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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

FALEMOS AINDA DA IDADE MÉDIA!

Um Santo Rei e Cruzado não teme terroristas!

A seita do “Velho da Montanha” havia
 sido fundada por Hassan Ibn el-Sabbah um sacerdote persa zoroastriano que se instalou no Cairo.
A seita era conhecida como a dos “Assassinos”, e marcou o Oriente Próximo durante perto de um século. O terror que ela causava ficou condensado na frase de um poderoso senhor local: “Eu não ouso mais obedecer-lhe nem desobedecer-lhe”. 
Um outro senhor que recebeu uma mensagem do “Velho da Montanha” intimando-o a se render, preferiu demolir seu castelo, sabendo estar ameaçado de morte a qualquer momento e ser assassinado em caso de desobediência, talvez por algum de seus familiares, drogado com maconha. 

No ano de 1090, os membros da seita ismaelita dos “Assassinos” se apoderaram da fortaleza de Alamut (o “refúgio dos abutres”) nas montanhas da Pérsia.
A partir dali, eles estenderam progressivamente sua influência pela Síria e pela Palestina. Desde aquele rochedo inexpugnável, logo rebatizado, o “refúgio da riqueza”, os grandes mestres da seita governavam por meio de intermediários.

Pelo fim do século XII, um deles de nome Rachid el-Din el-Sinan, era tão poderoso que negociava de igual a igual com Saladino

Nunca foi anunciada a morte de algum dos grandes mestres. Visavam assim fazer que os adversários acreditassem que eram imortais. 
Os cruzados francos apelidaram o poderoso chefe da seita de “Velho da Montanha”. 

Os jovens sem rumo que eram recrutados pela seita dos Assassinos tinham que jurar obediência, ficavam fanatizados e drogados com maconha (haschisch). De ali provinha o nome Haschuschin, que deu o termo “assassino”.

A função do “assassino” consistia em executar todo aquele que se recusasse a pagar tributo ao “Velho da Montanha”.

Para garantir a fidelidade dos “assassinos” o grande mestre mandava drogá-los e conduzi-los a uns jardins maravilhosos ao pé dos muros de sua fortaleza. 
Lá, no meio de fontes e flores, mulheres pagas se ofereciam a eles. Quando “acordavam”, os esbirros garantiam a eles que tinham tido um antegosto do Paraíso de Alá!
Enganados, eles não temiam morrer ou mesmo serem despedaçados, e obedeciam cegamente. Os “assassinos” eram tão cruéis que seus inimigos ficavam aterrorizados. 
Onde eles estavam ativos, ninguém podia se considerar seguro, nem os camponeses árabes, nem os peregrinos francos, nem os poderosos senhores, nem mesmo os reis.
Uma madrugada, um sultão hostil à seita acordou com um punhal cravado na cabeceira da cama. Horrorizado pela sinistra advertência, ele aceitou logo pagar o tributo e exonerou os “assassinos” de pedágios e impostos em seus domínios.
Um Santo Cruzado não teme assassinos

Quando São Luis IX desembarcou em Oriente, os Assassinos eram uma potência inevitável. Aliás, já na III Cruzada, heróis como Raimundo de Trípoli e Conrado de Montferrato tiveram que entrar em certo acordo com a seita e engajaram conversações.
O Velho da Montanha reinava sobre um vasto território, mas mantinha relações de boa vizinhança com os cristãos. Ele praticava um Islã cismático aos olhos dos outros muçulmanos. Estava constantemente em guerra com seus correligionários e chegou a se opor violentamente aos sucessores de Saladino.

Quando soube da derrota dos cruzados em Mansourah, em fevereiro de 1250, o Velho da Montanha enviou mensageiros a São Luis IX, para que ele também lhe pagasse tributo.

“Os príncipes que vos precederam – mandou dizer o misterioso chefe da seita – como o rei da Hungria ou o imperador da Alemanha pagaram tributo ao sheik Al-Jabal para tê-lo como amigo, tu que foste vencido deves fazer a mesma coisa”.
E para mostrar o poder de seu mestre, os embaixadores exibiram a faca, símbolo de sua força, e o lençol em que enterravam suas vítimas.
O rei da França não só recusou o pagamento, mas exigiu “receber antes de quinze dias cartas e presentes de amizade”. A firmeza do Santo impressionou o grande mestre dos Assassinos.

Duas semanas depois, ele fez chegar ao rei da França seu anel e sua própria camisa “porque a camisa está mais perto do corpo que qualquer outra peça do vestiário, assim o Velho mestre quer estar mais perto do rei franco do que qualquer outro”.
E para dar mais força à seus sinais de amizade, lhe enviou também suntuosos presentes: um jogo de xadrez feito de âmbar perfumado e um elefante e uma girafa de cristal.

Em troca, São Luis lhe ofereceu joias e legou um embaixador permanente: o frade dominicano Yves Le Breton. Esse religioso eminente selou uma verdadeira aliança entre seu rei e o grande mestre dos Assassinos.

O “Velho da Montanha” hoje

A história dessa seita penetra o presente. Só os mongóis de Hulagu conseguiram vencer o Velho da Montanha e se apoderar da fortaleza de Alamut, em 1256. 
Desde então, a seita se dispersou pela Síria, Líbano, Irã e Índia. Porém, a seita ismaelita subsiste, e os descendentes dos grandes mestres ainda são venerados em nossos dias na pessoa do Agha Khan.

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Fonte: Blog “Gloria da Idade Média”

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