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quarta-feira, 18 de março de 2015

O DINHEIRO CORROMPE?

                                Estudos testam se o dinheiro torna as pessoas más                
                
António Belchior / Jogos Santa Casa


Será que o dinheiro torna as pessoas más? Foi esta pergunta que um professor de psicologia estudou, durante mais de uma década, chegando a uma conclusão que poderá (ou não) ser surpreendente.
Paul Piff, um professor de psicologia dos EUA, investigou a ideia de o dinheiro ser um factor de corrupção da ética humana, levando a cabo vários estudos e testes de laboratório ao longo de cerca de 10 anos.
Se há quem ache que as pessoas mais pobres tendem a ser aquelas que contornam mais facilmente as regras e a ser mais egoístas por causa da pressão financeira que sofrem, o trabalho de Paul Piff sugere precisamente o contrário.
O investigador apurou que os ricos é que se preocupam menos com os outros e que colocam quase sempre os seus interesses à frente dos demais, concluindo que ter dinheiro molda a moral das pessoas de forma negativa.
“Torna-te mais ligado aos teus próprios interesses, aos teus desejos, à tua própria riqueza. Isola-te, de certas formas, das outras pessoas, materialmente e psicologicamente. Priorizas as tuas próprias necessidades e os teus objectivos e ficas menos ligado a quem te rodeia”, constata Paul Piff em declarações à BBC.
“Se te puser uma caneta na mão e te pedir que desenhes um círculo para te representares, quanto mais rico fores, maior esse círculo será relativamente ao tamanho dos círculos que as pessoas mais pobres desenham de si próprias”, diz ainda este professor de psicologia.

Ele realizou diversos estudos em laboratório que indicam que as pessoas com mais dinheiro são mais capazes de fazer batota em jogos e de tirar doces reservados às crianças.
“Quanto mais rico és, menos generoso és. Dás porções significativamente mais pequenas à outra pessoa. As pessoas mais pobres foram significativamente mais generosas”, refere Paul Piff.
Assim, este professor de psicologia conclui que, quando somos ricos, precisamos menos dos outros, enquanto, sendo mais carenciados, precisamos da própria sociedade e das relações com os outros para sobrevivermos, o que nos torna mais solidários e bondosos.
Há outros estudos que contestam as ideias de Paul Piff, mas também há aqueles que vêm ao encontro desta ideia.
Numa pesquisa realizada em Hong Kong, Zhansheng Chen e Yuwei Jiang concluíram que sujeitos premiados em dinheiro, por qualquer objectivo cumprido são mais capazes de cometer transgressões morais, como fazer batota em exames ou mentir em currículos, se postos face a determinados dilemas éticos.
Uma investigadora da Universidade do Minnesota, Kathleen Vohs, também concluiu que o dinheiro motiva uma “mentalidade auto-suficiente”, por implicar uma análise do cálculo dos interesses individuais implicados, o que leva as pessoas a serem menos sensíveis às necessidades dos outros.
O que se pode concluir disto tudo é que o dinheiro, de facto, corrompe.
 

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