Foi nomeado nesta semana como presidente do painel do Conselho de Direitos Humanos da ONU ninguém menos que Faisal bin Hassan Trad, o embaixador da Arábia Saudita em Genebra. É mais ou menos como dar o Prêmio Nobel da Paz a Kim Jong-un, o “líder supremo da República Popular e Democrática da Coreia”.
A Arábia Saudita não fica muito longe da Coreia do Norte na lista negra dos dez países que mais abertamente pisoteiam os direitos humanos. Sua monarquia islâmica ignora totalmente o respeito pela liberdade religiosa, viola os direitos das mulheres e multiplica decapitações em público (tão numerosas que oito novos carrascos precisaram ser recrutados no mês de maio).
Os poucos adversários do regime não podem contar com a mínima misericórdia: o blogueiro Raef Badawi, por exemplo, foi condenado a 1000 chibatadas por “insultar o islamismo” e está preso desde 2010, e Ali Mohammed al-Nimr, preso aos 17 anos e hoje com 20, foi condenado à decapitação e, em seguida, a ter seu corpo crucificado e exposto ao público até apodrecer (!). Os motivos da sentença seriam “sedição”, “desobediência ao soberano” e “porte de armas”, além do pertencimento a uma organização terrorista; muito provavelmente, porém, o jovem foi condenado porque seu tio é uma alta personalidade xiita que não poupa críticas duríssimas à monarquia saudita absolutista.
Ali Mohammed al-Nimr teria “confessado” fazer parte de uma organização terrorista que jogou coquetéis molotov contra a polícia. No entanto, segundo a ONG Reprieve, que defendeu o rapaz, a confissão foi obtida sob tortura. Além disso, nenhuma prova dessas acusações pôde ser apresentada ao tribunal (que o julgou em condições de “segredo”).
O Conselho da ONU para os Direitos Humanos tem a missão de fortalecer e promover os direitos humanos em todo o mundo. É composto por cinco membros, um por continente, e seu presidente é eleito para um período de um ano. Foi nesta posição que a Arábia Saudita conseguiu colocar o seu embaixador depois de uma série de manobras obscuras começadas em junho, que não incluíram sinal algum de uma “súbita conversão” do país ao respeito pelos direitos humanos.
Para Hillel Neuer, diretor da ONG UN Watch, que motira os atos das Nações Unidas, “é escandaloso que a ONU designe um país que decapitou mais gente que o Estado Islâmico para presidir um grupo-chave de especialistas em direitos humanos. A Arábia Saudita tem os piores registros do mundo quanto à liberdade de religião e aos direitos das mulheres”.
Neuer é cáustico: “Esta nomeação da ONU equivale a colocar um piromaníaco na chefia do corpo de bombeiros da cidade”.
A propósito de credibilidade, vale observar que também fazem parte do Conselho de Direitos Humanos da ONU países como a Rússia, Cuba, a China, o Catar e a Venezuela, sem mencionar os inúmeros programas de apoio ao aborto no mundo inteiro.
É diante dessa carniça institucional que o papa Francisco tentará falar de paz na sede nova-iorquina da organização, hoje. Oremos
Fonte:Aleteia
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