cativou – disse a raposa.
– Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!”
– Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!”
Sinopse: Tributo à obra popular de Antoine de Saint-Exupéry, que foi traduzida em mais de 250 línguas e que já vendeu mais de 145 milhões de cópias em todo o mundo, o filme é centrado na amizade entre um excêntrico velho, O Aviador (Marcos Caruso) e uma garotinha bem crescida que se muda para a casa ao lado com sua Mãe (Priscila Amorim). Através das páginas do livro do Aviador e seus desenhos, a menina (Larissa Manoela) descobre a história de como ele há muito tempo caiu em um deserto e encontrou o Pequeno Príncipe (Mattheus Caliano), um menino enigmático de um planeta distante. As experiências do Aviador e o conto das viagens do Pequeno Príncipe para outros mundos fazem a menina e o Aviador ficarem muito próximos, embarcando juntos em uma aventura memorável.
Sempre ouvi falar muito bem da história do Pequeno Príncipe. Esse é um daqueles clássicos da literatura universal que todo mundo comenta aqui e acolá, você diz que vai ler, mas acaba não lendo. O fato é que talvez eu tenha menosprezado um pouco a história, tomando-a por açucarada ou piegas demais, se é que vocês me entendem.
Além do fato de as melhores frases já terem sido repetidas em demasia, o que a história de um príncipe (de que país?) vivendo sozinho num planeta (como? de que?) apaixonado por uma rosa poderia realmente acrescentar na minha vida? O filme, uma animação de Mark Osborne, não só me apresentou à obra como deu resposta a todas as perguntas céticas que me vinham à cabeça.
Como não li a obra, ater-me-ei apenas ao roteiro adaptado por Osborne que, sem dúvida alguma alargou seu horizonte para além dos círculos filosóficos e de auto-ajuda. O roteiro apresenta a história de uma menina que sonhava em entrar em uma escola renomada. O apoio da mãe, apesar de trabalhar o dia inteiro e deixá-la sozinha em casa, é irrestrito: ela elabora uma complexa rotina de estudos, um planejamento de resultados e pensa inclusive nas possíveis recompensas, caso o objetivo seja alcançado.
Mais à frente, a menina vai descobrir que o sonho de entrar na escola era, na verdade, um sonho da mãe conduzido com tanta radicalidade que a menina foi, inadvertidamente, obrigada a tomá-lo para si. Porém, um fato desconcertante muda toda a história. A hélice de um vizinho maluco quebra a parede da casa da menina enquanto ela estudava e então ela embarca numa aventura que muda completamente o rumo de sua vida. O fato inusitado foi a ponte que o diretor usou para ligar a história da menina, oprimida pelas circunstâncias impostas pelo sonho da mãe e as lições do Pequeno Príncipe.
Daí para frente, o autor circula entre o mundo real e o mundo de fantasia e imaginação das histórias do Príncipe contadas pelo velho aviador. A menina, como eu mesmo fiz, antes de assistir ao filme, chega cheia de preconceitos e ceticismos em relação à história do menininho com título de príncipe que vivia num planeta, conversava com uma rosa e uma raposa e viajava o mundo em busca de respostas para seus dilemas.
A personagem da menina para mim foi uma verdadeira sacada do diretor, pois fez com que o telespectador do século XXI se identificasse verdadeiramente com a história. Sim, na tentativa de atualizar delicadamente a história do Pequeno Príncipe, o autor criou uma história paralela tão grande quanto a do clássico. Dessa maneira, apesar de chama-se “O Pequeno Príncipe”, a versão cinematográfica poderia muito bem ter se remetido à menina no título, pois o telespectador entendeu que foi ela a responsável por descobrir que o “essencial é invisível aos olhos”.
Poderíamos fazer muitas reflexões e comentários sobre o filme, afinal, como toda obra filosófica, há muitas questões feitas e respondidas. Gostaria de destacar apenas um ponto que, para mim, ficou evidente e que, na hora, me lembrou do Papa Francisco. Por um lado, o Papa tem falado muito sobre a importância que deveríamos dar às pessoas mais velhas e, por outro, é evidente seu amor pelas crianças quando as beija nos Angelus na Praça São Pedro.
Assim, o Papa consegue ligar por seus ensinamentos as fases mais frágeis do homem: a infância e a velhice. O filme, por sua vez, ao relacionar a vida da menina com a do velho aviador, mostra o quanto essas fases têm a se somar. E mais, mostra que o Papa estava certo ao evidenciar de forma sutil que essas fases têm em comum a pureza, a sabedoria simples, a sinceridade, dentre outras coisas.
Não quis tratar sobre as frases epigrafais que o filme ecoa da obra de Saint-Exupéry porque, a maioria das pessoas, diferente de mim, deve ter lido O Pequeno Príncipe e, se não leu, recomendo vivamente que o leia. Porém, como poucas vezes fiz na vida, acredito que o leitor do nosso blog deveria assistir antes à versão cinematográfica de Mark Osborne. Afinal, testemunho próprio: foram os olhos de Osborne que tiveram o poder mágico de fazer com que eu tomasse a obra de Saint-Exupéry como livro de cabeceira; pasmem: sem nunca ter lido uma linha sequer da obra original.
Fonte:Aleteia
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