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sexta-feira, 22 de abril de 2016

AS IMAGENS QUE FICARÃO PARA A HISTÓRIA DO SÉCULO XX

Refugiados e migrantes: a força das imagens

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Lesbos, Grécia | Mauricio Lima | The New York Times | 7.11.2015 | D.R.
Há fotografias que, de alguma forma, contribuíram para mudar a história porque foram capazes de inquietar as consciências, de suscitar a indignação da opinião pública e, por isso, de influir sobre a política.
Não sabemos se as novas imagens de refugiados e imigrantes premiadas com o Pulitzer e que narram a história destes dias difíceis - demasiadas vezes marcados por tragédias, com carcaças marítimas que se afundam, levando atrás dezenas, por vezes centenas de vidas - servirão para convencer os governos do Velho Continente a reabrir as fronteiras, a trabalhar para disponibilizar canais humanitários seguros, oferecendo acolhimento sem fazer muitos cálculos.
Certo é que testemunham até agora diante da história a hipocrisia de uma Europa débil e tudo menos unida. Mas testemunham também como o drama dos refugiados e migrantes permanece central na narrativa do hoje. Não é um acaso que precisamente alguns destes instantâneos - devastadores e todavia capazes de exprimir beleza até na tragédia - se tenham tornado símbolos. Porque nada mais do que uma fotografia consegue expressar a dramaticidade da realidade de crianças, idosos, homens, mulheres em fuga da guerra e da pobreza, situações tão desesperadas que não hesitam em arriscar a sua própria vida.
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Lesbos, Grécia | Sergey Ponomarev | The New York Times | 16.11.2015 | D.R.
A Europa e o mundo inteiro tinham-se comovido diante da fotografia do pequeno Aylan, do seu corpinho sem vida - parecia dormir -, lambido pelas ondas no areal de Bodrum, na Turquia. E dali partiu a primeira tomada de consciência da parte da comunidade internacional do drama que, na quase total indiferença, se estava a consumar no Mediterrâneo. Mas nacionalismos e interesses particulares quase travaram aquele extemporâneo, ainda que importante, movimento de acolhimento.
A Europa, que não tinha brilhado quanto à solidariedade com os países na primeira linha na frente da emergência, deu um posterior passo atrás, chegando a levantar muros aqui e ali, fechando e blindando as fronteiras. Mas que coisa pode parar quem não tem mais nada a perder? Nada. Contam-no outras fotografias tiradas ao longo das fronteiras da rota balcânica. E uma em particular, disparada por Warren Richardson Hope, premiada há alguns meses com o World Press Photo, resgata a força do desespero de quem foge à procura de futuro: de noite, um homem passa a outra pessoa um recém-nascido sob o arame farpado na fronteira entre a Sérvia e a Hungria. Também esta é uma das imagens símbolo daquela que o papa Francisco definiu como a maior catástrofe humanitária desde o fim da II Guerra Mundial.
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Croácia | Sergey Ponomarev | The New York Times | 18.9.2015 | D.R
Imagens a que se vão juntar as de um outro prestigiado reconhecimento jornalístico, o Pulitzer, que premiou as fotografias dos fotojornalistas do "New York Times" e da agência Reuters sobre o drama que se está a consumar no Mediterrâneo e nos Balcãs. O que fez o diário vencer o prémio foram sobretudo as fotografias de Tyler Hicks, Daniel Etter, Mauricio Lima e Sergey Ponomarev. Em particular aquelas sobre uma família síria, os Majid, em fuga da guerra. Lima e Ponomarev acompanharam os Majid durante 40 dias, viajando com eles de comboio, autocarro e barco, e sobretudo a pé.
A equipa fotográfica da Reuters, por seu lado, foi premiada pelas imagens tocantes de embarcações de migrantes em ilhas da Grécia. Fotografias que narram o medo e o sofrimento de uma viagem perigosa e extenuante, a angústia diante de uma cerca de arame farpado controlada pela polícia, mas também as lágrimas de alegria ao chegar a uma praia, a gratidão por uma mão que te salva, a ternura de um abraço a um filho amedrontado.
É preciso desejar que no futuro não hajam mais fotografias de refugiados e migrantes a premiar. Porque significaria que se teria encontrado uma solução para o problema. Mas é inútil ter demasiadas ilusões, pelo menos para o futuro imediato. A realidade, infelizmente, continua dramática. Como confirmam as dezenas de fotografias que as agências continuam a enviar diariamente das costas do Mediterrâneo e das fronteiras balcânicas. E que constituem outros tantos atos de acusação à fortaleza Europa.
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Mauricio Lima | The New York Times | 5.9.2015 | D.R
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Croácia | Sergey Ponomarev | The New York Times | 18.9.2015 |15 | D.R.

ImagemBudapeste, Hungria | Mauricio Lima |The New York Times | 1.9.2015 | 
ImagemIdomeni, Grécia | Mauricio Lima | The New York Times | 28.11.2015 | D.R.
ImagemFronteira Macedónia-Grécia | Mauricio Lima | The New York Times | 28.11. 2015 | D.R
ImagemSérvia | Mauricio Lima | The New York Times | 30.8.2015 | D.R.
ImagemMacedónia | Mauricio Lima | The New York Times | 21.11.2015 | D.R
ImagemLesbos, Grécia | Tyler Hicks | The New York Times | 1.10.2015 | D.R.
ImagemLesbos, Grécia | Mauricio Lima | The New York Times | 1.11.2015 | D.R.
ImagemKos, Grécia | Daniel Etter | The New York Times | 15.8.2015 | D.R.
ImagemYannis Behrakis | Thomson Reuters | 11.8.2015 | D.R.
ImagemLesbos, Grécia | Alkis Konstantinidis | Thomson Reuters | 13.9.2015 | D.R
ImagemLesbos, Grécia | Yannis Behrakis | Thomson Reuters | 19.10.2015 | D.R.
ImagemLesbos, Grécia | Yannis Behrakis | Thomson Reuters | 24.9.2015 | D.R.
ImagemKos, Grécia | Yannis Behrakis | Thomson Reuters | 12.8.2015 | D.R.
ImagemFronteira Sérvia-Hungria | Bernadett Szabo | Thomson Reuters | 27.8.2015 | D.R.
ImagemIdomeni, Grécia | Yannis Behrakis | Thomson Reuters | 10.9.2015 | D.R.
ImagemBicske, Hungria | Laszlo Balogh | Thomson Reuters | 3.9.2015 | D.R.
ImagemFronteira Áustria-Alemanha | Michael Dalder | Thomson Reuters | 20.10.2015 | D.R.
ImagemIdomeni, Grécia | Yannis Behrakis | Thomson Reuters | 10.9.2015 | D.R.Gaetano Vallini In L'Osservatore Romano", 21.4.2016 
Trad.: Rui Jorge Martins 
Fonte: Pastoral de Cultura:Publicado em 21.04.2016

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