Dos
diversos movimentos e corrupção
da natureza e da eficácia da graça divina!
ALGUNS PRINCÍPIOS DE ESPITUALIDADE 1 – Espiritualidade é viver o momento de graça - Deus pode e deseja de nós a entrega incondicional ao seu plano libertador! |
Senhor, meu Deus, que nos
criastes à vossa imagem e semelhança, concedei-nos a graça que declarastes ser
tão importante e necessária à salvação da humanidade: com ela venceremos a
péssima natureza, que nos arrasta para o pecado e para a perdição. Na nossa
carne sentimos a lei do pecado, que luta contra a lei do espírito e que nos
arrasta, como escravos dela, a obedecer à sensualidade não podendo resistir às
paixões, se não nos assistir Vossa Santíssima Graça a inflamar o coração. É muito
necessária a vossa graça e de Grande Graça, para vencer a natureza sempre
inclinada para o mal, desde a infância!
Jesus:
Filho conserva
diligentemente os movimentos da natureza e da graça: pois seguem direcções
muito subtis e contrárias que só a custo se podem discernir, mesmo por um homem
espiritual e interiormente iluminado.
É certo que todos os homens desejam o Bem que
com suas palavras e acções pretendem alcançar para si e para os outros; por
isso, muitos se deixam enganar e enganam os incautos, com essa aparência de bem
que desejam propagar, deixando-Me fora dos seus projectos sinistros!
Escuta Filho:
A
natureza é astuta; arrasta, enreda e engana a muitos e só a si mesma
tem como fim!
A graça procede com simplicidade:
evita a sombra do mal, não arma intrigas, nem usa de enganos e tudo faz
puramente por amor de Deus, no qual
descansa como em seu fim último.
A natureza tem horror à morte, não
quer ser oprimida, nem vencida, nem estar sujeita, nem submeter-se
voluntariamente a outrem.
A
graça entrega-se à mortificação própria, resiste à sensualidade,
quer sujeitar-se, deseja ser vencida; não quer gozar da sua liberdade; quer
viver debaixo da disciplina, não cobiça dominar o seu semelhante e aspira a
viver e permanecer sempre debaixo da dependência de Deus e estar pronta, para
se submeter humildemente a toda criatura humana, por amor de Deus.
A
natureza trabalha por seu próprio interesse e tem os olhos no proveito que lhe
pode vir dos outros. Enfatua-se com as honras e considerações
que lhe prestam, pois gosta de receber honras e homenagens.
A
graça, porém, pondera não o que lhe seja útil ou cómodo,
mas o que a muitos seja proveitoso, atribuindo a Deus fielmente toda a honra e
toda a glória.
A
natureza teme a confusão e desprezo; e a
graça alegra-se de sofrer injúrias
pelo nome de Jesus.
A
natureza deleita-se na ociosidade e descanso do corpo; enquanto a graça não pode estar ociosa e abraça
com prazer o trabalho.
A
natureza gosta de possuir coisas curiosas e elegantes e tem
horror às vis e grosseiras; enquanto a
graça se deleita com as coisas simples e humildes, não despreza as
grosseiras, nem foge de usar vestidos usados.
A
natureza ambiciona os bens temporais, alegra-se por um lucro
pequeno e mesquinho, entristece-se com os prejuízos e irrita-se com uma breve
palavra injuriosa.
A
graça cuida dos bens eternos, não se prende aos
temporais; e não se perturba com a sua perda, resignada perante os ultrajes,
posto que tem o seu tesouro e sua glória no Céu onde nada perece.
DEUS MUDA "A LEI DA NATUREZADA"OU A VIDA DE UM SER HUMANO EM FRAÇÃO DE SEGUNDOS(seja para o Bem ou Mal,só vai depender da reação ... A natureza é avarenta, recebe com mais gosto do que dá; ama as coisas próprias e inveja as alheias; inclina-se para as criaturas, para as vaidades e a exibição. |
A
graça é generosa e caritativa, evita as coisas
singularidades, contenta-se com pouco e julga que há "maior felicidade o
dar que o receber"( At 20,35). Conduz-nos
a Deus e à virtude, renuncia às criaturas, foge do mundo, aborrece os desejos
carnais, corta pelas saídas inúteis e tem vergonha de aparecer em público, sem
necessidade.
A natureza recebe com alegria as
distrações exteriores que recreiam os sentidos; tem sempre em vista o interesse
e conveniência própria, não faz nada gratuitamente, pois espera sempre tirar do
bem que faz uma vantagem igual ou melhor
ou então em louvores ou favores e deseja que dêem grande
importância às suas acções e dádivas.
A
graça só em Deus procura sua consolação e elevando-se acima das
coisas visíveis, só em Deus se quer recrear, não procura interesses temporais,
nem ambiciona outra recompensa , fora de Deus e o que de temporal possa existir só o deseja
na medida que possa servir para alcançar
a vida eterna.
A
natureza preza ter muitos amigos e parentes, gloria-se de ter posição
elevada e uma ascendência nobre, adula os poderosos, lisonjeia os ricos e aplaude
os da sua classe.
A
graça ama até os próprios inimigos, não se desvanece com a
multidão dos seus amigos; não dá importância à posição e nobreza, nem à família em que nasceu
a não ser que lhe seja unida em maior virtude. Favorece mais ao pobre
que o rico; tem mais compaixão do inocente do que do poderoso; procura os
sinceros, foge dos enganadores. Exorta sempre os bons a aspirarem sempre a
maior perfeição e a tornarem-se semelhantes, pelas virtudes, ao Filho de Deus.
Não atribui a si bem algum, atribui tudo a Deus, como fonte de onde tudo dimana;
não questiona, nem prefere a sua opinião à dos outros, mas submete todas as
suas ideias e sentimentos, em todo o juízo e parecer se sujeita à sabedoria
eterna e ao juízo de Deus. É indiferente a novidades e curiosidades, porque
sabe que tudo isso nasce da corrupção antiga, visto não haver nada de novo e durável sobre a terra.
A
natureza atribui tudo a si, por si combate e porfia. Anda
à procura de segredos e de novidades: quer exibir-se em público e experimentar
muitas coisas pelos sentidos; deseja ser conhecida e procede com intuito de
conquistar louvores e admiração.
Finalmente, a graça ensina a refrear os
sentidos, a fugir da vã complacência e ostentação, a
furtar-se humildemente aos louvores de
uma justa admiração e a buscar em todas
as coisas e ciências, proveito espiritual e a procurar em tudo o que sabe a
honra, o louvor e glória de Deus. Não pretende que a elogiem, nem às suas obras,
mas que Deus seja louvado em seus dons que Ele dá a todos por Caridade.
A graça
é pois uma luz sobrenatural e um dom especial de Deus; é, sobretudo, o sinal
dos escolhidos e o penhor da salvação eterna que eleva o homem das coisas
terrenas ao amor das celestiais, e de o homem humano, o torna espiritual.
Porquanto mais a natureza for dominada e vencida, tanto maior serão as graças e
mais o ser humano se irá reformando de Deus.
Mesmo seguindo este caminho,
filho, Deus é Eterno, Omnipotente e infinitamente Poderoso, opera prodígios
admiráveis e incompreensíveis no Céu, na Terra e nas Profundezas dos Abismos e
nenhum ser humano pode compreender as suas Obras!
Se as obras de Deus fossem
facilmente compreendidas pela razão humana, então não seriam admiráveis, nem
mistérios divinos!
Fonte: Adapt do cap: 54, 55 de livro III da Imitação de Cristo
Sem comentários:
Enviar um comentário