Entre os louvores que a Igreja põe sobre os
lábios dos sacerdotes para os dirigir a Maria,
Na recitação do ofício divino, há
um que volta várias vezes durante o dia e traz ao coração uma consolação toda
especial – É o de “Spes nostra, salve” (esperança nossa,
salve).
Há dois modos de depositarmos
nossa esperança em alguém, segundo o consideramos como causa principal, ou como
causa intermediária.
Aqueles que esperam algum favor
real, esperam-no do rei, como soberano, e do ministro como intercessor. E quando
o favor é obtido, é do rei, evidentemente, que o obtemos, mas pelo intermédio do
ministro. Aquele, pois, que solicita e espera uma graça, pode
dizer ao seu intercessor que ele é a sua esperança.
Deus deseja ardentemente
enriquecer-nos com suas graças; o seu coração quereria poder abrir-se todo, e
atear nas almas este “fogo que veio trazer à terra e quereria ver aceso por toda
parte”.
Entretanto, como condição
essencial, ele exige uma grande confiança de nossa parte. Ele
nos dará, mas é preciso confiar inteiramente nEle.
E é para aumentar esta
confiança, que Ele nos dá tudo o que pedimos à sua própria Mãe, como nossa
advogada e nosso sustentáculo. Ela recebeu todo o poder para ser o nosso
auxílio.
Aprouve-lhe exaltar assim essa
incomparável criatura, que, aliás, o amou e serviu aqui na terra melhor que
todos os homens e todos os anjos. Ele quer que ponhamos nEla a esperança
de nossa salvação; que dEla esperemos todo o nosso bem.
É, pois, com toda a justiça que
proclamamos Maria a nossa esperança, pois que esperamos obter por sua
intercessão o que as nossas preces não bastariam para nos obter sozinhas. Nós
lhe pedimos para que Ela supra por sua dignidade o que nos
falta.
Nossa
única esperança
Portanto, depositar a nossa
confiança em Maria e recorrer a Ela, não é desconfiar da misericórdia de Deus,
mas temer por causa da nossa própria indignidade.
Eu sou, diz Maria, a “Mãe da santa
esperança”.
Que outra coisa devemos esperar
que a salvação de nossa alma? Logo, é destes bens que
Maria é Mãe.
Maria é Mãe.
“Ela é mesmo a nossa única
esperança, diz Santo Afonso, porque na ordem atual da Providência
ninguém se pode salvar senão pela intercessão de Maria”.
Tal é, de fato, o plano de Deus
que todas as suas misericórdias passem pelas mãos de sua
santa Mãe.
santa Mãe.
Ele mesmo quis resgatar o gênero
humano, mas colocou o resgate de nossas almas entre as mãos de Maria, para que
dele disponha à vontade.
Por Ela veio Ele até nós, e
Ele é a fonte e a causa de tudo. Mas é por Maria que Ele quer que nos venham os
teus benefícios, todas as suas graças, e, sobretudo, todas as suas
misericórdias.
“Todo o bem nos vem por Ela, diz
Santo Afonso, e é por Ela que nós somos preservados de todo mal. Deus a
constituiu o nosso recurso aqui na terra, o guia de nossa peregrinação, a força
de nossa fraqueza, a riqueza de nossa pobreza, o fim de nosso cativeiro e a
esperança de
nossa salvação.
nossa salvação.
Ela é o nosso refúgio, a nossa
vida, o nosso socorro, a nossa força e a nossa esperança”.
Escutai a bela oração que lhe
dirige São João Crisóstomo:
“Se vós, ó Maria, desde a
eternidade fostes predestinada à dignidade de Mãe de Deus, é para que os
miseráveis, que não poderiam ser salvos segundo as leis da divina justiça, o
fossem pela vossa doce misericórdia e a vossa poderosa
intercessão”.
A grande função de Maria é afastar
de sobre a cabeça dos pecadores os castigos de que os ameaça a cólera
divina.
“Antes de Maria, diz São
Boaventura, ninguém havia que pudesse deste modo sustentar o braço vingador do
Eterno. E ainda agora, ninguém mais do que Ela é capaz de deter o seu terrível
gládio”.
“A mediação de Maria, diz Santo
Antonino, apazígua a ira do soberano Juiz, e faz descer sobre nós o perdão,
apesar dos esforços do demônio, em um negócio tão importante para nós. É como
que um processo entre Deus e o homem, e em que criatura alguma ousaria
intervir”.
Podemos, pois, dizer com São
Boaventura:
“Tivesse o Senhor pronunciado
contra mim a sentença de reprovação, eu sei que Ele não se pode recusar àquela
que o ama e o procura de todo o seu coração. Eu o estreitarei entre os braços do
meu amor; e, enquanto Ele não me tiver abençoado, não o deixarei ir; e, se Ele
se retirar, deverá levar-me consigo”.
“Como último recurso, eu me
ocultarei em suas chagas, e aí ficarei. Desde então, ser-lhe-á impossível não me
encontrar consigo.
E se o meu Redentor, por causa dos
meus pecados, chegasse a me expulsar de perto dos seus sagrados pés de Maria,
sua Mãe, e não me ergueria daí, enquanto Ela não me tivesse obtido o perdão.
Pois esta terna Mãe de misericórdia não sabe, nem jamais soube
recusar a sua compaixão às misérias dos homens, e repelir os infelizes
que lhe vêm implorar socorro”.
Ó Maria, toda misericordiosa,
volvei para nós os vossos olhos misericordiosos, pois nós somos vossos e em vós
depositamos toda a nossa esperança.
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Fonte: retirado do livro “Por
que amo Maria” do Rev. Pe. Júlio Maria de Lombaerde.
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